Capítulo 2

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Rurik leva Salros e Arisolis para a fazenda da senhora. Chegando lá, eles a viram varrendo a entrada da casa. Quando eles chegam perto dela, Rurik exclama:

- Rurik trouxe ajuda – A senhora dá um pequeno pulo de susto por ter sido pega de surpresa pela voz retumbante de Rurik. Ela olha para o anão e desvia o olhar lentamente para os seres atrás dele. Sua visão é de um ser baixinho, de no máximo um metro e trinta centímetros trajado de um manto com capuz posto na cabeça e um outro ser muito alto, de cor roxa, trajando uma armadura de couro preta com a cauda pontuda balançando atrás.

A senhora volta se olhar para o anão e indaga:

- Quem são esses dois, Rurik?

- Rurik trouxe para ajudar com galinhas – disse o anão. A senhora fica com uma feição de dúvida. Eles iam mesmo ajudar com as galinhas?

Salros fica impaciente com a demora da resposta da senhora e toma a frente do anão.

- Bom dia senhora. Eu sou Salros, filho do Grande Ball e essa atrás de mim é a Arisolis, assistente de meu pai. Viemos aqui para ajudá-la a saber quem está roubando as suas galinhas e de toda a aldeia.

A senhora olhou para o gnomo de uma forma desconfiada. O filho do Grande Ball nunca aparecia na vila. O que ele estava fazendo ali?

- O que vocês poderiam fazer para me ajudar? – pergunta a senhora. Salros respira fundo e fala calmamente com a senhora:

- Vamos investigar para descobrir o que aconteceu com as suas galinhas.

A senhora suspirou profundamente e disse:

- Tudo bem. Mas o Rurik vai ficar aqui para continuar o trabalho.

Salros e Arisolis concordaram, mas Rurik ficou muito contrariado com isso. Ele também queria ajudar com as galinhas.

-Rurik quer ajudar com galinhas também – esbravejou o anão. Salros, Arisolis e a senhora se assustaram com a explosão do anão.

- Rurik, é melhor você ficar aqui com a senhora... – Salros olhou para a senhora esperando-a continuar. – Tina – ela completou. – Tina – continuou o gnomo. – para garantir que os outros animais não sejam pegos também.

Rurik se convenceu um pouco com a fala do gnomo, mas continuou insatisfeito. Porém ele acabou aceitando a condição. Salros se virou novamente para a senhora Tina:

- Nós vamos chamar uma amiga minha para ajudar também, senhora Tina. Ela é muito boa com animais. – Tina não gostou muito disso, mas resolveu aceitar. Afinal, eles já iriam lhe ajudar muito. Ela concordou.

Salros e Arisolis se despediram da senhora Tina e do Rurik e saíram da fazenda. Eles seguiram em direção a uma trilha que se adentrava na floresta ao redor das fazendas da vila.

- Salros, - começou Arisolis. – eu sei que você quer que o seu pai tenha orgulho de você e te note, mas não é fazendo essas coisas insignificantes que isso vai acontecer.

- Eu sei Arisolis – rebateu Salros. – Só que se eu não fizer nada vai ser pior. Meu pai acha que eu sou um inútil, se eu não fizer nem que seja um pouco aí que ele não vai me dar atenção mesmo.

- Mas galinhas? – reclamou a tiefling. – Você sabe muito bem que eu não gosto de me enfiar no meio do mato. Eu só estou aqui porque seu pai me mandou.

- Pare de reclamar Arisolis – disse Salros. – Nós não vamos nem ter trabalho.

Arisolis não disse nada sobre isso, mas sentia que não vai ser tão fácil como Salros estava pensando. Eles foram o resto do caminho em silêncio. Foram se embrenhando mais na floresta até chegarem em uma clareira um pouco aberta. No meio da clareira estava uma cabana pequena com vinhas e musgo nas paredes. Tinha uma varanda pequena, com filtros do sonho pendurados em ganchos no teto. Não dava para ver por dentro, mas a cabana tinha um cheiro de ervas e flores. Flores estas que cercavam a cabana em um padrão bem bonito. O ambiente exalava tranquilidade. Salros e Arisolis adentraram a clareira com certa familiaridade.

- Vall – chamou Salros. – Vall, você está por perto?

Ficou um silencio. Parecia que ninguém tinha ouvido. Logo depois uma figura apareceu do meio das árvores. Era um ser alto e com a pele pálida. Traços japoneses, cabelo liso preto adornado de flores. Era um ser magro com pernas um pouco finas, os pés descalços e sujos de terra. Vestia uma meia túnica na parte de cima e uma espécie de pano parecendo uma saia de cor amarronzada. Era a elfa Vall. Atrás dela vinham alguns pequenos roedores como se a seguissem. Ela avistou Salros e Arisolis e correu para abraçar o gnomo, que era seu amigo de longa data.

- Salros – exclamou a elfa tirando o gnomo do chão. – Faz tanto tempo que você não me visita. Achei que tinha se esquecido de mim.

- Eu estava um pouco ocupado – diz o gnomo ainda apertado no abraço da elfa.

- Ocupado? Você não me engana – exclama a elfa colocando o gnomo no chão. – Você estava enfiado naqueles livros de magia de novo. Mas tudo bem. Já que você resolveu sair da sua toca, e você também trouxe a Ari, vamos tomar um chá – disse a elfa se virando para a cabana. – Aliás, olá Ari. Você também não vem me visitar muito.

- Eu também tenho estado ocupada – disse Arisolis seguindo a elfa junto do gnomo.

- Sei – disse Vall com um ar desacreditado. – Esses seus compromissos.

Eles seguiram para a cabana de Vall. Dentro da cabana era pequeno, mas aconchegante. Tinha cheiro de ervas que dava uma sensação de calma. Não tinha muitos móveis. Tinha um banquinho de madeira servindo de mesinha para um vaso de flor. Várias peles espalhadas pelo chão como se fossem esteiras para se sentar. Várias plantas espalhadas pelas paredes e vários animais pequenos e insetos andando por ali.

Vall entra e vai para uma espécie de fogão no canto e pega um bule de água da bica que também tem ali.

- Então Salros, como que vai a vida? – perguntou a elfa colocando a água no fogão e fazendo o fogo surgir com um estalar de dedos. – Como está o seu pai?

- Meu pai continua o mesmo de sempre – diz Salros se sentando em uma das peles no chão junto de Arisolis. – Ainda dizendo que deveria estar aconselhando o Rei em vez de comandar a vila.

- Nunca gostei dele – diz a elfa olhando a água ferver. – Sempre se vangloriando por feitos que eu nunca o vi fazendo. Além disso, ele nunca ajudou a vila em nada. Sherá estaria muito melhor sem ele – completou a elfa tirando a água do fogo.

- Eu sei disso Vall – fala Salros fazendo as canecas feitas de barro flutuarem até ele e a Arisolis. – Mas ainda é o meu pai, você sabe que eu não gosto dessa sua forma de falar dele.

- Salros, você mesmo sabe que seu pai é assim – enfatiza a elfa pegando algumas ervas e colocando nas xícaras. – Mas eu não vou falar mais disso – diz a elfa colocando água nas xícaras. – Agora me digam, por que vieram aqui?

Salros conta o que aconteceu.

- Eu ouvi sobre isso de algumas pessoas da vila. Mas não achei que fosse um problema para que seu pai concedesse atenção – falou a elfa bebericando de seu chá.

- E não deu – respondeu o gnomo. – Eu mesmo que me ofereci para resolver isso.

- Entendi – diz a elfa, tendo uma ideia do porquê o gnomo tomou essa atitude. – Bom, eu posso te ajudar. Mas se tiver qualquer combate eu não vou bater de frente. Odeio briga.

- Não se preocupe – garante o gnomo. – Com toda certeza são criaturas fáceis de capturar.

- Tudo bem. Vou ajudar – responde a elfa.

Salros agradece e eles continuam conversando enquanto terminam o chá. Quando terminam, Vall faz as coisas se limparem e eles seguem em direção a fazenda da dona Tina.

O Conto do Guerreiro que ChoraOnde histórias criam vida. Descubra agora