MAY
Atualmente.....A água sempre foi um espelho maravilhoso, gosto do que vejo, sempre gostei. Embora meus cabelos agora estivessem sujos de terra. Sinto falta do brilho negro que possuem, do contraste que tem com meus olhos, verdes como esmeraldas. Combinava comigo, com minha pele bronzeada devido á grande exposição ao sol. Gostava também da minha roupa, justa valorizando minhas curvas, mas que me dava liberdade para lutar. Quando me olhava, encarava meu reflexo, conseguia enxergar quem eu era, alguém corajosa, destemida, extrovertida e solitária. Também uma bastarda, alguém que não deixava ser domada ou derrotada. Agora no chão, com sangue escorrendo pelos cortes que ganhei com as lâminas afiadas do macho que ainda estava de pé atrás de mim.
Apoiei meus cotovelos na terra e impulsionei meu corpo utilizando minha força. Fiquei de pé e me virei novamente para o macho. Ele me encarava com ódio no olhar. Os cabelos loiros, a pele clara, o corpo magro e da minha altura, com ossos longos e ombros finos ele aparentava ser um alvo fácil, não era como aparentava.
Saquei minha espada e corri até ele, que se defendia bem enquanto jogava as adagas e tentava perfurar minha pele com as lâminas afiadas. Eu desvia dos ataques, me protegendo e atacando ao mesmo tempo. Consegui acertar a espada em seu braço arrancando sangue. Chutei sua barriga e utilizei á espada para cortar seu rosto. Ele gritou de dor quando a lâmina atingiu seu olho. Eu o derrubei e agachei ao seu lado, para pegar o saco de moedas no bolso de sua calça. Estava pesado, dinheiro fresco! Seria perfeito para gastar depois. Me levantei e saí andando floresta á dentro enquanto balançava o saco de moedas, ouvindo o tintilhar do ouro se debatendo conforme o movimento. Seus gritos são dolorosos, rio com isso.
Ele era talentoso, um idiota, porém talentoso. Com certeza era jovem também, inexperiente. Um elfo jovem, que acabará de receber por seus trabalhos em devoção ao rei. Patético!
Me perguntei o que raios ele havia feito para receber tanto, mas ignorei esse pensamento, afinal eu já tinha o que queria!
As árvores altas ao meu redor, de troncos grossos e galhos extensos. As folhas grandes e úmidas da chuva que cairá á algumas noites agora estavam espalhadas pela grama graças a ventania descontrolada. Cada uma das árvores me era familiar, cada flor e todas as cores diferentes de uma mesma espécie. Lembrava de quando eu era pequena, andar por essa região, eu gostava das cores, das casas, das montanhas..... Sempre foi mais bonito do que á área dos elfos. Mas tinhamos algo que nenhum outro povo tinha, a confiança da rainha em pessoa. Ela dizia acreditar que os elfos eram o povo que precisávamos para guerrear, eu a odiava com toda a minha força, mas foi ela quem trouxe o comércio ao Nosso Mundo após algumas viagens ao mundo humano. Graças á ela eu poderia gastar todo o dinheiro em alguns alimentos e bebidas esta noite. Com sorte muitos bêbados estarão fazendo o mesmo!
Algumas famílias de fadas me encaravam ao me ver passar em frente ás suas casas. Eu apenas continuava caminhando sem me importar com o que pensavam. O sol batia em meu corpo, como as árvores eram mais distantes, essa região costumava ser a mais iluminada. Eu amava aquilo, uma das poucas coisas que continuei amando......o sol. Eu permiti que ele entrasse em minha pele. Preferiria estar com uma roupa mais curta, seria mais eficiente para absorver o calor e a energia que aquela grande esfera de fogo poderia me transmitir. Mas de qualquer forma, fechei meus olhos e deixei meu rosto mergulhar naquela sensação deliciosa por alguns instantes, permitindo á minha audição o controle total de meu corpo. Em todos as minhas 312 luas de existência nunca ne cansei do sol. Louvaria Wunfket até a minha morte por sua força. O deus do Sol e da Luz. O mais poderoso em minha visão; embora todos temessem OrrÜneo.
Finalmente cheguei á divisão da floresta. Aquele pequeno rio, uma parte que pertencia as sereias e todos os seres que viviam nas águas. A parte que pertencia á Tracapkk, deusa da Água e da Vida, deusa de tudo o que é Vital. Gostava de pensar que alguém tão poderosa comandava os mares, seria de bom grado ter tamanha aptidão!
Apenas saltei sobre uma árvore e inclinei meu corpo utilizando força para cair do outro lado de terra. O lado que eu costumava ficar; o que pertencia á Lorone, deus da terra!
As árvores altas, eram mais próximas aqui, sem casas de fadas nos galhos ou flores e mudas. Aqui é mais calmo. O sol ilumina apenas as copas das árvores e pequenas frechas de luz alcançam á terra. O cheiro de orvalho foi substituído pelo aroma fortemente doce de lírios. Conseguia ouvir vadïïes andando nos buracos das árvores com seus indizíveis dois centímetros. Nunca entendi, se podem tomar a forma do que quiserem, o tamanho que quiserem, qual a finalidade de continuarem minúsculos? Outra espécie completamente lorpa!
Não havia muito além disso. Já estava entardecendo e até mesmo os ativos costumavam se recolher conforme o pôr do sol. Turrünck era um dia entediante, até mais do que o normal, mas não por um motivo específico, apenas era assim.
Apertei o passo e em pouco tempo cheguei as cavernas noturnas. Gostava daquele pequeno vilarejo escondido. Alí não existia divisão. Todos podiam ir, bruxas, magos, fadas, centauros; embora elfos fossem á maioria. Apenas Fadïes e sereias eram excluídas devido as caudas, mas nada que um feitiço bem pago não resolva.
Os morros discretos, cobertos por grama e musgo verde não chamam atenção e embaixo deles salões e bares estão escondidos. Muita música, comida, bebida e seres distintos com muito dinheiro para gastar. Sempre foi fácil roubar deles, pegar sem que vejam, ou no máximo lutar com um ébrio que mal se mantém de pé.
Estava acostumada com noites inteiras assim, roubando, bebendo, gastando, trepando.... Mas principalmente ganhando!
Os jogos dos mortais eram sua maior riqueza! Apostar em jogos, manipular, roubar, apenas para pensarem que você tem sorte, então tomar o dinheiro de palermas que se atolam em dívidas por beber demais.
Entrei na terceira á direita, aquela que ía com mais frequência. O cheiro da madeira e eucalipto era quase escasso, tomado pelo cheiro de vinho, hectantols e lícor. O lugar estava lotado! Fadas conversavam e bebiam como loucos. Avistei uma fêmea de cabelos loiros, ela era a pureza em pessoa, parecia levitar com seus traços delicados, mas estava quase vomitando e não se mantinha de pé, outras, provavelmente amigas, ou bandos, a ajudavam como podiam, mas nenhuma estava sóbria o bastante. Bruxas e magos se amontoavam aos cantos, alguns centauros e beneïs buscavam seus serviços. Vários machos de minha espécie estavam sentados em grupos jogando enquanto algumas fêmeas os cercavam, alguma competição acontecia. E eu participaria dela!
Percorri o lugar até chegar na mesa grande onde os machos se debatiam e as fêmeas se entreolhavam com sorrisos nada discretos e comentavam sobre suas vitórias. Mão se tratava de nada mais nade menos que um jogo simples de poker. Um macho loiro, de olhos claros estava ganhando. Parecia ser algo fácil para ele, já para os demais.....
Eu encarava a mesa me atentando as jogadas e por Liravi eles jogavam mal! O loiro ainda tinha algumas táticas boas, mas se jogasse contra mim eu o venceria facilmente. O macho notou que eu o encarava e parou o jogo com um gesto rápido com as mãos.
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Nosso Mundo - A História Escrita Por Uma Ninguém
FantasíaMay é uma elfa, uma das muitas que vive sozinha no Nosso Mundo, é a rainha do combate e a Mestre em roubos. Mas em uma missão ela acaba descobrindo o verdadeiro motivo dos portais para outros mundos estarem sendo abertos. Existe algo muito maior qu...