Até que a morte nos separe

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Preto ou cinza.
Joana já trabalhava nessa área há alguns anos e, mesmo depois de tanto tempo, não conseguia descobrir se as bolsas em que os corpos estavam eram pretas ou cinzas.
Não tinha sido um caso muito difícil, pensou com seus botões.
Um vizinho que escutara gritos, um homem suspeito, uma mulher desaparecida.
A casa era um brinco, cheirava a desinfetante.
Não foi muito difícil de ver ao ligar a luz negra, o sangue, isto é.
Um caleidoscópio azul se revelou, manchas de ferro sob a luz.
Espalhadas por toda a casa.
Hemoglobina brilhante, gritante até.
Luminol que acabava de criar uma galáxia.
A suspeita, da parte dela, era de traição.
De ciúmes, por parte dele.
Homicídio, talvez.
A faca ainda estava presa em seu peito quando a polícia chegou.
Da mesma forma em que a bala ainda se encontrava alojada na cabeça dela.
Um desvairo descarado de pensamentos sãos jogados fora.
E pelo quê?
Por uma honra mais manchada do que o carpete da cozinha.

Crônicas raquíticas são chamadas de contos Onde histórias criam vida. Descubra agora