A garota da aldeia

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Havia uma garota.
Ela morava com seu pai e sua mãe em uma casinha da aldeia.
Todos os domingos eles iam à igreja para rezar.
Todos os dias ela dançava e rodava com seus amigos.
Ela cantava para as flores e conversava com os bichos.
Um dia, a garota começou a alimentar o fogo e brincar com a fogueira.
Ela cutucava as chamas com gravetos e escrevia palavras no ar.
Ao verem isso, os homens a chamaram de bruxa.
Acusaram-a de ser um demônio, vindo do inferno para causar caos.
Assustada e confusa, a menina correu.
Ela correu pela floresta enquanto era perseguida por tochas e forcados.
Galhos escuros e raízes grossas cruzavam seu caminho.
E enquanto corria ela chorava, implorando para que a deixassem ir.
Mas, ensurdecidos pelo ódio, nenhum deles a ouviu.
A garota então sentiu o vento batendo em seu rosto, e implorou para que ele a fizesse voar e a levasse dali.
Mas o vento não a respondeu.
Seus pés estavam cansados enquanto raspavam na sujeira do chão.
A garota então implorou para que o chão se abrisse e a engolisse, levando-a para outro lugar que não aquele.
Mas o chão não a respondeu.
Olhando ao redor a garota se lembrou dos pássaros e das abelhas que rodeavam as flores na primavera.
Em um ato desesperado ela implorou para os animais que a ajudassem, mas apenas os uivos dos lobos foram sua resposta.
Ela tinha certeza de que eles se banqueteariam com sua carne aquela noite.
Esse pensamento fez seu sangue gelar.
Foi quando vários homens se aproximaram.
Ela implorou de novo, esperando que eles se lembrassem de todas as vezes em que ela fôra gentil, de todas as missas que havia participado, todas as tarefas em que havia ajudado.
Mas nenhuma de suas palavras persuadiu os homens.
Eles a amarraram em um velho carvalho, na parte mais isolada da floresta enquanto ela soluçava e chorava por sua mãe.
Olhando para as nuvens no céu ela gritou, implorando uma última vez para que alguém fizesse alguma coisa.
Mas suas preces não foram atendidas, e, naquela noite, a menina queimou junto às centelhas que ilumanaram a escuridão.

Crônicas raquíticas são chamadas de contos Onde histórias criam vida. Descubra agora