Capítulo VII

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é aqui-diz Luka,me mostrando onde ele trabalhava e onde eu trabalharia,é uma lanchonete,na frente do estabelecimento está um cartaz com a seguinte frase

Vagas de emprego

-Tá pronta?

-Não

-então vai é força na peruca-nós dois rimos

-Literalmente-complemento ainda rindo,estou com uma peruca ruiva,para não ser reconhecida

-Me deseje sorte-digo abrindo a porta da lanchonete.

As empregadas arrumam o salão,todas as cadeiras estão sobre a mesa,ainda não abriram o comércio.Uma funcionária de cabelos loiros se aproxima de mim.

-Moça,só abrimos as 15:00,e ainda são 13:37

-Perdão,mas eu estou aqui a procura de emprego

-quantos anos a senhorita tem?

-16

-Ótimo,a sala do entrevistador fica no proxímo corredor á esquerda

-Obrigada-nem acredito que tive quer tão educada,vou em direção à sala do entrevistador,o apresentarei documentos falsos,anarka os arranjou para mim,não me pergunte onde,sei que não vou ser contratada,mas preciso tentar.Abro a porta da sala,o entrevistador está a minha espera,eu me sento,me apresento,e ele faz algumas perguntas,pede meus documentos e lhe dou os falsos,por fim ele me pergunta se não tenho alguma doença,como hipertensão,etc,eu o respondi que tinha asma,e por fim,eu fui contratada.Tudo correu bem,eu vou começar a trabalhar daqui a 3 dias,eu deveria estar saltitando de alegria,mas não,eu estou com medo novamente,uma mentira vai me desmascarar,mas eu não posso me esconder pra sempre.
Saio do estabelecimento,Luka não está a minha espera,ele já deve estar a trabalho,vou andar sozinha pelas ruas novamente.

Eu ainda sou a garotinha medrosa

××

Cheguei em casa,eu gostaria de chamar esse lugar assim,mas não,eu gosto dos que moram aqui,mas ainda não me sinto a vontade,eu sei que nunca vai ter um lugar onde eu possa me encaixar perfeitamente,mas este lugar deve ocupar um terço disso,é talvez os que moram aqui também não.
Anarka,está sentada em uma cadeira de praia,na entrada da casa barco,tocando uma guitarra,e não é a de Luka ou Juleka,é uma que eu nunca havia visto.

Não sabia que ela tocava

Minutos depois ela nota minha presença.

-Oi Milly,se saiu bem?-ela fala suavemente,já parou de tocar,mas ainda está com a guitarra em seu colo

-Sim-me sento em outra cadeira,próxima a dela

-Quando começa a trabalhar?

-Segunda,daqui a 3 dias-A tripulante sorri,ela bem extrovertida,diferente dos filhos.

-Hey garota!

-O que

-Eu tive uma ideia-ela levanta da cadeira e me olha com um sorriso malicioso

-E qual seria-Também sorriso
-Vai descobrir.

Ela me puxa da cadeira e me leva ao fundo do barco,digamos o porão ou sótão,não sei como me referir exatamente,e como sempre,lá tem tralhas.Normalmente,eu odiaria o fato de alguém guardar coisas inúteis.Mas oque Anarka guarda são discos,guitarras,fitas cacetes e uma bicicleta,aquilo é incrível.

-Está vendo essas tralhas

-Sim-Anarka procura algo pelas prateleiras,como sempre sorrindo.Vozes não ecoam no cômodo

-Anarka...-olho para ela com uma cara confusa,ou deprimida,não sei dizer ao certo

-Sim

-Você toca?- seu sorriso largo se desfaz dando lugar á uma cara deprimida

-Sim,desde os 8 anos

-Eu sei que só tenho 16 anos e cheguei aqui a apenas 3 semanas,mas se quiser conversar sobre,eu tô aqui-digo enquanto sento em um banco comprido.

Anarka sai de perto das prateleiras e vai em direção a mim,ela se senta ao meu lado e me olha por alguns minutos,eu realmente não esperava por isso

-Sabe,ninguém sabe quem foram meus pais,ou que eu tenho esse sótão,agora eu vou te contar.Bem,minha mãe morava nesta casa barco,ela era entregadora como o Luka,ela era uma fã do Rock,o meu pai era um jovem Rico,sua família era de empresários,e ele era um deles,eu nunca soube como os dois se conheceram,e não tenho muitas lembranças da infância,só sei que quando eu tinha entre 5 ou 4 anos meus pais se divorciaram,foi decidido que os dois dividiram a guarda,uma semana eu ficaria com minha mãe e a outra com meu pai,ele não cuidava de mim,estava sempre ocupado com reuniões,mas eu não me importava,eu era uma criança.Já com a minha mãe era mais divertido,um fia ela me apresentou este lugar,não havia metade dos discos ou coleções,ela era uma jovem colecionadora.-agora sei o porque de alguns discos da década de 20/30-Agora eu guardo neste lugar tudo oque me faz sentir bem,e essa bicicleta,era da sua irmã mais velha.Um dia antes do... acidente-uma lágrima rola minha face-ela veio aqui e disse que era para você...

-Mas,sobre o seu pai,ele já morreu né?se sim,você não ficou com a herança?

-Eu não fiquei com a herança,ele deu a um outro filho-ela suspira-mas deixa pra lá,sobre a bicicleta,eu vou te ensinar a andar nela.

Eu não havia pensado nisso

T R A U M A SOnde histórias criam vida. Descubra agora