- Desce daí. - Pediu; os olhinhos verdes mais incandescidos do que nunca pelo sol e pela imagem dela.
- Não posso. - Ela retrucou, dando de ombros, manhosa.
- Você não consegue? - Alfonso referia-se à Anahí na árvore.
- Consigo, claro que consigo. Mas é que é muito difícil para subir aqui de novo.
- Então não suba.
- Mas eu ainda não quero descer, Alfonso.
- Por que você complica tudo?
- Anahí!
Os dois tiveram suas atenções desviadas por uma voz feminina que chamava por Anahí. Deram conta de que Olívia procurava a filha.
- Por que você saiu correndo, Anahí? - Com as mãos na cintura, a expressão de Olívia revelava uma profunda repreensão.
- Não me sentia bem.
- Escute, precisamos buscar nossas coisas para trazê-las para um quarto aqui. - Determinou Olívia, coçando a têmpora.
- Como hóspedes? - Inqueriu a menina, desafiadora.
- Para, apenas para! Você não quer me tirar do sério, Anahí. Você não quer!
- Eu não vou buscar nada. Só buscarei alguma coisa se for para ir embora daqui.
- Chega! CHE-GA! Eu já tenho problemas demais para continuar lidando com uma garotinha impertinente e desaforada como você! Eu sou a sua mãe e acredite: estou fazendo o máximo que posso fazer agora por nós duas. Desça dessa árvore e venha aqui comigo! - Grasnou as últimas palavras, apontando o dedo à frente de seu corpo.
Vencida, Anahí desceu da árvore.
Alfonso observava, assustado, olhando para todos os lados como se precisasse entender o que lhe cercava. A menina teimosa, contrariada pela mãe, sorriu para ele, afetuosa. Abraçou-lhe o pescoço com seus longos braços, depositando um beijinho na maçã do rosto dele.
- Você é encantador. É a melhor coisa que o pa... - Anahí parou a fala abruptamente. - É a melhor coisa que o Alejandro já fez. - Separou o abraço, saindo com a mãe do local.
Alfonso, por seu turno, sorriu. Levou a mão aonde ela havia deixado um beijo. Acariciou, fechou os olhos.
"Por que ela parece uma descoberta?", questionou a si mesmo, correndo de volta para casa.
No quarto, Lola andava de um lado para o outro, intranquila. Não estaria satisfeita até cobrar explicações de Alejandro.
Afinal, que ideia era essa de ter uma governanta naquela casa? Ainda mais com uma filha!
O lema sempre foi conter despesas e fazer economias para aumentar o patrimônio. Todos que enriqueciam agiam assim.
Lola respirou fundo, acalmou-se e saiu em busca do marido. Ouviu ruídos no escritório, então parou, encostando a orelha na porta.
Patrick falava com alguém.
- Não vai me responder? Diga algo! - Lola franziu o cenho, espremeu mais a orelha na superfície de madeira. Patrick retomou a fala. - Por que está fazendo isso? Eu não mereço ao menos uma explicação?
O que ele dizia tornou-se inaudível. Lola percebeu que alguém se aproximava da porta dentro do escritório. Resolveu adiantar-se, batendo três vezes e pedindo entrada.
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Primeiro Cálice: Vinho Tinto
Fanfiction"Há, pelo menos, três coisas mais relevantes que o amor: a ambição, a loucura e a qualidade de um vinho. Quando se é jovem como eu era, o amor parece vir antes de tudo. Naqueles dias sombrios, fomos abrigadas, minha mãe e eu, por uma família empenha...