A manhã seguinte trouxe raios de sol intensos a invadir o quarto de Alfonso. Era cedo, mas a luz solar incandescia como se fossem dez horas da manhã.
Anahí abriu os olhos devagar, espreguiçando-se. Acordou exatamente na mesma posição em que dormira: com o rosto enterrado no peito de Alfonso. Olhou para o relógio na parede e este marcava quase sete horas da manhã, tarde para os padrões de uma vinícola. Precisava acordar Alfonso, mas não se sentia confortável em dar um beijo de "bom dia". Decidiu cutucá-lo na costela. Nada convencional, mas eficiente.
- Ai! Que maneira mais agradável de ser despertado, não? Não poderia ser com um beijinho? – Coçando os olhos, Alfonso massageava com a outra mão a costela apertada por Anahí.
- Bom, foi eficiente. Você está acordado. E convencido de que não deve viajar hoje, certo?
- Quanto a isso não tenho certeza...
- Que história é essa? Você vai ficar aqui comigo!
- Sem beijinho, sem certezas.
- Poncho, não. Nós já conversamos. Não estou pronta pra isso.
- Santa paciência! – Revirou os olhos. – Mas tudo bem. Por você, eu viro um santo.
- Você está com uma energia, vitalidade e disposição para esse tipo de coisa que eu desconfio que... a Angelique e você... bem, vocês... – Anahí sugeriu, mas Alfonso não a deixou terminar.
- Não. Ela até queria, mas eu não consegui.
- Por que você estava muito ocupado sendo meu para pensar em outro alguém?
Alfonso permaneceu impassível, sem mover um músculo para que ela não percebesse que estava certa. Não conseguiu manter a pose quando a viu rir. O riso iluminado impossível de resistir. Acabaram rindo juntos.
- Veja, precisamos encontrar uma boa desculpa para ontem. Ninguém pode saber que estávamos juntos. E temos que encontrar uma boa desculpa, também, para que você não viaje hoje. – Resolveu Anahí enquanto brincava com os dedos das mãos de Alfonso.
- Primeiro eu estou resolvendo se não vou mesmo viajar.
- Acaso já não te convenci de não ir? – Anahí soltou as mãos de Alfonso com força. Um biquinho de raiva logo se formou nos lábios dela.
- Eu claramente estou brincando, Anahí.
- E eu claramente estou ficando chateada. Mas vamos voltar ao que interessa. Faremos assim: você dirá que acordou bem doente hoje. Podemos pegar toalhas quentes e você pode tomar até um laxante para provar que passou muito mal mesmo.
- Laxante? É pra tanto? – Alfonso franziu o cenho, preocupado.
- Tudo bem, sem laxante. Mas dê seu jeito, o Alejandro tem que acreditar. E você tem que permanecer convalescente, pelo menos, até o fim de semana. Isso é para dar mais veracidade à coisa.
- Ok, quanto a isso está tranquilo. E sobre ontem à noite?
- Não vamos contar a ninguém, oras. Se Deus quiser voltarei para o quarto e a mamãe ainda estará dormindo. Só precisamos dizer que não nos vimos ontem, que não sei nada sobre você e tampouco você sabe sobre mim.
- Nem o Diego saberá?
- Eu não vou contar.
- Não sei, vocês andam tão grudados... Não me seria estranho se você o fizesse de confidente. – Alfonso deu de ombros.
- Você não precisa ter ciúmes do seu irmão caçula. Eu o vejo como uma criança, um irmão.
- Você me dizia a mesma coisa...
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Primeiro Cálice: Vinho Tinto
Fanfic"Há, pelo menos, três coisas mais relevantes que o amor: a ambição, a loucura e a qualidade de um vinho. Quando se é jovem como eu era, o amor parece vir antes de tudo. Naqueles dias sombrios, fomos abrigadas, minha mãe e eu, por uma família empenha...