Capitulo 5

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JOSH BEAUCHAMP

Engraçado como as pessoas acham que sabem ou estão preparadas para qualquer coisa que possa acontecer em sua vida como se realmente é possível ter controle sobre cada momento, é irritante, mas eu jurava saber sobre tudo em relação a minha vida, pelo menos até aquele momento que a vi.

Any Gabrielly me transmitia uma coisa tão estranha, algo que eu sequer tive mesmo quando estive com a única mulher que realmente amei em toda a minha vida e agora? Bem, era estranho porque eu me lembro de cada momento bom e ruim ao lado de Savannah e pensando nisso agora simplesmente não me causava efeito algum.

-Cara, você está calado o dia inteiro e isso é mais irritante do que quando você não cala a boca um segundo quando começa um assunto e se empolga sobre isso por dias ou semanas, o que está rolando dentro dessa cabeça coberta por um monte de cabelo? - Perguntou Lamar durante o almoço.

Bem desde o lance do orfanato 5 dias atrás os meninos basicamente meio que estavam todos morando de novo aqui em casa e era estranho como isso também me fazia tão bem como eu não estive em anos na minha vida, principalmente porque eles haviam ido embora logo após a morte de Savannah quando eu praticamente os expulsei da minha casa e por pouco da minha vida, mas é claro que eles nunca realmente saíram de perto de mim e eu os amava por isso.

-Eu não tenho espaço de verdade em casa para acomodar a Any adequadamente e eu não tinha me dado conta disso - Respondi encarando meu copo de suco sem realmente prestar atenção.

-Isso não está parecendo você chutando um de nós de nosso quartos, então sem joguinhos e só desabafa, por favor - Disse Bailey pousando o garfo em seu prato calmamente.

Respirei bem fundo em derroto, afinal eles me conheciam melhor que qualquer pessoa do universo e obviamente sabiam o que eu estava tentando dizer, mesmo assim era algo tão difícil.

-Não fala isso nunca mais Bailey May, eu fiz essa merda uma vez e garanto que me arrependo até hoje por tentar afastá-los da minha vida quando vocês nunca desistiram de me salvar de mim mesmo e minha infinita dor.

Falei tomando um longo gole da bebida de manga, eu costumava me dedicar às bebidas alcoólicas somente aos finais de semana ou quando estava de folga das responsabilidades das empresas e os meninos faziam a mesma coisa.

-Não importa que vocês tenham casa ou apartamento e precisam de privacidade às vezes e são todos bem grandinhos para conseguir morar sozinhos, esse lugar é a casa de vocês e isso nunca vai mudar. É a nossa casa desde quando a compramos, o que estou dizendo é que existe um quarto, mas eu não sei se consigo me desfazer do que....quando Savannah morreu....tirou a própria vida, isso acabou comigo e eu olho para aquele quarto e a dor de tê-lo ali acaba comigo, mas a dor de pensar em me livrar dele é muito pior.

Noah franziu a testa parecendo confuso por um momento com aquelas palavras, então parou seu garfo perto dos lábios antes de largar o talher, levantar e simplesmente me abraçar.

Ele entendia o quanto eu estava me esforçando para não desmontar ali mesmo e me entregar novamente à dor, principalmente por ser o único que sabia de verdade do que eu estava falando.

-Tudo bem, agora eu estou com medo do clima que se formou. O que está rolando? - questionou Lamar também largando o garfo ao me encarar.

Esse almoço seria longo...

-Josh, quer contar ou eu posso...? - Perguntou Noah me soltando, porém se mantendo ao meu lado sabendo que provavelmente eu precisaria de mais um ou dois abraços.

Um nó se formou em minha garganta e eu apenas balancei a cabeça.

-Josh ainda mantem o quarto da filha....a filha que ele teria com Savannah se ela não tivesse feito o que fez e tecnicamente precisaria se livrar do lugar para poder acomodar Any enquanto ela se recupera da cirurgia - Explicou Noah apertando meu ombro tentando me dar força.

Porra Josh, tu é homem e não vai chorar!
Ri por dentro com meus pensamentos.

-Eu posso ceder o meu quarto pra ela, problema resolvido maninho - Propôs Alex tentando agir com naturalidade.

Típico Alex.

-Eu já falei que isso está fora de questão irmão, não vou expulsar ninguém dos quartos ou da casa que também é de vocês e ponto final! - Insisti fechando minha expressão.

Alex revirou os olhos me encarando com uma cara tipo "Eu to foda-se pra você parceiro" e eu ergui uma sobrancelha o desafiando a continuar.

-E quem falou em me expulsar mesmo? Prestou atenção no que eu estava falando? Os pais fizeram isso quando eu tinha 18 anos, quando meu pai cismou que conhecer vocês
me transformaria num irresponsável sem futuro ou sem uma vida de verdade, acontece que você me salvou quando comprou esse lugar e juntou a galera toda.

Disse Alex com um pequeno sorriso e a voz levemente tremula pelas lembranças.

-E também foi graças a você que meus pais caíram em si quando viram o homem que me tornei não apesar de vocês e sim porque vocês todos são também minha família mais do que eles foram por anos e hoje praticamente imploram para que eu volte a morar com eles e venda ou alugue meu apartamento e eu sei que isso não vem ao caso agora, mas ainda assim era algo que eu precisava dizer por que, bem porque é a verdade, eu me sinto parte disso aqui, nossa família que sempre estará unida, o que estou querendo dizer é que você fez tanto por mim e pelos garotos e isso é algo que eu quero fazer por você se deixar. O que estou dizendo nesse momento é que vou ceder o meu quarto temporariamente para a Any até você dar um jeito para instalar ela adequadamente.

Encarei o teto tentando não deixar as lágrimas em meu rosto caírem, mas quando todos levantaram e me abraçaram todos ao mesmo tempo criando um abraço em grupo cheio de cumplicidade e apoio e aquilo foi tipo... Foda-se que estou chorando, até porque todos nós estávamos.

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1063 palavras



Daddy? Yes, your Daddy! (ADAPTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora