• life was a willow and it bent right to your wind •

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A aceitação de Kyra em relação aos seus sentimentos havia deixado a decoradora desnorteada.

Ela seguia encarando Alan com a respiração errática e a mente funcionando numa velocidade tão alta que era quase como se estivesse em branco, pois não conseguia nem processar os pensamentos que vinham em avalanche. A decoradora era uma confusão de sentimentos e estava à beira de um colapso, então tratou de focar em sua respiração para controlar a ansiedade.

Quando finalmente diminui o ritmo de seus pulmões, Kyra esfrega seu rosto e sabe que precisa tomar uma decisão, mas está verdadeiramente perdida. E tem plena consciência de que, por mais que ela precise, ela não tem condições de fazer isso naquele momento, não com sua mente ainda tão bagunçada. Ela sempre precisou de um tempo para entender seus sentimentos melhor, e considerando que ela nunca havia estado numa situação daquelas, gostando de dois caras ao mesmo tempo, dessa vez definitivamente não seria diferente.

Com essa constatação, ela deixa que o corpo caia novamente no seu lado da cama, ainda segurando o bilhete de Alan sob o peito.

Ela vira a cabeça para o lado e encara o loiro adormecido mais uma vez, um suspiro deixando seus lábios.

Eu não podia ter me apaixonado por você.

Alexia bem que tinha tentado avisar, mas ela nunca havia levado a sério. Luna também. E até a Bia e a Gabi, mas a morena não havia dado ouvidos a nenhuma delas. E agora... Olha só pra você, hein, dona Kyra? Pelo visto só eu não enxergava mesmo pra onde isso tava indo...

...Ou ela havia escolhido não enxergar. Porque, que a verdade seja dita, era bem óbvio que Alan era apaixonante. No fundo Kyra sempre soube disso, mas parte dela acreditava que seu amor por Rafael era mais forte que qualquer coisa. Durante anos ele esteve ali no fundo da sua cabeça e havia sido o suficiente para impedir que ela se apaixonasse por outra pessoa. Mas Alan... Alan era diferente. Ele fazia ela se sentir diferente. E isso era ainda mais confuso.

Se fossem sentimentos iguais, talvez fosse mais fácil apenas comparar suas intensidades, mas não era o caso. Ela não sabia explicar, mas as sensações que eles provocavam nela eram diferentes. Todas maravilhosas, mas não eram as mesmas, e ela não fazia ideia do que aquilo significava.

Kyra colocou o bilhete de Alan na mesa de cabeceira, dobrando-o com cuidado e apoiando abaixo de seu celular, e logo em seguida escutou a porta do quarto se abrir devagarinho. Ela se virou na direção do som e observou os dois rostinhos infantis se esgueirando pra dentro do quarto.

"Kyra?" Queen sussurrou daquele jeitinho não muito discreto, típico de crianças "Ta acordada?"

"Ela ta olhando pra gente, Queen. Claro que ela ta" Mosquito diz, impaciente.

"Ela pode ser sonânluba"

Kyra se segura para não rir, e então reprime toda a sua confusão amorosa para focar 100% nos dois. De alguma forma, mesmo nos momentos mais caóticos e preocupantes, eles conseguem trazer paz para a decoradora e roubar toda a sua atenção. "Eu to acordada sim, meus amores." responde, baixinho "E não sou sonâmbula não, pequena, acho que é essa a palavra que você tava procurando. Quer dizer, não que eu saiba pelo menos. Vocês tão precisando de alguma coisa?"

"A gente queria falar com você" Mosquito diz, meio tímido. "Pode entrar?"

Kyra olha de relance para Alan, e nota que o advogado está acordando, esfregando os olhos ainda meio desorientado. Já que ele já havia despertado, não havia muito porque se preocupar com o barulho incomodar, então ela assente para as crianças, que imediatamente correm em direção a cama, e puxa os dois pra um abraço.

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