O dia amanheceu, e o sol bateu suavemente em meu rosto, me despertando de imediato. Minha visão estava embaçada, meus olhos pesados e cansados, parecia que eu não tinha dormido nem um segundo. Aos poucos, fui acordando por completo e, quando percebi, estava em uma cama de hospital. Sobre a noite passada, eu só me lembrava de Chifuyu acordando e dizendo algo para minha mãe. Depois disso, só senti dor e mais dor. Como vim parar aqui? Foi ela quem me trouxe? O que aconteceu com o Chifuyu depois disso?— Bom dia, bela adormecida. — A voz dele, tão familiar e reconfortante, me fez sentir um alívio inexplicável. Por um momento, cheguei a pensar que minha mãe tinha feito algo com ele, mas logo me lembrei de quem ele era. Meu amigo era de uma gangue, ela não conseguiria fazer nada com ele.
— Chi, você está bem? — Perguntei, a preocupação tomando conta de mim. Os machucados que ele levou na festa estavam visíveis, roxos e com bandagens em algumas partes mais graves.
— Eu que deveria estar perguntando isso, olha o seu estado! — Ele respondeu, ainda mais preocupado que eu. E ele estava certo. Ao olhar melhor, vi que meu corpo estava coberto de hematomas, meu pé estava visivelmente quebrado, e sentia meu olho inchado. Sem falar nas feridas que nem consegui contar, escondidas sob a roupa.
— Ela bateu muito dessa vez, não é? — Soltei uma risada fraca, tentando amenizar a dor. O olhar dele, tão terno e carinhoso, fez com que eu me sentisse acolhida e protegida.
— Não se preocupe, de agora em diante, não vamos mais nos desgrudar, já que vamos morar juntos! — Ele falou com um entusiasmo que quase me fez engasgar. Eu não estava esperando por aquilo. — Ela nunca mais vai te machucar.
Morar juntos? Eu ia perguntar o que ele queria dizer com isso, mas uma sensação de clareza invadiu minha mente, e a razão pela qual eu apanhei ontem veio à tona. Minha mãe jamais me aceitaria de volta, mesmo que eu não tivesse culpa de nada.
— Minha avó... — Meus olhos se encheram de lágrimas, e senti a dor aumentar dentro de mim. — Diz que ela não morreu. Diz que era mentira... — Abaixei a cabeça, como se assim pudesse evitar o peso da realidade que caía sobre mim. Eu precisava ouvir que era uma mentira, que ela não tinha partido.
Sim, eu só queria ouvir que minha mãe estava apenas tentando me dar um susto ou que tinha inventado alguma desculpa para me agredir. Mas qual era a chance de isso ser verdade?
— Sinto muito. — Ele me envolveu em um abraço caloroso e cheio de carinho. Eu não podia aceitar, não podia acreditar que ela realmente havia partido.
— Minhas coisas, minhas roupas, onde estão? — Perguntei, tentando desviar minha mente da dor, buscando qualquer outro assunto que pudesse me afastar dessa realidade cruel.
— Já estão todas na minha casa. É só esperar você receber alta e então irá conhecer o seu novo lar. — Ele sorriu, tentando transmitir uma sensação de tranquilidade, mas algo dentro de mim se apertou ao ouvir a palavra "lar".
Novo lar.
Ficamos conversando por algumas longas horas que pareceram se estender por anos. Meu rosto doía a cada movimento, cada palavra que eu falava, mas ele não precisava saber disso. Quando a enfermeira finalmente entrou, ela me informou que eu poderia ir para casa, mas ainda precisaria de alguns dias de repouso.
Subir na moto de Chi foi uma tarefa difícil, com todos os meus ferimentos piorando a cada movimento.
Talvez eu nunca mais visse minha mãe, ou quem sabe, por um bom tempo, isso fosse algo que eu teria que lidar. De alguma forma, isso me dava um alívio. Estar na casa de um amigo que me ama era um refúgio. Mesmo que esse ser sempre me metesse em encrenca, eu não conseguia deixar de amá-lo. Ele era minha segurança, meu abrigo.
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𝐖𝐈𝐓𝐇 𝐘𝐎𝐔, nahoya kawata - EM CORREÇÃO
FanfictionDuas almas presas em um jogo de desejos não ditos e negações, incapazes de revelar o que realmente sentem. Para ele, a solução parece simples: uma relação aberta, sem rótulos, sem promessas - apenas momentos compartilhados. Ela aceita, mas o acordo...