9🧧

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Assim que abri a porta, ele ficou parado ali, me encarando como se fosse uma estátua, mas não com o mesmo olhar fixo de sempre. Algo nele parecia diferente, talvez mais pensativo. Ele entrou e se sentou no sofá com a calma de quem já conhece o ambiente. Olhei rapidamente para o relógio; Chifuyu tinha saído há pouco. Talvez fosse um bom momento para falar, ou talvez não. Eu não sabia o que esperar. O que ele vai dizer? O que eu vou dizer?

― Vamos lá, florzinha. ― Ele girava a chave da moto entre os dedos com um ar quase nervoso, seu comportamento parecia desconexo, como se ele mesmo não soubesse como começar. ― Sobre aquele dia... saiba que aquilo não mudou nada o que eu sinto por você. ― Ele parecia confuso, mais com a explicação que tentava dar do que com a situação em si.

Eu me senti completamente perdida. Como ele podia dizer isso? Se sente algo por mim, então qual o motivo de ter ficado com outra? Não fazia sentido. Eu tentava entender, mas nada parecia se encaixar.

― Ok, deixa eu tentar entender isso... como ficar com outra pessoa não muda o que você sente por mim? ― minha voz saiu mais ríspida do que eu pretendia, e uma raiva silenciosa se formou dentro de mim. Que merda é essa?

― Eu gosto de você, mas... eu não quero me comprometer. Não quero estar amarrado a você. ― Ele falava com aquela insegurança que me fazia questionar se ele mesmo acreditava nas palavras que estava dizendo. Alternava entre coçar a cabeça e estalar os dedos, como se estivesse tentando encontrar a melhor forma de justificar algo que, de algum jeito, ele sabia que não fazia sentido.

― Acho que entendi... ― Eu só conseguia me sentir mais estranha com cada palavra que ele dizia. ― Então o que você está propondo? ― minha voz era mais baixa agora, como se o que ele fosse dizer pudesse de alguma forma mudar o curso das coisas, ou pelo menos, me ajudar a entender onde estávamos.

― Uma relação aberta, totalmente livre. ― Ele disse com um sorriso meio sarcástico, esticando os braços, como se tivesse acabado de criar a solução mais brilhante do mundo. ― Você faz o que quiser, assim como eu. Ninguém precisa saber que estamos juntos. ― Ele me olhou com aqueles olhos desafiadores, tentando adivinhar minha reação, quase como se estivesse me testando, como se o que ele oferecia fosse uma oportunidade que eu não podia deixar passar.

Eu fiquei em silêncio, absorvendo a proposta. No fundo, eu sabia o que ele estava sugerindo. A ideia de uma liberdade sem compromisso, de uma relação sem rótulos, sem amarras. Mas, ao mesmo tempo, sentia um peso crescente no peito. Eu não sou desse tipo de pessoa, eu sei. E ainda assim, algo em mim dizia que, se eu aceitasse, poderia encontrar alguma forma de equilibrar essa confusão toda. Mas seria uma mentira, eu sabia disso. Eu não conseguiria ver ele com outra sem que algo dentro de mim quebrasse.

― Tudo bem por mim. ― Minha voz saiu quase sem emoção, como se eu estivesse aceitando um destino que já estava escrito. Dei um sorriso leve, mas não senti nenhuma alegria real nele. Ele queria isso, e talvez fosse egoísmo meu querer mais do que ele podia dar. Mas ao mesmo tempo não quero ficar sem ele. ― Como vai funcionar? ― Perguntei, tentando esconder o nojo que sentia só de imaginar como seria.

― Vamos continuar com isso. Mas, se estivermos em uma festa ou perto do pessoal, finja que somos apenas bons amigos. Isso é tranquilo para você, não é? ― Sua expressão estava calma, como sempre, mas era como se estivesse tratando a situação com uma naturalidade que me deixava mais desconfortável a cada palavra. Ele via tudo isso como algo simples, sem profundidade.

Eu me sentia vazia por dentro, mas fiz de conta que estava tudo bem. Fingir parecia ser a única opção, pelo menos por agora. Talvez fosse mais fácil seguir esse caminho e esperar que as coisas se resolvessem sozinhas.

𝐖𝐈𝐓𝐇 𝐘𝐎𝐔, nahoya kawata - EM CORREÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora