Capítulo 1

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Azriel

Estou sozinho na casa da cidade mais uma vez em menos de duas semanas, agora com Nyx beirando os 15 anos Rhys virou um pai totalmente babão. Oque me preocupa é os poderes de daemati que estão começando a surgir e ele simplesmente faz oque quer, principalmente com suas tias.

Duas semanas atrás ele fez Nestha dar alguns de seus livros para ele ler. Livros que ela não deixa nem mesmo Cassian chegar perto. Hoje é a véspera da queda das estrelas então é normal que todos estejam na casa do vento essa hora. Mas não me sinto bem há alguns dias, as sombras não me deixam em paz e não durmo por mais de duas horas há meses.

Estou na sala observando a lareira crepitar enquanto as sombras decidem me deixar alguns minutos em paz, quando escuto algo no andar de cima e me levanto com as sombras se agitando. A cada degrau o som fica cada vez mais alto e vi que a sala de tralhas da Feyre estava com a luz acessa.

— Droga. — ouço alguém murmurar e conheço aquela voz. Elain.

— Elain? — chamo do corredor. — Oque está fazendo aqui? — chego mais perto e vejo ela se endireitando.

— Ah, oi Az. — ela diz e vejo suas bochechas corarem, porra ela não sabe o quanto ela é linda. — Estou procurando umas luvas de jardinagem que a Mor me deu no solstício do ano passado, mas não estou achando. — ela diz voltando a procurar no meio das tralhas de sua irmã.

— Você não deveria estar na casa do vento? — pergunto. — Onde estão Nuala e Cerridwn? — as três não se desgrudavam, então era estranho ver Elain sozinha.

— Elas foram ver a queda das estrelas com a família, passei dois meses inteiros insistindo para elas irem. — ela diz de dentro do quarto — Mas e você, também não deveria estar na casa do vento? — ela pergunta.

Acho estranho esse comportamento dela, por mais que eu goste de estar perto de Elain, ela não é muito de falar com outras pessoas além de Nuala e Cerridwn. Minhas sombras se enroscam em torno dos braços de Elain, oque também é completamente incomum já que nos últimos 23 anos desde que ela e Nestha viraram Feéricas as sombras ao menos chegam perto dela. Ela bebeu vinho, Elain não é de beber e principalmente o vinho feérico. Então o comportamento dessa noite, está explicado.

— Elain, já passa das duas da manhã. Porquê você precisa tanto dessas luvas que a Mor te deu? — pergunto chegando mais perto.

Vejo que ela se estica e fica em silêncio, através de um espelho de dentro da sala vejo suas bochechas corarem e suas orelhas também. Ela fica completamente em silêncio até se virar de frente para mim.

— Nestha teve a brilhante ideia de sugerir para a Feyre um auto retrato individual nosso. Só que completamente nuas e para melhorar minha noite, seu irmão bastardo disse que com as luvas da Mor meu quadro ficaria maravilhoso. — ela bufa e suas bochechas ficam ainda mais vermelhas e sinto meu pau latejar dentro do couro da minha calça.

— E suponho que Mor apoiou a ideia mesmo que você não tenha tirado as luvas da caixa de presente? — pergunto e ela assente. — É aquela com lantejoulas rosa? — digo querendo rir, a Mor é péssima dando presentes, eu e Cassian temos uma caixa lacrada com cada um dos horríveis presente ganhos ao longo dos 540 anos que nos conhecemos.

Um silêncio bom se instala no ambiente e Elain me encara como se pudesse desvendar cada um de meus segredos mais obscuros que ninguém sabe. Desde que tentei beija-la alguns anos atrás e fui interrompido por Rhys na minha cabeça me dando sermão por tentar me aproximar mesmo Elain ainda estando apaixonada por aquele humano de merda e sofrendo por ter virado feérica, nunca mais avançamos nesse ponto. Não queria chatear Rhysand e muito menos, ultrapassar a linha do limite da irmã da minha Grã-Senhora.

Elain está vestindo um vestido lilás com alças finas e mangas transparente nos brancos e seu cabelo está preso com algumas prisilhas pretas. Para mim, ela sempre foi uma das mais bonitas das três irmãs. Ao longo de toda minha vida tive várias amantes, mas nenhuma desperta oque Elain faz eu sentir.

— Azriel. — ela diz se aproximando, sua voz sai rouca e faz minhas sombras recuarem e sinto minha asa formigar.

Sempre me perguntei porque o caldeirão não destinou Elain para ser minha parceira. Aliás, são três irmãs e duas delas são parceiras dos meus irmãos bastardos e arrogantes. O caldeirão não pode ser tão injusto assim, que a Mãe me salve.

Mesmo não tento o laço de parceria com ninguém, sinto algo por Elain e está ficando cada vez mais difícil esconder isso. Principalmente com ela tão próxima de mim e com minhas sombras agora gostando dela. Vou ficar maluco.

— Elain, nós não. — sou interrompido com um puxão em minha mente. Eu odeio o Rhysand, mas não é ele que está em minha mente.

Preciso que venha até a casa do vento, imediatamente. — Feyre diz através da minha mente.

— Oque houve? — pergunto e vejo Elain me encarando

— Você não vai gostar de saber. — Ela diz e desaparece da minha mente.

Respiro fundo e penso que merda aconteceu de tão importante para eles me atrapalharem quando finalmente iria beijar Elain depois de anos. Mesmo sendo meus Grã-Senhores, Feyre e Rhys sabem ser bem irritantes quando querem.

— Se segura princesa, não quero estragar esse seu vestido lindo. — Digo e nos atravesso para a varanda da casa do vento. E oque vejo não é nada bom.

Corte de Sombra e desejos - Elriel Fic.Onde histórias criam vida. Descubra agora