Quando Ashley encontra uma desconhecida.

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Quando a comissária de bordo pediu o meu tiquete para que eu pudesse embarcar, meu coração parou. A pausa entre as minhas respirações pareceu se estender por dias enquanto eu considerava a minha escolha. Eu ainda podia dar meia volta para casa, abraçar Jaden e prometer que nunca mais me distanciaria. Ou eu poderia realmente ir para Nova York, começar a minha vida do zero novamente. Sem Jaden, sem Riley, sem todas as memórias horrendas que se estendiam pelas paredes da Mansão Hossler.

"Senhora? Sua passagem?" A comissária pediu novamente, e eu ignorei que ela tenha me chamado de senhora. Respirei fundo e levantei minha mão, dando o pedaço de papel em minha mão para a mulher loira.

Ela destacou uma parte do tiquete e me devolveu, dando um sorriso caloroso.

"Bom voo." Ela disse e eu assenti, tentando forjar um sorriso. Entrei na cabine de embarque, dando uma última olhada para trás, antes de embarcar de vez em meu voo para Nova York.

As únicas coisas que eu carregava comigo era uma bolsa e o caderno de Jaden. Eu estava morrendo para ver o que ele havia escrito nas páginas, mas algo me dizia que não haveria um momento pior para ler isso que agora. Eu com certeza iria explodir em lágrimas se lesse as coisas que ele supostamente escreveu sobre mim.

Eu coloco a bolsa debaixo da cadeira da frente e o caderno no compartimento para revistas, já que ele não cabe dentro da minha bolsa. Encosto na cadeira e fico observando a Califórnia iluminada pela janela enquanto o resto dos passageiros ocupam seus lugares no avião.

Quando o avião decola, eu fecho meus olhos, mas não consigo dormir. Continuo lembrando da visão de Jaden de joelhos, chorando aos meus pés enquanto me implora que eu fique. Meu Deus. Eu realmente sou uma vaca.

Continuo a encarar o caderno, mas faço o meu melhor para ignorá-lo. Não é uma boa ideia ler isso agora. Após alguma resistência e algumas horas de voo, eu consigo dormir, e só acordo ao chegar em Nova York. Com a primavera se aproximando, o frio não estava mais tão presente, e o sol raiava no céu da cidade. O piloto anuncia a nossa chegada e pede que esperemos pela parada completa do avião antes de tirar os cintos. Como sempre, ninguém obedece e alguns até já pegam suas malas nos compartimentos. Nova iorquinos, sempre tão apressados. Quando o avião para de verdade, eu pego a minha mochila e me levanto, pedindo licença e querendo sair logo daquele espaço caótico.

Desco as escadas e estou andando para o ônibus quando me lembro de algo. O caderno. Meu Deus, o caderno. Eu o deixei no compartimento de revistas.

Desesperada, me viro e sube as escadas correndo, esbarrando em todos e pedindo desculpas que nem uma louca. Alguém pode ter pego, ou uma aeromoça ter jogado fora - Jaden nunca me perdoará e eu nunca lerei as coisas que ele escreveu para mim.

Eu esbarro em mais duzentas pessoas antes de chegar, ofegante, no meu assento. Levo a mão ao coração quando olho para o compartimento e não vejo o caderno ali. Eu abro o compartimento, tiro todas as revistas de lá, vejo no chão; nada. Não há nada lá.

Sinto vontade de chorar e enfio a cabeça em uma das minhas mãos. Não acredito que perdi aquilo.

"Senhorita?" Alguém me chama. Quando eu me viro, é uma senhora em seus cinquenta anos, e ela tem um olhar preocupado.

Eu fungo. "Sim?"

"Isso é seu?" Fla pergunta, e se vira para pegar algo em seu assento. Quando vejo o caderno de couro em suas mãos, quase começo a chorar de alívio.

"Ai meu Deus, sim", eu digo, pegando o caderno e abraçando-o como se ele fosse meu filho.

"Eu ia levar para o achados e perdidos, não confio nessas aeromoças. Elas roubam tudo para si mesmas." Ela sussurra como se me contasse uma teoria da conspiração. "Enfim, tenha um bom dia, Ashley."

six; jaden hossler adaptationOnde histórias criam vida. Descubra agora