Quando Cooper toma banho em público.

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"Como assim um mordomo?" Vinnie perguntou. Eu ri, pois ele teve a mesma reação que eu quando descobri que os Hossler tinham um mordomo. "Achei que isso só existisse em filmes."

Eu estava deitada na minha cama - que era de casal, e no mínimo duas vezes maior que a minha antiga -, conversando com Vinnie pelo celular, já há meia hora.

"É, eu sei. É bizarro. Um mordomo, duas empregadas, um cozinheiro, quinhentas mil babás." Eu disse, enrolando uma mecha de cabelo no meu dedo.

"E como eles estão te tratando?" Sua voz desceu alguns tons rapidamente, e eu sabia a o que ele se referia.

"Bem, eu acho." Eu mordi meu lábio. Jaden estava bem longe de estar me tratando bem, mas eu não esperava nada de diferente.

"Até o Jaden?" Ele perguntou e eu ri levemente.

"Não sei se o Jaden sabe o que significa 'tratar alguém bem', Vinnie."

"É..." Ele concordou.

"Mas eu vou ficar bem. Não se preocupe." Eu sorri, mais para mim mesma que para ele.

"Eu sei que você vai. Não sei se eu vou." Ele riu baixinho.

"Vou tentar voltar antes da Ação de Graças. Talvez daqui a dois finais de semana."

"Não se preocupe com isso, Ash. Nos falamos mais tarde?" Ele perguntou.

"Sim, claro. Te amo."

"Também te amo. Não deixe eles te perturbarem demais." Eu sorri e nós nos despedimos. Eu já sentia tanta falta de Vinnie e de Nova York. Tentei ligar algumas vezes para Josh mas ele não atendeu em nenhuma. Eu tentava me convencer que era porque ele estava ocupado com outras coisas, mas eu sabia que ele estava chateado com tudo que ocorreu ontem. Não foi a melhor forma de descobrir sobre o meu namoro com Vinnie, principalmente porque estávamos usando bem pouca roupa.

Toc, toc, toc.

"Posso entrar?" Minha mãe perguntou. Eu suspirei. Eu já estava naquele quarto há horas, tentando me distanciar da problemática família Hossler.

"Pode." Eu falei e ela abriu a porta, seu semblante preocupado como sempre.

"Oi," ela disse, sorrindo e sentando na beira da cama. "Vamos sair para tomar sorvete, pensei em comprar algumas coisas para o seu quarto novo. Ele é bem grande, né?"

"É." Eu respondi simplesmente e ela engoliu em seco, sem parar de sorrir.

"Quer ir com a gente?" Ela perguntou.

"Não." Eu respondi simplesmente e ela assentiu lentamente.

"Você vai ficar sozinha com o Jaden." Ela disse e meus olhos esbugalharam-se.

"Ah, não," eu reclamei. "Tá, tá bom, eu vou. Que saco."

Ela deu um sorriso leve. "Se arrume. Vamos sair em alguns minutos."

[...]

O sorvete estava bom. O tempo, lindo. Meu humor é que estava carregando suas próprias nuvens negras, com direito a chuva e pequenos relâmpagos em cima da minha cabeça. Mesmo com as gracinhas de Stacy e o bom astral das pessoas da Califórnia, nada apagava o fato de que eu não pertencia àquele lugar. Até do frio eu sentia falta; fazia muito tempo que eu não usava shorts, e a sensação do vento nas pernas chegava a ser estranho. Eu usava um short jeans claro e rasgado, junto com uma camiseta branca aleatória. Afinal, eu tive menos de dez minutos para me arrumar.

Eu estava sentada em um banco, tomando o meu sorvete silenciosamente, enquanto Ethan e minha mãe brincavam com Stacy em um parquinho, quando Cooper sentou-se ao meu lado.

"Oi." Ele me cumprimentou, seus olhos escondidos atrás de óculos escuros, assim como os meus. "Você parece tão feliz de estar aqui."

Seu riso leve não me fez rir com ele.

"Não estou." Eu dei ombros. Ele assentiu lentamente.

"Ainda estou com esperanças de que o nosso plano vai dar certo, mas você parece já ter perdido-a." Ele disse e eu suspirei.

"O que você quer? Me bater no meio do parque? Eu não perdi a esperança, só estou cansada. Foi uma noite longa. E ter que ficar sozinha no carro com Jaden também não ajudou no meu humor." Eu puxei meu cabelo para trás, frustrada comigo mesma e com tudo à minha volta. Eu não tinha notícias de Josh e de Lottie, Vinnie estava a três fuso horários de distância, e eu sabia que ia ter que lidar com Jaden no domingo - e no resto da minha vida. Ou, pelo menos, pelos próximos seis meses.

"É, desculpa por aquilo. Foi pelo plano. Mas, sinceramente, eu também não queria ir no carro com Jaden. Ele também tá de mau humor."

"Achei normal." Dei ombros. "Quer dizer, normal pra ele. Que é rude, babaca, escroto, etc."

Cooper achou a minha fala muito, muito engraçada, e riu como se não houvesse amanhã. As vezes eu me perguntava se ele tinha um problema mental, mas ele só tinha um ótimo humor... O tempo todo.

"Você vai se acostumar." Cooper disse. "Ou não. Mas eu espero que sim."

"Também espero que sim." Eu suspirei, jogando o pote vazio de sorvete na lixeira ao meu lado.

"Eles estão chegando. Devíamos fazer alguma coisa." Cooper disse, enquanto nossos pais caminhavam de volta para o nosso lado.

"Provavelmente." Eu suspirei. Não estava com muita paciência nem para fingir que estávamos brigando. Eu tomei um gole de água, bem longo, tentando acalmar meus ânimos. E tive uma ideia.

Virei para Cooper com uma cara de indignada, e ele me olhou como se perguntasse "o que?". Sem mais delongas, joguei a água bem na cara dele, e sai andando de volta para o quarto.

Assim, não foi muita água. Foi pouca. Foi mais pela cena, e eu estava me segurando para não rir enquanto lembrava da cara de choque de Cooper quando a água atingiu seu rosto e a sua camiseta. Eu pude ouvir minha mãe surtando de longe, e tentando me alcançar com passos rápidos.

"Ashley!" Ela gritou e eu senti meu sangue ferver ao ouvir meu nome. Eu joguei água no Cooper de brincadeira, mas queria jogar nela de verdade. "O que foi isso?!"

Eu parei de andar, e virei pra ela. "Preciso de vinte dólares." Eu disse, sem mudar meu tom.

"Que? Pra que?" Ela franziu o cenho.

"Para voltar para casa. Não vou voltar no carro com o Cooper." Eu disse e ela suspirou.

"Ash, não torne isso mais difícil que já é..."

"Não, mãe. Você não tem o direito de falar isso. Isso não é nem um pouco difícil pra você. Que tal da próxima vez você escolher um namorado que more perto, ou que tenha uma família mais agradável?" Eu perguntei e ela ficou boquiaberta. "Quer saber, esquece, eu mostro meus peitos pro taxista."

E saí andando. Ela me chamava, mas eu ignorei-a veementemente. Não estava com paciência para ela, ou para nada. Parte de mim queria voltar para a casa, me enterrar nos milhões de travesseiros e dormir até o ano que vem, mas a outra parte queria fugir para o mais longe possível daquela casa.

O problema era que eu não conhecia nada na Califórnia.

O táxi apareceu mais rápido do que eu poderia sonhar em Nova York, e eu abri a minha carteira. Eu só tinha dez dólares.

"Até onde eu consigo ir com dez dólares?" Eu perguntei e o taxista me encarou pelo retrovisor.

"Até onde você quer ir?" Ele perguntou de volta.

"De verdade? Pra Nova York. Mas vou ter que me contentar com a minha nova casa." Passei o endereço para ele. Ele disse que daria mais de dez dólares, mas que ele cobriria. É, isso definitivamente não acontece na Big Apple.

Eu sabia que estava bem longe de estar "fugindo dos meus problemas" ao voltar para a casa. Na verdade, eu estava correndo em direção a eles. Eu só podia torcer para que Jaden estivesse trancado em seu próprio quarto, e que ele me deixasse em paz até o fim do dia.

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six; jaden hossler adaptationOnde histórias criam vida. Descubra agora