Quando Ashley não consegue resistir à californianos.

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Vinnie apareceu no corredor alguns minutos depois de Josh ter ido embora. Eu ainda estava sentada contra a porta, e ele sentou-se silenciosamente ao meu lado, mantendo alguns centímetros de distância, só por segurança. Passaram-se minutos de silêncio, meus soluços sendo o único barulho existente, antes que Vinnie decidisse fazer contato. Ele pôs sua mão sobre a minha, virando seu corpo para mim. Ele, então, colocou sua outra mão no meu ombro, e eu desabei no seu colo. Enterrei meu rosto entre o seu ombro e seu pescoço, lágrimas escorrendo significativamente pelo meu rosto. Uma de suas mãos ainda segurava a minha, e a outra acariciava as minhas costas lentamente. Ele depositou um beijo no topo da minha cabeça, o que, por algum motivo, me fez chorar mais ainda.

"Ash, eu não suporto te ver chorar," ele sussurrou, seu tom preocupado. "Me diz o que eu posso fazer, por favor."

Eu só balancei a cabeça.

"Tem que ter algo que eu possa fazer," Vinnie insistiu.

"Faça o mundo parar de girar. Parece que, a cada grau que ele avança, mais problemas brotam na minha frente." Eu solucei e ele me abraçou mais forte.

"Se eu soubesse como, eu faria, por você." Ele murmurou contra o meu cabelo. Eu fechei meus olhos. As lágrimas continuavam a cair, e eu realmente queria que o tempo parasse. Mas ele não iria parar. Nem para mim, nem para Josh, nem para Lottie. O tempo não iria parar para ninguém.

[...]

Acordei envolvida nos braços de Vinnie, na cama. Meu rosto estava contra seu peitoral, e ele me abraçava pela cintura. Ele dormia tão pacificamente que fiquei com pena de me mover para desligar o alarme do meu celular, que estava perdido em algum lugar do quarto. Dito e feito, quando eu me movi, Vinnie entreabriu os olhos lentamente.

"Bom dia," ele murmurou, coçando os olhos. Eu achei meu celular de baixo de uma pilha de roupas, e desliguei o alarme. Meu voo para a Califórnia era em menos de duas horas.

Eu nem lembrava de ter vindo pro quarto. Minha última lembrança era de cair no sono em meio ao meu choro, nos braços de Vinnie, ainda na porta do apartamento. Ele deve ter me carregado até aqui depois.

"Bom dia." Eu respondi enquanto pegava a pilha de roupas que eu havia separado para o dia de hoje. O resto das minhas roupas já estavam empacotadas, com exceção das que eu usei ontem.

"Como está se sentindo?" Ele perguntou, obviamente preocupado. Eu balancei a cabeça enquanto dobrava as roupas de ontem para colocá-las na mala de mão.

"Bem, eu acho." Dei ombros.

"A mãe dele morreu?" Vinnie perguntou e eu engoli em seco.

"Não, mas ela está em coma." Eu suspirei e ele assentiu lentamente.

"Desculpa pelo meu comportamento ontem."

Eu olhei para ele. Olhar sonolento, as sobrancelhas franzidas em preocupação, sua boca sendo apenas uma fina linha enquanto ele mordia seu lábio inferior.

"Tudo bem. Eu não gostei das coisas que você disse, mas eu entendo você não... Entender a minha relação com o Josh." Eu disse, fechando a mala.

"Para mim, vocês ainda estavam brigados." Ele disse e eu dei ombros.

"Não. Ele me pediu desculpas, e eu não podia ficar brigada com ele depois que o câncer da mãe dele voltou. Ela é praticamente uma mãe para mim também. Nós namorávamos no primeiro câncer dela, e foi muito difícil para ele. Mesmo depois do que ele fez, eu não podia ignorar isso." Eu disse e Vinnie assentiu lentamente.

"Por que você não me contou?"

Eu mordi o lábio. Em nenhum momento o beijo entre mim e Josh pesou tanto na minha consciência quanto agora. Será que eu deveria contar?

"Não sei... Nunca veio à tona." Eu sabia muito bem que essa era uma péssima resposta, mas eu não tinha mais o que dizer. Não deixava de ser verdade; Vinnie nunca me perguntou sobre Josh, mas não é como se eu deixasse muito espaço para isso. Eu mesma nunca tocava no assunto.

Houveram três batidas leves na porta, o que me transportou de volta para a noite anterior. Inspirei fundo e caminhei até a porta, abrindo-a um pouco. Minha mãe apresentava um semblante cansado, que deixava óbvio a sua noite em claro na cirurgia.

"Oi," ela olhou para baixo. "Só queria ter certeza que você já tinha acordado."

Eu assenti. Não resisti e puxei-a para um abraço apertado.

"Me fale a verdade." Eu comandei. "Ela vai sobreviver?"

Minha mãe respirou fundo. "Não tenho como saber, mas... Se fosse apostar, diria que não."

Seu tom de voz embriagado de tristeza e sono carregava suas palavras com mais sentimentos ainda. Eu resisti à tentação de chorar novamente, e ela balançou a cabeça.

"Não vamos falar sobre isso, por favor. Era pra hoje ser um dia feliz. Por favor, vamos esquecer isso." Ela disse e eu assenti, por mais que eu pensasse em como poderia esquecer do fato que Lottie está em coma. "Vai se arrumar. Nós saímos em quarenta e cinco minutos."

[...]

O aeroporto estava cheio, como sempre. O calor que Vinnie transportava para mim por meio dos nossos dedos entrelaçados me fazia suar levemente por baixo de todas as roupas que eu usava. O tempo frio de Nova York me obrigava a usar um suéter por cima da minha camiseta preta, além das botas e da touca. Eu já podia imaginar o calor que estava fazendo na Califórnia, mesmo que já fosse inverno no Hemisfério Norte.

O check in foi rápido e faltava menos de quarenta minutos para o vôo, o que significava que eu tinha menos de dez minutos para me despedir de Vinnie antes que os portões se fechassem. Só esse simples pensamento já fazia os meus olhos encherem-se de lágrimas e os meus dedos segurarem o pingente do colar que ele me deu.

"Ash," ele me chamou, baixinho. Minha mãe olhou para nós dois e disse que ia ao banheiro e comprar uma água, mas todos nós sabíamos que ela estava nos dando privacidade. Eu me virei lentamente para Vinnie, meu olhar baixo enquanto eu tentava disfarçar a minha vontade de chorar. Só Deus sabe quantas vezes eu já tinha chorado na frente dele... Muitas, se levarmos em conta que só nos conhecemos por um mês. "Não chore."

Seus dedos seguraram no meu queixo, forçando-me a olhar para cima.

"Não estou chorando." Eu disse. "Não ainda."

"Eu te amo, demais." Ele murmurou, seus lábios próximos dos meus.

"Eu também." Eu murmurei de volta. "Me desculpa por ontem. Por... Não ter rolado."

Ele balançou a cabeça, suspirando. "Não pense nisso, você não tem porque se desculpar. Eu posso esperar. Sem pressa."

Seu sorriso leve me fez sorrir e corar.

"Isto é, se você conseguir se segurar." Ele me provocou e eu revirei os olhos, rindo.

"Você é tão irritante." Eu balancei a cabeça, puxando-o pela sua camisa para um beijo. "Mas eu te amo tanto."

"Não me troque por um californiano." Vinnie fez bico e eu ri.

"Ah, vai ser difícil. Todos eles são tão bronzeados e fortes... Aquelas camisetas da Abercrombie... Não sei se vou resistir." Eu suspirei dramaticamente e ele bufou. "Estou brincando!"

Ele riu. "Eu sei, eu sei."

Vinnie pressionou seus lábios contra os meus uma última vez. Sua língua se entrelaçou com a minha, tornando esse beijo muito mais intenso do que o aceitável em público, mas eu não podia ligar menos. Era a última vez que eu veria Vinnie por algum tempo e esse fato era quase como uma adaga no meu coração.

Nós interrompemos o beijo eventualmente, e eu tive de embarcar no meu vôo para a Califórnia. Já no avião, eu sobrevoava a cidade que ilustrou a minha vida inteira. Cada pedaço da ilha coberta por prédios e asfalto, o ar poluído formando quase que uma névoa, e tudo já parecia quase que no passado para mim.

Só uma coisa parecia sempre presente: o cara incrivelmente bonito do parque que me levou para comer churros, tomar Bloody Mary's e que capturou meu coração mais rápido do que eu achava possível.

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six; jaden hossler adaptationOnde histórias criam vida. Descubra agora