Quando Ash tem um visitante esperando-a em casa.

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O dia em Nova York estava lindo, apesar do outono que se alongava por fora das janelas do táxi. O clima gelado foi um choque na saída da Califórnia. Mesmo que fosse a mesma estação do ano lá, o clima era basicamente verão o ano inteiro. Aqui, em NY, nós realmente tínhamos estações do ano; você podia ver as árvores florindo na primavera, ficando amarelas no outono, verdes no verão e esqueléticas no inverno.

Ainda que não tivéssemos muitas árvores além do Central Park.

"Você conversou com o Jaden sobre o que ele disse enquanto almoçávamos?" Minha mãe perguntou. Ela passou a maioria da viagem em silêncio e só abriu a boca agora que estávamos quase no nosso prédio.

"Não. Ele obviamente só queria me irritar." Eu falei, sem parar de olhar para a paisagem urbana da minha cidade, tentando memorizá-la o máximo possível antes que eu tivesse que esquecê-la.

"Como ele sabia o nome dele?" Ela questionou, sua voz calma.

"Não sei, mãe. Ele deve conhecer o Vinnie de algum lugar, mas ele só estava me provocando. Foi só o que ele fez o final de semana inteiro."

"Tenho certeza que o que ele disse não é verdade. Me desculpe por ele, Ash, Jaden realmente é difícil de lidar. Ethan diz que ele se fechou muito depois da morte da mãe." Ela abaixou o olhar. "Ele não gosta de mim. Provavelmente acha que eu quero substituir a mãe dele, mas eu não quero. Só queria entendê-lo melhor."

"Mãe." Eu reprimi-a. "Ele não gosta de ninguém. E ele provavelmente não se fechou por causa da morte da mãe, e sim porque o pai deles não liga para eles."

Ela pareceu ofendida pelas minhas palavras. "O que isso deveria significar? Ethan é bem presente, Ashley."

Eu revirei os olhos. É, ela com certeza não conhecia o homem que estava se casando.

"Claro que é." Comentei, sarcástica. Ela abriu a boca para falar algo, mas recuou. Passamos o resto da viagem em silêncio até chegarmos no nosso prédio.

"Oh meu Deus, Ash." Ela estava boquiaberta e eu encarei-a. Ela se virou para mim, olhando nos meus olhos. "Você tem visita."

Olhando para fora da pequena janela do taxi, eu vi a ultima pessoa que eu esperava estar sentado nos degraus do meu prédio, me esperando.

Josh. Josh estava sentado nos degraus da entrada do meu prédio, com a cabeça baixa e as pernas balançando. Ele sempre teve esse TOC. Nunca ficava totalmente parado.

"Você deve estar de sacanagem comigo..." Eu sussurrei, quase que para mim mesma enquanto saia do táxi. Ele percebeu a nossa presença, claro, e levantou-se, limpando as mãos na calça. Suor? Talvez. Nervosismo? Talvez.

"Ash, eu posso mandá-lo embora, se você quiser." Minha mãe afirmou e eu balancei a cabeça, negando enquanto tirava as malas do carro.

"Não. Eu posso lidar com isso." Eu disse e ela assentiu, mesmo que eu pudesse ver o seu coração partindo-se. Ela sabia que eu não podia lidar com isso.

"Ok. Vou subir com as malas, então." Ela informou e eu concordei. Enquanto minha mãe saiu andando e passou direto por Josh, eu me virei rapidamente, passando uma mão pelos meus cabelos e suspirando. Eu realmente não podia lidar com isso agora. Em qualquer momento eu ficaria mais que feliz que dar quase que uma surra de esculachos em Josh, mas não agora. Eu estava a beira de um ataque no táxi só de pensar em ter que morar na casa dos Hossler todos os dias da semana, vinte e quatro horas por dia.

"Ash," Josh me chamou, sua voz baixa. Ele parecia um filhote de cachorro quando eu virei para encará-lo.

"O que você tá fazendo aqui?" Eu questionei e ele mordeu o lábio quase que automaticamente.

"Eu queria conversar com você." Ele explicou e eu revirei os olhos. Sério? Conversar? Achei que tínhamos decidido que isso era uma péssima ideia quando eu dei-lhe um tapa na escola.

"Já conversamos o bastante, não acha? Sério, Josh, vai para casa." Eu passei por ele, em direção ao prédio, mas ele segurou a minha mão para me parar. O calor de sua pele passou para a minha quase que em um choque e eu puxei a minha mão imediatamente. "Não me toca! Você perdeu o direito de me tocar, Josh. Por favor, vai embora."

"Ash, eu sei que eu fui um babaca, mas, por favor, eu preciso de você." Eu jurava que podia ver as lágrimas inundando seus olhos lentamente.

"Oh meu Deus, Josh, você não pode estar falando sério. Você também perdeu o direito de precisar de mim quando você fez aquelas coisas, e quando disse o que disse na escola." Os meus olhos eram um espelho dos deles. Eu realmente queria poder segurar as minhas lágrimas e não deixá-las cair na frente de Josh. Isso só provaria que eu sou fraca como ele me imagina, e eu não queria dar essa satisfação para ele. Mesmo assim, não pude evitar a adaga que partia o meu coração em dois ao ver Josh á beira de lágrimas. "Você não pode vir aqui e falar isso, Josh, não pode. Você me machucou muito, sabia?"

"Ash..."

"Te ver mentindo, me traindo todo final de semana. Saber que eu te amava, mesmo com tudo isso, e saber que você nem ligava para mim."

"Ash..."

"Eu não posso fazer isso, Josh, não agora. Esse é um dos piores finais de semana da minha vida. O único que supera-o é o de quando eu descobri sobre as suas farsas." Eu disse e ele abaixou a cabeça. Pude ver as lágrimas caindo de seus olhos, direto no concreto da calçada. As pessoas que passavam por nós não entendiam o que acontecia, e eu normalmente me incomodaria com o público, mas eu não teria essa discussão em nenhum outro lugar. De modo algum eu convidaria Josh para o meu apartamento.

Vendo que ele não estava mais em posição de falar nada, eu resolvi me retirar. Não demorou muito para as minhas lágrimas caírem; logo que eu virei de costas para ele, eu já podia sentir o meu rosto ensopado. Mas Josh não me deixou ir. Dessa vez ele não segurou na minha mão, ou chamou o meu nome. O que me arrastou de volta a ele foi a sua frase seguinte.

"Mãe... Hospital... Médico... Câncer." Ele disse entre soluços. O pouco que eu captei já foi o bastante para me alarmar. Eu virei automaticamente para trás, caminhando até ele. Ele ainda estava com a cabeça baixa e as lágrimas caíam expressivamente de seus olhos.

"O que você disse, Josh?" Meu tom era quase um sussurro. Eu ainda não me atrevi a tocar nele, mas ele muito me surpreendeu ao puxar-me para um abraço quase que esmagador. Ele chorava no meu ombro - ou melhor, no meu cabelo, devido à nossa diferença de altura. Não sou nenhuma vilã ao ponto de não me sentir comovida pelo seu choro, então, claro, chorei junto silenciosamente enquanto acariciava suas costas. "Josh, o que aconteceu?" Eu perguntei novamente. Ele demorou alguns segundos e algumas fungadas para finalmente conseguir me responder e, mesmo que eu já soubesse do que se tratava, eu não estava pronta para aquilo.

"Minha mãe... Ela voltou para o hospital, e o mé- Médico disse que o câncer dela voltou."

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six; jaden hossler adaptationOnde histórias criam vida. Descubra agora