Lou

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Adrien P.O.V

Minhas mãos tremiam. O medo estava me consumindo. Estávamos na sala de Hawkins, esperando ele voltar com informações. Louis chorava pelo susto enquanto Marinette tentava acalma-lo, o balançando em seu colo. Eu não podia acreditar que meu pai havia tido a audácia de fazer tal coisa. Meu filho poderia estar lá. Marinette poderia estar lá. EU poderia estar lá. Aliás, isso era provavelmente o que ele queria.

- Calma, amor! Bebês são sensitivos e você não está ajudando o Lou a se acalmar! - Mari falou, se aproximando de mim enquanto ninava Louis.

- Me desculpa... - murmurei, pegando o bebê no colo - Oi filhão... Papai tá te preocupando?!

Louis parou de chorar para prestar atenção. Essa criança tem apenas 17 dias e já faz esforços para tentar entender o que falamos.

- Viu, meu tesouro, papai está bem! - Mari passou seu braço pela minhas costas mantendo eu e Louis bem perto de si - Nós estamos bem! - ela deu ênfase, pontuando tal frase para mim.

Sorri de volta à ela. Antes que pudesse respondê-la, Hawkins entrou na sala com papéis.

- Parece que demos sorte hoje de vocês terem vindo para cá! A primeira coisa que, aparentemente, Gabriel fez foi ter ido em sua casa!

Um flash invadiu minha mente.

- Minha mãe...

- Ela está segura! Agentes estão distribuídos com a família de vocês! Fiquem tranquilos!

Exalei o ar preso de meus pulmões, deitando Louis mais para baixo em meu peito.

- Quanto a casa de vocês... Apenas o escritório e o quarto foi invadido... Ele estava em busca de alguma coisa!

- Nós?! - Mari indagou.

- Talvez, mas ele também revirou alguns documentos de Adrien.

- Documentos? - perguntei.

- Totalmente aleatórios! Qualquer coisa que esteja relacionado a você e...

- MINHA ASSINATURA! - berrei, algo que fez Louis chorar instantaneamente.

- Bom chute! - Hawkins apontou para mim de maneira divertida - Vou pegar mais informações e já volto. - ele saiu da sala.

Mari tirou o bebê de meus braços e ameaçou sair da sala, mas a impedi.

- O que foi?! - ela perguntou.

A olhei torto.

- Vou acalmar ele lá fora! - Marinette continuou.

- Não! - exclamei - Fiquem aqui! Por favor...

- Adrien, nós vamos no corredor, não para outro país! - ela brincou, mas permaneci sério.

- Mari...

- Ele está chorando, Adrien!

- Amamente-o!

- É o que eu ia fazer, querido! Mas você não me deixa sair!

- Mas você não precisa sair daqui para isso!

- Adrien! - ela me repreendeu.

- O que?! - ironizei - Já vi você fazendo isso milhões de vezes!

- Mas o Hawkins...

- Tenho certeza que ele já viu um peito ou uma mulher amamentando!

Ela bufou, se sentando emburrada em uma cadeira no canto da sala e puxando a blusa para alimentar nosso filho. Continuei olhando de longe, porque sabia que se eu chegasse perto, levaria alguns socos da braveza.

- Você deveria se colocar no meu lugar... - resmunguei.

- E você no meu, Adrien! - ela retrucou - Eu tive nosso filho há duas semanas, ainda sinto as dores do parto, meu peito está trincado e dolorido, não durmo bem há noites e você quer que eu me coloque no seu lugar?!

- Vocês são tudo do que me restou e agora que Louis nasceu, eu...

- Eu sei que quer nos proteger, gatinho, mas tem que dar um voto de confiança em mim e nesse lugar! Seu pai não vai aparecer na própria armadilha!

Pisquei algumas vezes, digerindo o que ela disse. Marinette tem razão, mas eu não consigo pensar na ideia dos dois longe de mim. Talvez meu pai não tenha feito nada de muito ruim a Mari e meu filho nesses dias que os manteve em cativeiro, mas nada o impede de fazer algo não muito bom, agora. Eu não o reconheço mais.

- Tudo bem, princesa! - respondi me aproximando.

Louis dormiu enquanto mamava, o que nos deu um tempo em silêncio sem um chorinho melindroso de um bebê.

- Que tal nós viajarmos?! - perguntei.

- Viajarmos?!

- Sim... Podemos ir para algum país tropical na América Central, bem longe de Paris! Tirar umas férias e levar seus pais e minha mãe...

- Adrien... - Mari levantou, ainda com Louis nos braços - Essa é uma boa ideia... Pra... Sei lá... Uns quatro anos daqui...

- Por que?!

- Porque Louis é muito pequeno! Ele não tem nem um mês! Não podemos fazer isso com ele! Fora que tem o trabalho e...

- Eu tenho o jatinho! Nós não precisamos ir em voo comercial!

- Adrien, não é isso!

- Vamos sair daqui, Mari! Ir o mais longe possível!

- Se o seu pai e Lila Rossi quiserem nos encontrar, eles nos alcançarão em qualquer lugar!

- Então que tal irmos para Espanha, não precisamos pegar um avião para isso...

- Não! Vamos ficar aqui, em Paris! Vamos achar o seu pai e vamos prendê-lo e entender o porquê de tudo! Não vamos fugir do problema, Adrien!

Respirei fundo. Eu sabia que Marinette é incontestável quando coloca algo na cabeça. Discutir nunca é a melhor opção.

- Certo... - bufei.

Mari riu do meu feito e estendeu a sua mão. Não entendi na hora a razão daquilo. A segurei entre meus dedos. Sua pele estava gelada, ela com certeza estava nervosa, mas não deixava isso transparecer. Marinette me puxou para perto dela sem que movimentasse demais Louis que dormia tranquilamente. Sorri de volta como um ato instantâneo. Eles são a minha família. Tudo para mim. A abracei, fazendo-a encostar sua nuca em meu peito. Nos levei até a única cadeira presente no canto da sala e a sentei em meu colo, entre minhas pernas.

- Sei que está cansada e quer dormir! - falei - Pode fazer isso! Eu estou aqui, ao seu lado, com vocês dois! Vou protegê-los, ok?!

- Ok! - ela murmurou, bocejando, em seguida, e fechando seus olhos.

Não pude conter o sorriso bobo do meu rosto vendo a cena diante de mim. Até mesmo quando Lou começou a se mover, indicando que estava acordando, ela permaneceu dormindo. Estava mesmo cansada.

Não demorou muito para que o bebê abrisse seus olhos. Louis não chorou, o que não acordou Mari. O peguei no lado esquerdo de meu corpo, enquanto que o direito eu mantinha minha dorminhoca.

- Oi filhão! - falei - Tá com frio?!

Louis piscou lentamente.

- Logo a gente vai no carro e você dorme na cadeirinha, tudo bem?! Só vamos esperar a mamãe acordar... - conversei com ele, como se ele entendesse.

- Mamãe já está acordada! - Mari sussurrou, com a voz embriagada em sono - Eu realmente quero ir para o carro. Lá é mais confortável e quente!

Assenti, me levantando.

- Eu só vou falar com Hawkins! Ver se ele tem mais alguma informação! - entreguei Louis à ela - Depois podemos ir para um hotel passar o resto do dia, ou da noite, que nos sobra!

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Missão em andamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora