Desenvolver

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Adrien P.O.V

Meu mundo começou a girar e desmoronar. Cravei meus dedos em Mari. Ela era meu único pilar diante disso. Não. Meu pai estava por trás disso?! Lila Rossi?! Quem mais das pessoas que confiei poderiam estar contra mim?!

- Lila é sua única noiva descente, Adrien! - meu pai cruzou seus braços e se aproximou - Você se casará com ela e assumirá o negócio da família com um descendente digno de verdade!

Meus olhos estavam arregalados. De medo, pavor, desconfiança, TRISTEZA.

- Eu deveria ter te colocado dentro desse mundo mais cedo... - ele continuou- Não deveria ter te poupado. Mas agora, tudo está entrando nos eixos! Nossos sócios voltaram ao grupo e meu filho continuará o meu legado.

- L-Legado?!  - tomei forças para questionar.

- Oh, Adrien, se existe uma coisa que da sucesso é se aproveitar de situações sem saída, assim como meu pai fez e o seu bisavô, tataravô e gerações passadas! - ele deu risada - Trabalhar com o contrabando, a venda de drogas e uma corrupção absurda vai contra tudo o que você lutava naquele quartelzinho de merda... Mas acredite, filho... Isso dá muito dinheiro e te coloca no topo da pirâmide social! Você irá adorar!

- C-Como pode?! C-Como OUSA?! - gritei.

- Eu sei que está em choque, Adrien! Eu também fiquei quando meu pai me contou! Mas quando você sentir o poder nas suas mãos, quando perceber com o que estamos mexendo, você se renderá a ideia!

- NÃO!

- Sim! Sei que irá!

- Você não me conhece! - esbravejei - Nunca entraria nessa! Nunca deixaria Marinette! - a segurei mais ainda, colada em mim. Ela não esboçava nada. Seu rosto estava em choque, simplesmente.

- Você vai se acostumar com Lila ao seu lado! Nem se lembrará dessa... Garota...

- Nunca! Assim como você nunca esqueceria a mamãe!

- Ah, meu filho! Saiba que sua mãe foi apenas um acordo. Uma parceria entre nossas famílias. Assim como você será.

Antes que pudesse retrucar, Mari puxou agarrou o meu braço, segurando sua barriga.

- Princesa?! - chamei, a posicionando entre meus braços e apoiando seu peso em mim.

- Logo logo, nada impedirá você de fazer o que é certo! De assumir o seu lugar. Logo esse bastardo irá embora.

Marinette foi amolecendo lentamente de dor. Ela queria gritar. Pude perceber pelos seus lábios forçados um contra o outro. Fui a deitando lentamente, apoiando seu corpo quase desfalecido em mim.

- O que você fez com ela?! - berrei.

- Nada que não seja natural. Sua querida esposa não é forte o suficiente para estar com você! Nem consegue manter o bebê no ventre!

Senti meu coração errar as batidas. Meu filho. Meu neném. A mulher que eu amo. Tudo estava escapando do meu controle.

- Diga que aceita, Adrien! Diga que assumirá seu compromisso e se casará com Lila!

Fiquei em silêncio apenas encarando Mari, enquanto a, ambos nós dois, chorávamos. Não queria que acabasse assim. Nossa história de amor. Ela deslizou a mão que segurava meu ombro até a palma da minha. A apertou, dando um sorriso leve, mergulhado em dor.

- Diga que continuará o meu legado! - Gabriel continuou.

Respirei fundo.

- Deixe-me levá-la para o hospital, pai! Por favor! - implorei - Por favor! Faça isso que... Assumirei esse assunto!

- A-Adrien... N-Não... - Mari murmurou.

Voltei minha atenção a ela. Esfreguei minha mão lentamente pela sua barriga pontundinha. A barriga que eu não via há muito tempo. Como eu amava fazer isso. Me sentir próximo dos dois. Com a outra mão, acariciei a bochecha dela, enxugando uma lágrima.

- Eu te amo! - sussurrei.

- A-Adrien...

- Eu aceito, pai! Só me deixe salvá-la e salvar o meu filho! Eu o garanto que os manterei longe e que terá o herdeiro digno dessa... Ação... - falei de modo certeiro, porém com muito medo e receio em meu interior.

- Não posso permitir isso! - ele cruzou os braços e virou as costas - Fico feliz que tenha se juntado à nós! Aproveite o resto do tempo com esses dois! Logo, nunca mais os verá!

Não. NÃO. Eu não vou permitir isso.

- Você está enganado, Gabriel Agreste! - aumentei o tom de voz - Eu não sou o seu filho! Não mais! Você me deserdou! Não pode me dar a responsabilidade de uma máfia que eu não assumirei. Eu sou o agente Adrien, prometi que seguiria a justiça até o fim de minha vida, e você, Gabriel, pai, está preso em nome da lei.

Me levantei, apontando uma arma para o meu próprio pai. Minha vida virou ao avesso muito rápido. Antes eu mal erguia a voz à ele, e agora, estou quase atirando nele.

- Como ousa ameaçar o seu pai?! - ele arqueou sua sobrancelha.

- Eu já disse, você não é meu pai! Você cortou esse laço!

Lila sacou sua pistola mais uma vez e apontou para mim. Mantive um olho em Mari, deitada no chão, desmaiada.

- Leve suas mãos à cabeça onde eu possa ver e encoste na parede! - ordenei.

- Lila! - meu pai chamou.

Ela por sua vez, mirou em Mari atrás de mim. Antes que algo acontecesse, atirei em sua perna.

- Filho da puta... - ela murmurou, se jogando no chão.

O tiro foi de raspão, mas o suficiente para que ela jogasse a arma para longe.

Saquei o walkie-talkie da minha cintura e chamei pelo agente Hawkins.

- Preciso dos reforços no salão sete! - falei - Estou com os líderes!

Permaneci com a arma apontada para os dois. Só a abaixei quando a porta foi aberta, dando espaço para uma dezena de agentes entrarem. Não acompanhei mais nada. Apenas me abaixei ao lado de Marinette e a peguei no colo.

- Ela está tendo contrações! - Jesse falou - Provavelmente está em trabalho de parto prematuro.

Gelei ao escutar isso.

- Ela está fraca demais para fazer isso, Adrien! Precisamos dela em um hospital para ontem! - ela continuou.

Assenti, indo para fora do pavilhão e a levando para o meu carro. Jesse veio logo atrás. Pedi para que ela mantivesse o olho em Mari enquanto eu dirigia para a cidade e fazia as ligações para contar que logo teríamos o limãozinho entre nós.

Queria estar fazendo isso em outra situação. Com Marinette acordada me acalmando, como ela faria, com a bolsa do neném pronta e com tudo preparado para quando voltássemos.

De vez em quando ela murmurava algo. Senti uma mão segurar de leve o meu braço. Virei para trás enquanto ainda mantinha o olho na pista. Era ela.

- F-Fica calmo! Tá t-tudo bem! - ela falou.

Levei uma mão sobre a dela e a acariciei como se estivesse concordando.

Teremos o nosso pequeno e o amaremos. Isso eu tenho certeza.
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Missão em andamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora