Piratas ao mar

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As estantes costumavam ser limpas todos os dias por minha mãe. Ela tinha esse costume e dizia que aqueles livros eram como a sua segunda família, sendo eu e meu pai a sua primeira. Mas, quando ela ainda costumava viver nesse plano, percebi que ela amava aqueles livros de uma forma incomum, algo que nem eu e nem ninguém poderia explicar.

Quando se é criança, tudo ao nosso redor é como um conto de fadas, contudo ao se tornar adulto, nós percebemos que na verdade, aqueles contos de fadas não existem e, provavelmente, nem irão existir, tudo não se passa de fantasias criadas pelas pessoas para fugir da realidade atual. Entretanto, minha mãe tinha certeza que talvez aquilo pudesse acontecer algum dia comigo, e fazia questão de sempre ler um de seus belos livros de sua biblioteca para mim, ao anoitecer.

Desde que ela se foi, a biblioteca sempre ficou trancada e poucas vezes foi limpa. Meu pai não gostava que eu ou outras pessoas entrassem e mexessem nos livros, dizia ele que era um lugar sagrado e apenas pessoas especiais podiam entrar ali.. Nunca entendi direito o porquê disso, e mesmo que eu o perguntasse, nunca me dava respostas diretas. Todavia, em algum momento da minha adolescência, ele percebeu algo em mim que talvez se lembrasse de minha mãe; amava livros. Sendo assim, ele resolveu abrir aquele cômodo trancado por tantos anos e me disse para usufruir dos vários livros que ali havia.

Enquanto eu arrumava e tirava a poeira de alguns livros, acabei encontrando um chamado: "As quatro fases da Lua". Ele tinha uma capa dourada, meio marrom, e embaixo tinha as quatro fases da lua. Sua capa por si só, já havia me deixado intrigada com o que poderia encontrar dentro daquele livro, sendo assim, após chegar em meu limite, peguei o livro e o levei para meu quarto.

Agora, sentada em um canto do meu quarto, de frente para a janela que dava de frente para o jardim, eu encarava o livro que encontrei mais cedo, pensando no que poderia encontrar ao abri-lo. Ao abrir, na sua primeira página, pouco dava para se ver, mas escrito com uma tinta preta, parecia o nome de alguém, e em baixo a sinopse do livro.

"Essa história não é mais um conto de fadas contado para crianças. Essa história se trata de um pirata, filho do famoso Capitão Gancho, aquele que perturbava a vida do famoso Peter Pan, para onde ele fosse; essa história conta sobre a jornada de Im Jaebeom, um dos maiores piratas da atualidade."

[...]

Tudo estava em completa escuridão. Meus olhos estavam pesados demais para abri-los, e minha boca estava seca demais para falar algo, parecia que eu estava a dias sem ter uma gota de água na minha boca. Aos poucos pude ouvir vozes de longe, todas desconhecidas, e também o barulho de ondas batendo no lugar em que eu estava. Por que diabos eu estava ouvindo barulho de ondas!?

Abri meus olhos rapidamente e me levantei bruscamente, ficando zonza logo após o ato. Olhei em minha volta, vendo uma mesa de madeira escura na parede oposta com alguns papéis em cima e um mapa enorme. O desespero tomou conta de mim, logo após perceber que eu não estava em casa e nem no meu quarto. Onde diabos eu estava? Eu estava lendo agora pouco aquele livro, por que eu estou aqui?

Sentei-me na beirada da cama e olhei para os meus pés — eu estava descalço —, olhei para meu torso e vi que eu ainda estava vestida com o fino vestido de dormir. Levantei-me, segui em direção a porta de madeira e a abri, encontrando a maior bagunça que eu já vi na minha vida. A frente, havia vários barris de madeira espalhados pelo local, juntamente com várias canecas e papéis espalhados.

Dei mais alguns passos para frente, saindo da parte coberta, e foi aí que eu percebi que estava em um navio... enorme. Olhei para cima, dando de cara com o céu azul e com o mastro do navio e suas velas. Um barco pirata, era onde eu estava. As vozes de antes foram se aproximando, fazendo com que eu desse três passos para trás, entrando no quartinho e me escondendo atrás da porta.

Navegando por livros e águas incomuns | JaebeomOnde histórias criam vida. Descubra agora