PRÓLOGO

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Dar à luz uma criança sem fazer barulho foi uma missão falha dada a Amy. Os gritos soltados pela mulher atraíram os guardas do rei. Ela e seu marido sabiam que, se algum dos soldados os encontrassem naquela floresta, seria o fim de seu povo.

A mulher olhou para sua pequena garota recém-nascida, seu pulso apresentava a marca de seu povo, uma lua crescente marrom, bem discreta, porém mortal se alguém do reino a descobrisse.

– Você tem que salvá-la. – A jovem líder sussurrou a seu marido, sua voz quase inaudível pelo choro guardado. – Ela é nosso futuro. Sua visão foi clara.

– Você também precisa sobreviver. – O homem pegou a menina com um braço e ajudou sua esposa a se levantar com outro. – Vamos.

A mulher se apoiou no homem que amava, esse era o momento que mais temia. Teria que se separar de sua filha e de seu marido. Ela havia se iludido, dizendo a si mesma que conseguiria proteger os dois e manter os dois em sua vida, mas sabia que o seu povo deveria vir antes de sua felicidade e isso significava, naquele momento, abandonar sua pequena recém-nascida.

Os dois andaram até uma parte da floresta, densa o suficiente para os guardas preferirem não se arriscar lá dentro, a jovem mãe estaria segura lá, mas não poderia ficar naquele lugar por muito tempo. A pele que guardara a marca de seu pulso já havia sido arrancada e sarado limpa, era quase como se ela pudesse limpar sua origem.

Seu marido lhe dirigiu um olhar que significava seu pior pesadelo, estava na hora de se despedir.

– Adeus, minha filha. – Ela sussurrou para a recém-nascida e deu-lhe um beijo na testa. – Salve-nos.

Depois ela se aproximou lentamente do homem e lhe deu um beijo nos lábios, suave e doce, não queria acreditar que aquele seria o último beijo deles, e não queria que o beijo refletisse aquilo.

– Encontro você quando o sol estiver se pondo, se eu não aparecer, grite por ajuda, você só precisa de uma oportunidade, nossos poderes funcionam aqui, coloque na cabeça de todos que é uma nobre e que sua casa foi massacrada por um reino vizinho ou algo assim.

A mulher acenou com a cabeça e lhe deu mais um abraço, puxando-o para mais perto como se aquilo, de alguma forma, pudesse impedir que os dois se separassem, eles fecharam os olhos enquanto se abraçavam na tentativa de eternizar aquele momento e, de certa forma, ele sempre estará eternizado no coração dela.

Ela observou o amor de sua vida ir embora. Seu coração indo junto a ele.

O homem caminhou apressadamente até uma cabana onde uma das mulheres de seu povo vivia, essa mulher conseguiu fugir dos guardas e conhecia aquela floresta melhor que qualquer um, se recusava a sair de lá e abandonar suas origens.

– Já estava esperando você. – Ela saiu da cabana, seus longos cabelos escuros amarrados em um rabo de cavalo.

Suas feições eram suaves, descarregados de preocupação, mas seus olhos refletiam a solidão e opressão de viver escondida, de fazer escolhas difíceis. Os olhos azul claros ressaltados pela pele bronzeada.

– Morgana, já previu o que irá acontecer?

Ela balançou a cabeça em confirmação. Eles dois eram os únicos do povo que conseguiam ver o futuro.

O homem entregou sua filha nos braços da mulher, depois tirou o relógio de seu pulso e entregou para ela.

– Dê para minha filha, para que ela não se esqueça dos pais. – Após dar essa ordem a Morgana, ele se inclinou para falar com a bebê – Nos salve, minha filha. – O homem sorriu.

– Vai me dizer o nome dela? – Morgana perguntou enquanto balançava de leve a criança que lhe foi entregue.

– Adeline.

Quem é ela? [PRÉVIA]Onde histórias criam vida. Descubra agora