1- Os sentimentos vieram à tona de novo.

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POV Kagami.

Eu nem dormi direito por causa que hoje é a volta dele. A volta dele, do meu melhor amigo, da minha pessoa favorita, a pessoa que eu escolho acima de todo mundo provavelmente é ele. Entretanto, por algum motivo eu sempre durmo quando é outra pessoa. Eu tenho outros amigos dos EUA e de muitos lugares, quando eles me veem visitar as vezes parece mais cansativo do que divertido, mas Kuroko em específico sempre me deixa muito ansioso para absolutamente tudo, é como se ele fosse algo que valesse a pena viver.

Eu senti muita saudade, aquela saudade enorme que você só quer ficar agarrado na cama com a pessoa durante o dia todos  sem pausa e você sente que ainda não enjoaria da pessoa nem que vocês passarem o resto da vida juntos, como se todo o dia fosse um dia diferente ao lado dele,essa é a saudade que sinto dele.

Flashback

Meu pai me olhou e  me olhou com aquele olhar gentil, aqueles olhos que eram o mesmos que o meu, vermelho.

— Meu amor, o que você deseja pra finalmente dormir? Sua mãe me disse que quando foi visitar ela você parecia cansado, sabe ela me chama de irresponsável por sua culpa e você sabe que quando sua mãe diz algo ela esta infelizmente certa  — ele me disse e eu sabia que ele tinha percebido também, ele estava preocupado.

— Pai porque você continua casado com a mamãe se ela ta doente?  — Essa duvida  ficou na minha cabeça desde que a colega de turma falou que o pai dele se divorciou da mãe com câncer na semana passada, e eu lembro exatamente que ela disse que por isso odiava homens, e eu lembro que meu pai falou que ódio é uma palavra muito forte pra uma criança de 8 anos.

—Meu amor, quando eu pedi sua mãe em casamento, eu honestamente achava que ia viver uma vida maçante  — ele me olhou e riu da minha cara, mas eu sabia que ele tava rindo dele mesmo  — Sim, eu era tao imerso no pensamento que ao casar com ela, ela deixaria de ser o amor da minha vida e eu seria a pessoa mais chata do universo, que eu pararia de sorrir pra ela toda vez que a visse, que ao ver ela em casa cansada todo dia eu começaria a desprezar ela  — fico por um momento assustado com o papai e ele ri — Eu era realmente o homem mais bobo de todos, eu pensava que ao casar com ela toda paixão sumiria, mas eu nunca tive o tamanho prazer de estar tao errado, Depois de me casar com sua mãe e passar a viver juntos, foi ai que eu passei a amar ela de verdade, foi ai que eu tive mais certeza que embora os dias fossem meio repetidos ela me fazia querer repetir todos eles só pra vê-la sorrir. Ela tornou os dias repetidos em notas musicais únicas, com aquele piano invadindo meu ouvido todo domingo de manha  —Ele me deu um beijinho na cabeça, beijinho do boa noite  —Foi por isso que eu continuei amá-la cada vez mais, independente de doença, ela fazia meus dias coloridos. E um dia, filho, eu espero que você encontre alguém que faça o mesmo por ti e eu vou amar essa pessoa como se fosse parte de ti, porque sua mãe é a minha parte

Acabou de amanhecer sinto os raios de sol, essa merda de sol, invadindo meu rosto e falando que nem tenho mais chance de dormir. Levantei da cama, preparei meu café da manhã pensando no que faremos hoje. Será que ele iria dormir comigo aqui em casa? Será que ele sentiu tanto minha falta como eu senti a dele? Sinto um cheiro de queimado e percebo que quase queimei a panqueca que estava fazendo, é panqueca com chocolate e morangos, do jeito que o Kuroko gosta, a favorita dele e por um momento eu desejei poder fazer todas as manhãs para ele. Tinha vezes que quando ele vinha me visitar, eu me permitia imaginar se seria assim se ficássemos juntos, se eu tivesse me declarado antes dele ir embora, será que daríamos um jeito de dar certo? Se eu tivesse percebido antes seria eu no lugar do arrombado que ele chama de namorado.

Vou buscá-lo no aeroporto, ele me pediu para somente eu ir. Embora quisesse muito que ficasse só eu e ele, como sempre, Aomine vinha com ele e trazia o título de namorado junto. Aquele maldito mal assombrado desgraçado arrombado...

Como o Kuroko não vê que eu sou muito melhor do que aquele metido a besta? Honestamente eu posso fazer ele muito mais feliz do que o arrombado poderia.

Me irritei por ver ele e Aomine de mãos dadas, claro que me irritei, por ver o sorriso de ganhador daquele filho da puta, por meu melhor amigo estar namorando a pior pessoa do mundo, definitivamente ele era o pior. O pior em tantos sentidos que Kuroko nunca acreditava em mim quando falava isso. Ele sempre disse que era só uma implicância e que ele era uma boa pessoa, já eu duvido disso. E eu seria bem melhor que ele, eu poderia estar no lugar do Aomine segurando a mão dele com o sorriso mais feliz do mundo, mas aqui está eu sendo um solteiro apaixonado pelo melhor amigo, menos 5 pontos.

Kuroko logo soltou a mão de Aomine quando me viu, percebi porque ele arregalou os olhos e agora senhores ele veio correndo em minha direção. Uma vitória para Kagami, chupa seu merda, 20 pontos.

  — Kagami-kun que saudade sua — Falou Kuroko, cada vez mais ele chegava perto de mim, me abraçando o mais forte que podia, eu sentia seu cheiro viciar meu nariz, sentia o cheiro do seu cabelo e seus braços agarrando minha cintura porque ele é baixinho demais comparado a mim.— Estava morrendo de saudades, todo esse tempo longe só me fez mal.

Pude jurar que fiquei pelo menos uns minutos só sentindo seu cheiro, quando ele se separou de mim lentamente, ele ainda estava agarrado na minha mão eu só podia agradecer aos céus por sentir aquela mão gelada, oposto da minha que estava tão suada. No fundo eu sei que ele sabia que eu precisava disso, de algo para não chorar e talvez ele também estivesse gostando desse toque tanto como eu, é o que eu quero imaginar, quero imaginar que ele sinta a mesma aceleração que eu, a mesma montanha russa.

— Posso prometer que você fez mesmo— Disse Aomine. Não esperava que Kuroko ficasse mal por minha culpa — Óbvio que parou quando eu apareci não é amor?

— Não totalmente — Falou Kuroko, engole esse Aomine, um ponto para mim seu otário — Porém não importa mais, estamos todos juntos agora. Onde vamos?

— Para sua lanchonete favorita, Kuroko-kun. A que a gente sempre ia quando a aula acabava

Fomos até o carro e ficamos escutando música no volume máximo, enquanto Kuroko estava ao meu lado. Aomine estava atrás. Kuroko estava tão conectado com a música que nem percebeu a cara de emburrado de seu namorado. Ele ficava muito bonito quando o vento batia em seu rosto e principalmente quando sorria, ele ficava muito bonito de qualquer jeito, para ser sincero, mas eu prefiro quando ele acorda e deixa seus cabelos bagunçados e seus olhos meio inchados pelo sono, mesmo com mau hálito.

Nesse tempo na lanchonete foi necessário atualizar assuntos. Kuroko falou que ele e Aomine estão namorando há praticamente 4 meses, senti um incômodo estranho, mas tentei não mostrar o que estava sentindo. Estava sentindo algo tão estranho que saí para ir ao banheiro. Foi aí que eu finalmente percebi, era ciúmes, os detalhes que sempre notei nele, todos os sentimentos quando ele me abraçava ou quando ele simplesmente era ele, percebi como ficava nervoso com ele por perto mas ao mesmo tempo, ele era meu lugar seguro e eu sei que ainda estou apaixonado por ele e nunca pude falar isso, claro que ver Aomine assumindo o cargo que eu queria me causaria isso, será que ainda dá tempo de eu ficar no lugar dele? Se eu jogasse o Aomine da escada, ele acidentalmente morresse, eu poderia ficar consolando ele e talvez ficaríamos juntos, mas no fundo eu sei que se isso machucasse ele, eu nunca me perdoaria.

Sempre tive um medo assustador dele nunca conseguir se apaixonar por mim. Ainda tenho esse medo, talvez ele nunca vá embora. Mas quando vi ele com outra pessoa, desejei desesperadamente que fosse eu. Que eu fosse o dono de seus beijos e carícias. Que eu fosse o dono de seu amor. Sai do banheiro, vi ele e o Aomine sorrindo um para o outro. Pelo menos ele está feliz, mesmo que não seja comigo.

E mesmo que eu o ame profundamente, sempre vou desejar sua felicidade mesmo com outra pessoa. Acho que é por isso que o amo, sim masoquista para caralho isso.

Cada vez que me aproximava e vi ele dois juntos, pensava: se eu tivesse me declarado, estaríamos assim? Será que estaríamos namorando? Ou talvez até casados? Mas uma coisa eu tenho certeza, é tarde demais e não tenho como mudar os sentimentos de Kuroko, só aceitar essa merda.

Eu tinha perdido e agora só esperava que esses sentimentos sumissem para ter ele para sempre comigo. Porque não sei se aguentaria ver ele e Aomine assim para sempre.

Forever in Your Eyes | Au KagakuroOnde histórias criam vida. Descubra agora