Dorme menino na fria calçada,
Teu único luxo, pedaço do abandono,
no meio da estrada
abraça teu sono.
Quando não choras de frio ou de fome,
fica a contar as estrelas na escuridão,
as alegrias a vida consome,
do seu coração.
Se os jornais forem teu cobertor amigo
que te protegem no relento,
não se iluda menino,
porque teu inimigo é o vento,
Este leva tua esperança.
Os teus olhos escondem a infância perdida,
teu sorriso de criança
e algum ideal de vida.
Ao amanhecer, acorda com o barulho da cidade,
ele está entre as pessoas que caminham apressadamente,
e não sentem nem um pouco de piedade
ao encarar de frente
a realidade tão crua,
permanecem indiferentes
ao menino de rua.
