dia 1 : café

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Manhãs eram sempre rotineiras, com xícaras de café, ovos mexidos e carinhas feitas de ketchup. Mas agora, Sugawara estava sonolento e irritado enquanto bebia chá às 06:39 da manhã.

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Daichi acordou com o despertador tocando às 06:00 da manhã, como sempre. Ele se levantou e deixou Suga na cama, foi ao banheiro, se higienizou e logo depois foi em direção à cozinha, como sempre. Ele aproveitou para encher o potinho de ração da Justiça - uma K9 aposentada -, que ficava ao lado da ilha da cozinha, como sempre. Ele ligou o rádio no jornal falado matinal, colocou a água e algumas colheres de café na máquina, e apertou o botão de ligar, como sempre. Ele pegou os ovos e o queijo na geladeira e logo se abaixou para pegar uma frigideira no armário embaixo da pia, como sempre.

Mas tinha uma coisa que não estava seguindo a ordem do dia, dando falta de algo, Daichi largou a frigideira no fogão e se virou para a cozinha, com os braços cruzados e o rosto franzido ele olhou por todo o cômodo em busca do erro.

Enquanto ouvia sobre as temperaturas do dia, seu olhar pousou na cafeteira no canto do balcão, onde ela deveria estar fazendo o barulho costumeiro, o moreno andou até ela até ficar na sua frente e se abaixou para ficar com o rosto na sua altura, se perguntando se havia se esquecido de apertar o botão de ligar, o que não fazia sentido, já que ele estava acostumado à rotina e nunca teve um dia em que se esqueceu de algo tão simples como apertar um botão de cafeteira.

Apenas para confirmar, ele apertou o botão novamente, e nada aconteceu. Franzindo o rosto ele apertou mais uma vez, e de novo, nada.

— Daichi? O que você tá fazendo? — um Sugawara sonolento e com uma camiseta preta larga demais para seu corpo estava parado na entrada da cozinha, coçando a barriga e olhando de maneira estranha para o namorido (como Suga gosta de chamar Daichi, uma mistura de namorado com marido).

— Hm, Koushi, acho que tem algo que eu preciso contar...

— Você só me chama de Koushi durante o coito ou quando tem algo importante pra falar, desembucha, o que aconteceu? — o loiro-platinado parou em frente ao moreno com os braços cruzados e o cabelo bagunçado, tentando inutilmente fazer uma pose de durão.

— Suponhamos — uma pausa — que a cafeteira tenha parado de funcionar...

— Como?! Faz quatro meses que compramos e ela já estragou? — exasperado ele se virou para a cafeteira e a pegou nas mãos, girando-a à procura de algo errado.

— Ei, calma, é só que eu fui fazer o café como sempre essa manhã e a cafeteira não quis ligar. Só isso.

— Só isso?! Daichi! Nós compramos ela a pouco tempo, e ela foi cara para um casal jovem que recém começou sua vida juntos, e isso que o vendedor me garantiu que ela duraria bons anos. Cadê a garantia? Eram seis meses, não? Eu vou ligar para a loja agora e vou conseguir uma nova, ou eu não me chamo Sugawara Koushi.

— Ok, calma, quer um chazinho enquanto isso?

— Seria bom, com ovos mexidos e...

— Uma carinha sorridente feita de ketchup, eu sei.

— Isso, obrigado querido, bom dia.

— Bom dia.

Dando um beijo na bochecha de Daichi, Sugawara logo se virou e caminhou para os quartos em busca de seu celular e da caixa da cafeteira que deveria ter a nota fiscal e a garantia do produto.

Daichi já estava colocando os ovos em um prato quando ele ouviu passos voltando para a cozinha, o moreno olhou por cima do ombro para ver Suga parado ao lado da geladeira com uma caixa de cafeteira nos braços e uma feição emburrada no rosto.

— O que foi meu mel? Ligou para a loja?

— São 06:23 da manhã, não tem loja nenhuma aberta esse horário — com um biquinho nos lábios o loiro-platinado andou até a ilha do cozinha e se sentou em uma das banquetas — acho que vou passar na loja antes de trabalhar, qualquer coisa se eu me atrasar eu ligo pra escola e peço para alguém cuidar da minha turma enquanto eu resolvo isso.

Daichi ouvia tudo enquanto arrumava os ovos com ketchup junto da xícara de chá, e com os dois prontos ele colocou na frente do namorado enquanto sentava na banqueta ao lado com o corpo virado na direção dele e a cabeça apoiada em uma das mãos.

— Deixa que eu passo na loja, você tem 27 crianças para cuidar, eu só tenho alguns casos para dar uma revisada essa manhã.

— Você é molenga, Daichi, se você for lá é capaz de te darem um cupom de 5% e te venderem uma cafeteira nova pelo dobro do preço que essa foi, e você ainda vai comemorar o desconto mixuruca.

— Ei! Isso só aconteceu uma vez, e foi com uma xícara — o mais alto tentou se justificar, mas apenas com um olhar e um meio sorriso vindo do namorado ao lado, ele sabia que havia perdido — você não vai me deixar esquecer isso nunca, né?

— Nunca — e cantarolando, Suga continuou a comer seu café da manhã enquanto Daichi se levantava para preparar seu próprio desjejum.

— Ok, você venceu, você vai na loja resolver isso – ele bufou quando ouviu risadinhas atrás de si — mas então deixa que eu vou de moto hoje.

— Por que? Vamos de carro, eu te deixo na delegacia e vou pra loja, não tem problema.

— A delegacia é para o lado contrário da loja, isso só iria te atrasar mais, deixa que eu vou de moto e você vai de carro.

— Hm, ok, aproveita e enche o tanque da moto então.

— Pode deixar.

E então a manhã continuou como sempre, Sugawara terminou de comer e ficou de limpar a cozinha enquanto Sawamura comia e logo depois ia se arrumar para o trabalho.

— Vida, você viu meu distintivo? — o grito foi ouvido da sala enquanto Suga colocava as xícaras no armário novamente.

— Vê se não ficou em cima da estante.

— Achei! Obrigado, te amo.

— Também te amo — ele guardou a frigideira — ei, abre a porta da varanda pra Justiça poder sair e cuidar da vida dos vizinhos.

— Ela ter descoberto o pé de maconha do vizinho da frente já não foi o suficiente?

— Não mesmo, eu suspeito que o vizinho de cima tá usando alguma coisa e só ela é capaz de confirmar minha hipótese.

— Daqui a pouco nós vamos ser expulsos do prédio.

Sugawara continuou arrumando a cozinha, até o momento em que ele foi pegar a cafeteira para levar trocar, ele se inclinou um pouco sobre o balcão e colocou a mão por trás do armário para tirar a máquina da tomada, e aí ele percebeu algo.

Oh.

Ele iria matar Daichi.

— Dai, vida, vem aqui rapidinho.

Demorou dois minutos para o homem vestido com o uniforme habitual aparecer na porta da cozinha fazendo carinho na cabeça de Justiça que andava no seu encalço.

— Oi, meu amor, o que foi? Eu já estou saindo pro trabalho agora.

— Me diz como exatamente você pretendia fazer café, com a porcaria da cafeteira fora da tomada — e então ele puxou o plug detrás do armário que veio com tamanha facilidade que provava que estava de fato fora da tomada.

Daichi ficou 30 segundos com o olhar passando do rosto do namorado para a cafeteira em sua mão, e então ele olhou para o próprio pulso e disse:

— Olha a hora, já estou atrasado, até mais tarde meu bem — e mandando um beijo no ar ele saiu correndo em direção a porta da frente.

— Você nem usa relógio de pulso, Sawamura! — ele bufou e largou o plug na bancada antes de se agachar e esticar a mão para fazer carinho na cabeça de Justiça, que tinha se acomodado ao lado dele — seu pai é um bobão, sabia?

No final daquele dia, Daichi apareceu em casa com um saco de grãos de café gourmet e um pedido de desculpas pela pequena confusão causada de manhã.

E foi assim que os dois passaram a noite, juntos no sofá, tomando café e assistindo Brooklyn Nine-Nine, como sempre.

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