Parte VI

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– Alguém tem alguma ideia do que acabou de acontecer? – Rose quebrou o silêncio que se instalou entre os olhares dos quatro, que se entreolhavam, buscando algo mais do que surpresa e confusão.

– Os mundos se cruzaram – diz Michel no mais distante dos pensamentos.

O olhar dela e do bispo se encontram, preocupados com o que aquilo poderia significar.

– Gente! – chama Philip, atraindo a atenção dos três – O portal lá em cima ainda está aberto.

O olhar de todos se voltou ao ponto negro do céu. Um pulso de energia verde se espalhou como uma suave onda, levando um leve som trovejante consigo. Uma figura saiu do portal.

– É a Ziee! – exclamou Rose, ao avistar a figura desacordada caindo.

Iago não pensou duas vezes antes de dar um potente salto e alçar voo para sua amiga. A alcançou rapidamente, recolhendo-a em seus braços, observando seu rosto sujo de poeira e sangue. Uma estranha vibração percorreu cada fibra do corpo do mago. Antes que se desse conta, seu corpo diminuiu.

Michel e Philipe se entreolharam, sem entender ao certo o que aconteceu, mas se adiantaram em um salto para alcançar os dois. Michel envolveu a guerreira em seus braços, já Philipe alcançou um pequeno bebê Iago, rechonchudo, de bracinhos gordos e mãos pequenas. Retornaram ao chão.

– Sério isso? – diz Philipe assim que pousa, olhando para o bebê em seu colo.

– O que...

Rose se virou para Philipe, contendo o riso ao ver a criança em seu colo. Pequeno naquelas vestes largas, tão incapaz, tão indefeso.

– Chegaria a ser fofo! – comentou o observando – Se não fosse bizarramente bizarro.

– O quê eu faço com isso? – encara Rose, balançando o bebezinho – Eu não vou criar essa coisa.

– Nem olha pra mim! – se esquivou, dando as costas pros dois – Deixa em algum lugar.

Philipe o tirou do colo, reclamando mentalmente. O estendeu diante de si, o analisando. A pele lisinha e morena, a careca lustrosa, e as largas roupas, permitiam a saída de dois toquinhos as costas.

– As asinhas.

Concordava com a fala da mercenária, chegaria a ser até fofo, se não fosse estranho, ter o bispo do reino, o mago das trevas, em suas mãos como num mero bebê babão e banguela. E os olhinhos negros, iluminados de uma força estranha, dava um toque ainda mais... estranho.

– Até dá pra entender o porquê do Pai ter se... – antes que completasse, o pequeno Iago lhe puxou os cabelos, como se respondendo de mal gosto ao comentário – Não. Para. Iago feio, feio. Solta.

Conseguiu depois de uma pequena luta contra as rápidas e fortes mãozinhas, soltá-las de seu cabelo, as segurando unidas, para que não retornassem a incômoda-lo. O riso de contentamento do pequeno em agredir o pobre mago, começaram a ser trocados por um choramingo, e claramente evoluíram para um choro resmungando, por ter suas mãos presas, impedidas de prosseguir em seus puxões. Philipe começou com um resmungo também.

– Cadê o filho dessa criança.

Enquanto Philipe se lamentava com o bebê no colo, Rose se aproximou de Michel, que aterrissou calmante, junto de Ziee.

– Não encosta! – alertou Michel assim que tocou o chão – Ou vai se juntar à creche.

O olhar dos dois correu para o pequeno Iago. Não era uma opção. Se aproximou dos dois, mantendo uma relativa distância.

WRITINGVERSE : Tempo e CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora