Cenas impróprias para menores de 18 anos.
O sorriso que enfeita meu rosto, não pode ser tirado por nada e nem ninguém nesse mundo. Conforme avanço a passos calmos pelo centro da cidade, o sentimento de nostalgia me domina por inteiro. Aceno para alguns ex' s colegas de escola que não via há muitos anos. É engraçado ver a reação deles, que primeiro eles param em seu caminho, me observavam de cima a baixo e logo o reconhecimento bate neles com força. Então me retornam o aceno de forma entusiasmada.
Ao passar pela sorveteria no centro da cidade que não mudou muito em todos esses anos, lembranças do início de minha história de amor me acertam com forma e suspiro baixinho. Sinto falta dessa época, onde eu não tinha outra preocupação a não ser estudar e passar no vestibular. Tantas tardes passadas aqui. Sinto o gosto dos sorvetes que degustei aqui. Mas a melhor lembrança de todas é a que compartilhei com ele. Ruan, o garoto de olhos intensos e tristes. Que fazia com seus dedos longos obra de arte e que não gostava de sorvete de chocolate. Um crime.
Sinto meu celular tocar em meu bolso. Retiro o aparelho e não posso me impedir de sorrir largamente.
- Já estou na cidade mãe. - anuncio logo. Ela ri e bufa do outro lado da linha.
- Sabe que me preocupo.
- Eu sei. - Volto a andar, sorrio para um bebê no colo do pai. Os olhinhos espertos olhando tudo ao redor.
- Poderia ter vindo de carro mas ainda foi teimoso em vir de ônibus.
Reviro meus olhos. O Sol de início da manhã aquece minha pele. Até o clima daqui é mais leve que o da cidade onde morei por anos. O ar era pesado da poluição advinda das fábricas do lugar. A secura presente naquele ar, não é a sentida aqui. O que agradeço.
- Queria voltar da mesma forma que deixei a cidade mãe.
- Entendo mas não aceito. - ri baixinho. - Quando virá? O almoço está quase pronto.
- Vou andar mais um pouco e logo estou chegando.
- Tudo bem filho. Seu pai está louco de saudades.
- Nos vimos hoje cedo na rodoviária.
- Ele ainda está com saudades do bebê dele. - gargalho com força.
Assim que resolvi minha vida na cidade vizinha, meu pai fez questão de me buscar na rodoviária. Eu poderia vir de carro mas não quis. Então hoje assim que cheguei, o vi com seu corpo grande e largo me aguardando. Havia uma pequena mancha de graxa em sua bochecha esquerda e só essa imagem me fez chorar. Meus pais costumavam me visitar todos os meses enquanto estudava mas não é a mesma coisa.
Nos despedimos e paro diante do local que será meu futuro lar. Depois de consegui me formar em História e fazer uma especialização na área, eu poderia seguir carreira onde estava. Com muito mais oportunidades para mim. Mas em meu coração, senti que deveria voltar para o lugar que fez tanto por mim. Foi graças aos meus professores que sou quem sou. Quero ser para meus alunos aquilo que pessoas antes delas foram para mim. Um guia, alguém com quem contar.
O prédio de dez andares quase destoa completamente das demais casas do centro da cidade. Pois traz consigo uma arquitetura bem atual. Aceno para o porteiro e suspiro.
O som de um motor de carro me tira de meus pensamentos.
Me viro lentamente e me a seguro para não suspirar.
Olhos azuis me encaram com intensidade. As mãos grandes seguram o volante do carro escuro com uma segurança sem igual.
- Vai uma carona ai? - a sobrancelha escura se ergue em divertimento.
- Não sei se posso. - Faço drama.
Devagar me aproximo do veículo, me recosto nele.
- Motivo?
- Eu posso ou não ter um namorado muito ciumento. - Mordo meu lábio inferior.
A sombra de um sorriso se mostra em seu rosto.
- Ele não vai implicar com uma carona vai?
- Você não o conhece. - ele ri mais leve agora. O homem é tão bonito que dói.
- Certeza?
- Absoluta.
- Está errado. Eu o conheço e ele não é ciumento.
- Você está errado. Ele é muito ciumento. - brinco.
- Estarei em problemas se te der carona então?
- Em muitos. - cantarolo.
- Entra vai? - eu já tenho metade do meu corpo dentro do carro, ele se inclina em minha direção.
- Não sei se posso. - faço charme.
Em um movimento rápido, ele já não tem o cinto de segurança ao redor do tronco e suas mãos seguram meu rosto. Um meio gemido e meio riso se misturam ao beijo que trocamos. Seus lábios são firmes sobre os meus. O gosto de suco junto a sua saliva me faz choramingar. Seguro seus cabelos longos e os puxo do jeito que gosta.
O beijo que me aquece até os ossos, para mais cedo do que gostaria.
- O que seu namorado vai pensar ao saber que enfiou a língua na minha garganta? - Me pisca um olho.
- Ridículo! - Soco seu peito. Me deito ali, ficando bem parado e ouço o som de seu bonito coração se acalmar aos poucos. É o som mais bonito que já ouvi.
- Gostou do nosso novo lar?
Aceno fazendo desenhos imaginários em seu abdômen.
- Sei que já moramos juntos mas parece que aqui é onde deveríamos estar. - olho para seus olhos. Sempre atentos a mim. - Faz sentido para você?
Acena.
- Nos conhecemos aqui antes de tudo. Faz sentido construirmos uma vida aqui. - diz calmamente.
- Será feliz aqui? - faço a mesma pergunta que venho repetindo desde o instante que decidimos voltar a morar aqui.
Ruan fez uma vida onde estávamos. Ao contrário do que muitos possam pensar, nem sempre estivemos juntos. Após nossa despedida cheia de lágrimas na rodoviária, foram longos dois anos longe um do outro. Ambos conhecemos outras pessoas que foram muito importantes em nossas vidas.
Mas ninguém era meu Ruan. Que tocava em meu interior com as linhas de seus desenhos. Que com seus beijos me fazia ansiar por mais. Mesmo sem saber o que fazer.
Então imagina minha surpresa ao chegar a faculdade e encontrar o garoto cujo os olhos não saiam da minha mente, com as mãos nos bolsos, uma mochila e cabelos ao vento do fim de tarde daquele dia.
Quando enfim abriu o curso de direito em minha universidade, ele não pensou duas vezes em se transferir para lá de surpresa e assim quase me matar do coração. Ele se mudou para o mesmo prédio onde morava. Um andar a baixo do meu.
Ele nunca deixou de desenhar e em passos vagarosos e firmes, chegou ao ponto de ter sua própria loja de tatuagens. Ele fez um nome no meio e hoje é um dos melhores tatuadores do Brasil. Então me preocupo sim se ele está feliz aqui comigo.
- Com você? Sempre! - beija meus cabelos. - Pronto para estrear nosso lugar?
Sinto meu rosto pegar fogo. Mesmo com tantos anos juntos, ele consegue me fazer corar.
- Hum, mamãe está nos esperando para o almoço. - digo fracamente. Meu corpo totalmente desperto por suas palavras pesadas de desejo.
Seu dedo indicador passeia vagarosamente, quase de forma tortuosa em meu lábio inferior. Minha respiração deixa em evidência o efeito devastador que seu singelo toque tem em mim.
- Está com fome? - sussurra em meu ouvido. Os dentes provocando a pontinha da minha orelha.
Pegando fogo. É como me sinto. Perdemos nossas virgindades com outras pessoas mas quando voltamos a estar juntos, tiramos um pouco mais de tempo para nos conhecermos e aos poucos fomos descobrindo o que cada um gostava.
Como eu sei que se passar minhas unhas em seu abdômen malhado, ele se contrai, geme e se esfrega em mim.
- Acho...- tomo respirações profundas. A garganta seca. O coração batendo forte. - Que o almoço pode esperar.
- Senti sua falta. - murmura com os lábios bem perto dos meus. Sinto - os formigar em saudade pelos seus. Nem parece que nos beijamos minutos atrás.
- Foram apenas dois dias amor. - beijo seu queixo demoradamente. Sigo por suas bochechas deixando mordidas ali, ele quase prende o ar e aperta minha cintura.
Na semana passada viemos juntos para receber nossos móveis e arrumar tudo no apartamento. Marissa riu de nós quando ele teve que voltar no mesmo dia e de seu pequeno drama. Ele ainda tinha clientes para atender e fechar sua agenda. Eu ainda tinha mais uns dias de aulas para dar. Mas pude voltar no dia seguinte. Hoje resolvi vir de ônibus e espera - lo na casa de meus pais mas nos encontramos antes.
- Mas mesmo assim senti saudades. Uma hora ou um dia longe de você é muito para mim. - declara como sempre quase derretendo meu coração.
Seguro seu rosto e deixo um beijinho em seus lábios vermelhos e inchados.
- Te amo! - acaricio sua nuca. Ele fecha os olhos claros e quase se desmancha no banco do motorista. - Agora vamos estrear nosso lar.
Abrindo os olhos, me lança seu mais bonito sorriso. Aquele que mostra todos os seus dentes e uma quase imperceptível covinha em uma bochecha.
Esperamos alguns minutos para nos acalmarmos e não matarmos o porteiro do nosso prédio de vergonha. Travando o carro, entrelaça nossas mãos juntas. Seu calor me fazendo suspirar.
O porteiro simpático nos cumprimenta alegremente. No elevador olhamos um para o outro de rabo de olho e como dois adolescentes rimos baixinho. Como se aquele fosse nosso primeiro encontro.
Chegamos em nosso andar, Ruan tenta abrir a porta mas as chaves caem aos seus pés. Gargalho. Ele me lança um olhar atravessado.
- Não ri de mim. - diz mas também se segura para não rir. Pego os objetos do chão e abro a porta. A sala decorada do jeito que sonhamos nos recebe mas não tenho muito tempo para admirar mais uma vez ao redor.
Pois logo estou preso entre a porta e seu corpo grande e quente. Que parece ferver como o meu. Agarro seus cabelos e trago seus lábios para os meus. Simplesmente nos devorando. Como se não pudéssemos nos fartar o suficiente um do outro.
Lábios, línguas e dentes duelam. Sua ereção compete com a minha por espaço e em um piscar de olhos estou no sofá, meu namorado sobre mim. Os olhos fixos nos meus e a intensidade dele me faz corar.
- Te amo Hugo. - diz firmemente.
- Eu te amo mais. - Mordo seu lábio inferior com força. Ele geme e volta a me beijar. Seus dedos entre os fios de meus cabelos.
Nossas roupas vão encontrando o chão e em segundos posso somente sentir nossas peles que parecem pegar fogo. O peito tatuado me chama como uma sereia e não resisto. Deixo meus lábios passearem por ele também.
Com suavidade pega minha ereção junto a sua e as masturba juntas. Reviro meus olhos quase gozando, respirar se torna quase impossível e quase rasgo suas costas em duas. Em um movimento rápido, coloca minhas pernas sobre seus ombros largos e me contorço todinho na expectativa do que seu que virá. Sua boca faz um lento caminho de meus pés até minha virilha. Ele está tão afetado quanto eu mas insiste em ir devagar.
Bufo e ele ri. Ele sabe que estou impaciente. Suor quente cobre nossos corpos. Os longos cabelos escuros como uma noite sem estrelas já se soltou faz tempo do coque feito anteriormente.
- Ruan...mais rápido! - comando quando o vejo ainda beijando a parte de trás do meu joelho. Recebo um arquear de sobrancelha.
- Calma.
- Não posso. Preciso de sua boca em mim. - reviro meus olhos. Ele ri. Sua risada de alguma forma vibrando sob minha pele.
- Se não...- arqueio quando o filho da puta me engole por inteiro. - Puta que pariu!
Não há tempo para pensar. Ele me chupa, lambe e suga somente a cabeça. Um arrepio sobe por minha espinha e parece alcançar minha alma mas ele para. Indo para minha entrada que se contrai. Sua língua brinca com minha parte sensível e não há palavras. Anos juntos e o desejo parece crescer cada vez mais.
Acho que ama - lo como o amo. Faz isso. A chama não se apaga. Ora puxo, ora acaricio seus cabelos.
- Te quero dentro de mim amor. - digo em um fio de voz. Dessa vez ele não demora ou faz jogos para me tirar a paciência. Aos poucos seus dedos grandes e longos me preparam para recebê - lo. Sobe me beijando de minha barriga até meus lábios. E quando me penetra, é como estar em um lar só nosso. Só meu.
Mexo meu quadril louco para que se mova. Ele morde meu ombro e rimos. E começa a se mover. No início é devagar, quase torturante. Mas as estocadas ganham força e logo estamos gemendo e gritando. Minha perna esquerda vai parar em seu ombro e o sinto ainda mais profundamente em mim.
Juntos chegamos ao ápice e desmoronamos em um conjunto de membros moles.
- Bem - vindo ao lar Hugo. - seu rosto está em meu peito meu coração se acalmando aos poucos.
- Melhor boas vindas de todas. - passo a mão por meus cabelos. Nem quero ver a bagunça que estão. Posso não ter os cabelos longos do meu namorado mas meus quase cachos dão trabalho.
Dou um gritinho quando algo prende no meu cabelo. Ruan se senta rapidamente mas logo sorri largamente.
- Não ri! Algo prendeu no meu cabelo.
- Calma Hugo. - me ajuda a tirar seja o que for que se prendeu ali.
- O que é?
- Nosso futuro.
Não entendo no início mas assim que olho para minha mão, as palavras me faltam. É tão lindo o anel. E conheço os traços desenhados no aro grosso e brilhante.
- Ruan...- digo baixinho após muitos minutos.
- Seus vão nos perdoar pelo atraso pois eles já sabiam. Vou enfim te fazer um homem decente.
Lágrimas se derramam por meu rosto. Com delicadeza ele as seca. E me beija.
- Quando me mudei para cá, eu achava ter perdido tudo. Tinha somente minha mãe e as vezes achava que não estava sendo um bom filho. - engole em seco. A falta que o pai faz, é sentida por ele até hoje. Subo em seu colo. Estamos suados e cheirando a sexo mas não nos importamos. Enlaço seu pescoço e beijo a ponta de seu nariz. Ele ri. - Meus dias eram sem sentido e sem cor Hugo. Mas então eu te vi no meu primeiro dia de aula. Tropecei como bem sabe bem na sua frente. - rimos.- E então o vi rir. E se achava que o tropeço tinha sido alguma coisa, estava enganado. Meu coração bateu junto ao som de seu sorriso. Um ano inteiro o vendo de longe. Me alimentando do som de suas risadas. - Mais lágrimas deixam meus olhos. Ele agora as beija.
- Enquanto eu nem ao menos sua voz ouvia direito.
Ele ri.
- A festa da Mari foi um divisor de águas para nós. E hoje Estamos aqui entende? Eu quero mais Hugo. Um cachorro, filhos e muitas fotos para eternizar nossas lembranças.
- Filhos? - nunca foi um tópico essencial para nós mas saber que ele também os quer, quase rasga meu coração ao meio tamanha minha alegria ao ouvi - lo.
- Quatro no máximo. - Jogo minha cabeça para trás rindo alto.
- Então teremos quatro. - Jogo um punho no ar. O qual ele pega e beija.
- Então aceita ser meu marido? - me lança um sorriso de lado e um pouco nervoso.
- Ainda pergunta? Claro que sim. Acha que vou deixar um homem como você dando sopa por ai? - Ele com força. O peito vibrando com o som.
- Um homem como eu?
- Sim. - enfio meus dedos entre seus cabelos úmidos assim como os meus. - Alto, forte, olhos matadores, artista e inteligente e não menos importante. Um pau espetacular.
Minhas bochechas ardem. Ele ri mais e chega a cair do sofá. Observo - o de onde estou. Ambos pouco se importando com nossa falta de roupas.
E gravo o som de seu riso.
Nosso caminho não foi apenas de flores e momentos felizes. Tivemos que aprender a lidar com nossas diferenças e as vezes um de nós tinha que ceder. Mas é disso que relacionamentos são feitos. De compreensão e companheirismo. Tive momentos que tive vontade de agredir o homem deitado sobre o tapete escuro mas eu as vezes também não facilitava. Somos humanos. E mesmo que sejamos tão diferentes, somos completos juntos. E é isso que importa.
Ergo minha mão diante de mim e beijo o anel. Sentindo o metal frio contra meus lábios e sentir essa diferença de temperatura me faz crer que é real.
Me coloco de pé no sofá macio e começo a pular feito doido.
- Eu vou me casar! - grito. E logo braços fortes me rodeiam. Me aconchego em seu peito quente.
- Sim, nós vamos.
E simplesmente sei que serei ainda mais feliz. Não importa o que virá.Espero que gostem desse bônus que se passa 7 anos após o epílogo gente.
Hugo na mídia no início do capítulo.
Ruan
06/09/21
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QUANDO VOCÊ SORRIR [COMPLETO]
ContoPlágio é crime! Capa by: Stephanie Santos Contém gatilhos. Hugo e Ruan tem planos de vidas definidos e diferentes. A única coisa que os liga é a paixão que ambos sentem um pelo outro. No entanto, suas inseguranças os impedem de viver o que sentem...