Capítulo 3

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Alysson

Um mês se passou após o meu desabafo com a minha irmã no parque e nós duas estamos nos dando muito bem morando juntas ainda que existam algumas brigas ocasionais por causa das manias de arrumação de Cristina que não condizem com meu jeito despojado dentro de casa.

Minha irmã se parece com um robô de limpeza sempre atento a qualquer mínima sujeira, quase no mesmo instante em que deixo meus saltos ela já está com eles nas mãos reclamando enquanto corre até minha bolsa e atira tudo sobre mim me mandando não deixar coisas espalhadas e desordenadas. Cristina não tem TOC e nem nada do tipo, na verdade o quarto dela é mais bagunçado do que o meu, porém quando está sem inspiração para escrever ou desanimada demais para ler, ela começa a fazer qualquer coisa que lhe distraia e faça o tempo passar ou lhe dê ideias para seus livros, isso inclui arrumar a casa ou fazer doces.

Nessas últimas semanas fiz alguns ajustes na minha agenda com o meu agente e consegui ter que fazer menos trabalhos como modelo, o que me ajudou a respirar melhor.

Com menos trabalho e menos pressão, porque além da diminuição nos encontros exagerados com a nutricionista que minha mãe contratou, meu personal trainer também havia ganhado alguns dias de folga, eu finalmente tinha mais tempo para fotografar estando atrás da câmera e não na sua frente e isso estava sendo incrível. Conseguia perceber que deveria ter tomado a decisão de mudar algumas coisas na minha vida há muito tempo atrás.

— Onde vai? — Cristina perguntou quando me viu indo até a porta.

Ela estava sentada no sofá com as pernas cruzadas e o notebook aberto sobre elas, tinha trabalhado somente durante a manhã por ser sexta-feira e passou a tarde toda na editora com Augusto. Os óculos quase na ponta do nariz, os papéis ao seu lado e os fones de ouvido ao redor do pescoço me faziam ter certeza de que agora estava escrevendo alguma das suas histórias e o passeio na editora tinha lhe dado a inspiração que procurava.

— Quero ver o pôr do sol.

Cristina sorriu largamente ao me ouvir falar, ela foi a primeira para quem contei sobre minhas pequenas mudanças e também era a que estava mais radiante por isso, parecia até mais animada do que eu.

— Se divirta no seu passeio. É uma ordem! — Mandou com um olhar sério, mas o sorriso ainda no rosto.

— Sim, senhora. Até depois. — Me despedi rindo e fui até a porta saindo do apartamento.

Fiquei dentro do carro no estacionamento do prédio olhando para o meu celular indecisa sobre ligar ou não para o Pablo e o convidar para ir junto comigo. Queria ter sua companhia para conversar e saber se nosso relacionamento ainda tinha alguma salvação. Gostava muito dele e não sabia se conseguiria realmente terminar, não apenas por causa da minha mãe que com certeza teria um ataque se descobrisse que eu não estava mais com o herdeiro de uma grande fortuna, mas também por mim, porque depois de anos juntos era até difícil imaginar não tê-lo como meu namorado, mesmo que pensasse que essa estranheza seria mais por comodismo do que por amor.

Na verdade não sabia se um dia realmente amei Pablo, com certeza éramos apaixonados um pelo outro no início do relacionamento, pois o frio na barriga existia assim como ansiedade para nos revermos, mas o sorriso bobo não aparecia sempre que pensava nele e não sei se ficava agitada querendo vê-lo novamente porque sentia saudades ou porque nunca gostei de ficar sozinha por muito tempo.

Decidi ligar para ele e na segunda tentativa fui atendida.

— Oi, querida. — Disse baixo e pude ouvir algumas vozes no fundo.

— Pode falar agora? — perguntei incerta.

Na verdade não, estou na casa dos meus pais para um jantar com alguns amigos deles.

Rosas Anônimas - Livro 2 Série: Paixão e AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora