Capítulo XXXIII

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— O que diria o Sultão caso descobrisse que o Conselheiro dele, aquele a quem mais devia confiar e que lhe deve lealdade, está tramando um golpe contra ele? — A voz de Aysel soa em tom cortante e venenoso ao se dirigir a Mehmed, que a encarava das grades da cela.

— Você não contaria a ele, não seria capaz. — Mehmed expõe em um rosnado baixo e furioso, segurando as grades com tanta força que os nós dos seus dedos ficam extremamente brancos.

— Não? — Ela ri com deboche. — E por que acha isso? Acabou para mim, Mehmed, fim de jogo, eu não tenho mais nada a perder. Se eu for para o fundo do poço você vai junto.

— Eu já te pedi um tempo. Armar uma fuga para você não é tão fácil quanto parece. — Diz sério, não gostando nenhum pouco do tom de ameaça na voz dela.

— Ekaterina fez parecer fácil. — Ela resmunga. — Além disso, quanto mais o tempo passa, mais próximo fica o dia da minha execução. Se não consegue me tirar daqui, ao menos tire da cabeça de Sulleyman a ideia de me executar, você é o conselheiro dele, talvez ele te escute. É até melhor, porque não quero passar a vida fugindo com medo dele me encontrar, quero que ele me perdoe e permita que eu permaneça no Palácio.

Mehmed ri com escárnio.

— Permanecer no Palácio? Não acredito que ele permitirá isso.

— Eu não quero saber, encontre um jeito, caso contrário, já sabe.

O homem suspira pesadamente e a encara de maneira séria.

— Certo, Aysel, encontrarei uma forma de te ajudar e garantirei que não morrerá pelas mãos do Sulleyman. Fique atenta, pois nos comunicaremos apenas através de Dilara, não posso ficar descendo até aqui. — Diz sério.

— Agora está falando meu idioma. — Ela sorri vitoriosa e após expor mais alguns detalhes ele deixa o local tão rápido quanto chegou ali.

Quando Ekaterina e Emine prestam melhor atenção e percebem que a movimentação estava mais próxima, visualizam a última pessoa que imaginavam que veriam: Sulleyman dentro de uma carruagem real, com sua costumeira elegância e pose altiva. Os olhos das duas no mesmo instante se arregalam.

ㅡ Ekaterina, você está vendo quem estou vendo ou estou tendo alucinações? ㅡ Emine questiona nervosa, desejando ser apenas uma miragem.

ㅡ É o Sulleyman...ㅡ a ruiva consegue murmurar.

ㅡ Temos que sair daqui, antes que ele nos veja. ㅡ Emine avisa, mas percebendo que Ekaterina estava assustada e paralisada no local logo a puxa. Porém já era tarde demais. O Sultão já estava muito perto e já tinha as visto.

Quando vê Ekaterina, Sulleyman sente como se o ar lhe faltasse e pensa que estava vendo uma miragem, porém percebe ser real quando visualiza Emine puxar a ruiva pelas ruas em meio ao aglomerado de pessoas.

Sem perder tempo e sem pensar muito nas consequências, o Sultão salta da carruagem e se mistura entre seus súditos, correndo entre eles e indo em busca daquela que estava procurando há tempos.

Emine e Ekaterina corriam pelas vielas com afinco, com o objetivo de despistar o sultão e desaparecer de suas vistas, mas a jovem russa possuía uma desvantagem: sua protuberante barriga de grávida. Emine a puxava para ajudá-la, mas ela não conseguia correr por muito tempo e já estava sentindo os efeitos daquela corrida. Sua respiração começou a ficar entrecortada e como já era de se esperar ela se cansou muito rápido em poucos segundos de corrida.

Rapidamente a ruiva solta a mão de sua dama de companhia e para, encostando-se na parede de um casebre na esquina de uma vila, recuperando o fôlego. Ainda faltava um bom pedaço para alcançarem a casa onde estavam vivendo.

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