Capítulo XLII

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— Não entendo como seu pai conseguia dar conta de tantos problemas ao mesmo tempo, meu filho, agora entendo porque ele vivia estressado. — Enquanto dá banho em seu filho, Ekaterina conversa com ele, mania que adquiriu durante a gestação.

Apesar de possuir preceptoras encarregadas da educação doméstica de seu filho, Ekaterina preferia ela mesma cuidar de todas as necessidades de Hakan. As únicas pessoas além dela que tinham contato com o menino eram Hafessa, Emine, Sabryie, Ahmet e Aylla. Ekaterina não permitia que ninguém mais sequer se aproximasse do bebê. Fazia qualquer coisa para protegê-lo de possíveis maldades que poderiam vir de quem não conhece.

— É difícil, meu filho, eu sei que sim, principalmente agora que seu pai não está mais entre nós, mas não posso fraquejar. Preciso me reerguer e dar continuidade em tudo aquilo que ele começou, não vou recuar, mesmo que tentem me ameaçar até que faça isso. — Ela continua seu diálogo com o bebê, que apenas mantém o olhar sobre ela.

Ela finalmente termina de banhá-lo e o embrulha em um grosso pano branco, protegendo seu corpo da corrente de ar frio que teimava em atravessar as frestas das enormes janelas.

Atravessa o corredor e rapidamente alcança seus aposentos, logo encontrando a Valide Sultana no mesmo, arrumando algumas vestes que separou para Hakan.

— Olha esse bebê limpo e cheiroso, Hafessa… — ela comenta em tom divertido, se aproximando da mais velha, que logo abre um largo sorriso ao ver o neto.

— Meu neto é um bebê muito lindo mesmo, assim como minha neta, Aylla. Estou contente de ter essas crianças em casa, elas são luz, a alegria do Palácio! — Comenta com os olhos brilhando de felicidade, logo pegando Hakan dos braços de Ekaterina e a ajudando a secá-lo e vesti-lo para que não pegasse friagem e adoecesse.

— Eles são mesmo. — a ruiva sorri, ajeitando o bebê nos braços e se preparando para alimentá-lo. — Aylla já foi se deitar?

Hafessa assente.

— Já sim, minha filha. A ajudei com o banho, ela se alimentou e foi dormir, estava correndo o dia todo pelo Palácio, é normal.

— É sim. Ela está crescendo tão rápido, não é mesmo? Tenho medo de me envolver muito com os negócios do Império e perder o crescimento deles, não é isso que eu quero. — Diz e solta um resmungo quando Hakan suga seu seio com demasiada força. — Cuidado, filho, não machuca a mamãe...— sussurra para ele e acaricia seus cabelos ralos.

— É bom que tenha tocado nesse assunto, Ekaterina. Minha opinião é que você precisa descansar, minha filha. Tem feito muitas coisas ao mesmo tempo, pode acabar adoecendo. — Hafessa sinaliza. — Está cuidando do Palácio, do bebê e agora começou a lidar com os assuntos do Império, tudo ao mesmo tempo. Ninguém consegue fazer tantas coisas ao mesmo tempo e não pagar o preço por isso depois.

A jovem suspira pesadamente. Sabia que ela estava certa, mas não havia muito que poderia fazer em relação aquilo.

— Felizmente eu tenho vossa ajuda e de Emine e Ahmet, é claro. Mas não é tão fácil, não posso deixar algo de lado, alguém precisa estar a frente.

— Eu sei e sabe de uma coisa? Admiro muito sua força e a forma como tem lidado com tudo que está acontecendo. Sei que não está sendo fácil para você, mas mesmo assim você tem seguido em frente.

Para alguns, Ekaterina estava agindo de maneira fria ante a morte de Sulleyman, entretanto muitos não sabiam que durante o dia ela se mantinha forte e de cabeça erguida por causa do filho e para que as coisas no Império não saíssem do controle, no entanto quando a noite chegava a tristeza batia e era ali, sozinha, que ela se permitia sentir a morte e falta do Sultão.

A favorita | Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora