𝘄𝗵𝗮𝘁'𝘀 𝘆𝗼𝘂𝗿 𝗻𝘂𝗺𝗯𝗲𝗿?

❧ 033 | afrodite ❧

AFRODITE, Point of view
NYC, New York.

Hoje é o meu tão esperado encontro com o Quinton. Não nos vemos há anos, desde o último ano da escola. E com esse encontro eu não consigo dormir há quase dois dias de tanta ansiedade. Pela minha cabeça já passou diversos tipos de acontecimentos diferentes que possam acontecer e já se passaram também vários diálogos diferentes entre eu e ele. Mais ansiosa que eu?

Talvez eu esteja querendo pensar apenas no Quinton para não ter espaço sobrando para pensar no Vinnie.

Faz uma semana desde o dia da nossa infeliz briga. Acho que nunca me senti tão decepcionada com alguém antes. Ele mentiu para mim. Escondeu algo que ele sabia que eu queria. Mas eu também entendo seus motivos.

Talvez eu tivesse começando a gostar dele. E ele de mim.

Mas eu não posso ficar com ele.

Voltando ao Quinton.

Faltam exatas quatro horas para o horário marcado e eu estou jogada na cama no tédio sem saber o que fazer.

Levando apta para começar a me arrumar e pego as três peças de roupas que eu havia escolhido, porém ainda estava em dúvida. Então, por fim, escolhi a mais sexy, porém, chique e comportada.

Busquei no armário o sapato alto que mais combinaria com a roupa e também uma bolsa.

— E agora o meu cabelo? — digo sozinha em voz alta, olhando para a belezura que estava meu cabelo.

Eu prendo ele?

Deixo ele liso e solto?

Deixo cacheado como já época da escola?

Aff, por que é tão difícil escolher um penteado, Afrodite?

Depois de várias horas me arrumando, cheguei dez minutos atrasada do horário combinado no restaurante chique escolhido por Quinton. Mas ele ainda não havia chego. E eu estou morrendo de fome, já que me arrumei durante quatro horas e não tive tempo para se quer comer um pãozinho.

O garçom trouxe há alguns segundos uma entrada. Parecia um pãozinho. Deu um para mim e um para meu acompanhante atrasado.

Eu estou morrendo de fome, será que ficaria feio se eu comesse essa merda desse pãozinho?

Quer saber? Foda-se!

Pego o pãozinho e dou uma bela de uma mordida.

Quando olho para a entrada, vejo Quinton cumprimentando o maitre.

Cuspo o pãozinho e jogo embaixo da mesa.

Meu Deus, ele está um gato! Muito melhor do que sempre foi e do que eu sempre imaginei que ele estaria.

Ele está vestindo um terno preto. Totalmente social e impecável. Com seu cabelo perfeitamente penteado para o lado.

— Afrodite! — ele me cumprimenta, com um abraço e um beijo na bochecha. — Meu Deus, você está maravilhosa! Tão linda! Faz tanto tempo que não nos vemos.

— Você também está maravilhoso, Quin — sorrio, me sentando de volta.

— Me desculpe por esse atraso. Tive uma ligação importante e acabei me desligando do tempo.

— Tudo bem.

— Estou morto de fome, e você?

— Eu não iria falar nada, mas já que você falou, sim, estou — rio e ele ri junto.

— Então vejo que não mudou nada. Continua a mesma baixinha faminta.

Chamamos um garçom e deixei que ele escolhesse o prato e a bebida. Quinton escolheu um prato chique qual eu não faço a mínima ideia do que seja e um vinho caríssimo que eu também nunca tomei, porque não tenho dinheiro para essas coisas.

Ficamos conversando sobre esses anos que não nós vimos até a chegada do prato.

— Como o meu irmão mais velho não quis ficar no lugar do meu pai na empresa, eu acabei ficando com o cargo. E subi até aqui. Agora sou tão importante quanto meu pai dentro da empresa e vivo viajando pelo mundo. — ele explica e eu ouvia tudo super empolgada. — Me desculpe, eu não paro de falar. Me fale sobre você. Como está? O que fez depois da escola?

— Eu fiz faculdade de publicidade e propaganda e um curso de marketing. Estava trabalhando nisso até há alguns meses, mas a empresa estava passando por dificuldades e precisavam dar uns cortes de funcionários. E eu acabei sendo mandada embora. — expliquei.

— Me mande seus documentos que eu te ponho dentro da empresa do meu pai, Afrodite!

— Sério? Mas agora eu estou trabalhando numas esculturas que eu faço de argila, são pequenas e estranhas, mas são fofas, eu juro! Acho que seriam um bom investimento.

— Sério? — ele ri com o meu entusiasmo. — Você pode me mostrar depois?

— Claro! Eu adoraria! Elas estão no meu banheiro!

— O que?

— É que elas secam no meu banheiro! — falo como se fosse óbvio.

Antes que Quinton falasse mais alguma coisa, o garçom chega com a nossa comida.

Ao terminar de comer, conversamos mais um pouco e ele fez questão de me levar em casa e conhecer meu novo trabalho.

Subimos pelo elevador e ao abrir as portas, Hacker estava a espera junto com seus três amigos, Kio, o Tayler e o Bryce.

Finjo que não os conheço e passo reto, seguindo até a minha porta.

— Caras estranhos. — Quinton comenta, após fechar a porta do meu apartamento.

— Sim, eles são.

O levo até meu banheiro e o apresento as esculturas.

— São elas.

— Oh! É... São estranhas! — ele diz com um leve sorriso. — Mas são fofas. Assim como você.

Dito isso, ele se vira para mim e me beija delicadamente.

Por alguns segundos, me senti estranha. Senti que ele não quis vir para apenas ver meu trabalho. E senti como se ele tivesse cagado para isso.

Como eu poderia me sentir surpresa? A única pessoa que acreditou em mim e nas minhas esculturas foi o Vinnie.

Me afasto de Quinton por alguns segundos, pensando no loiro que eu havia visto há alguns minutos.

Não, Afrodite.

Ele não vale a pena.

O Quinton vale.

Nego com a cabeça e volto a beija-lo.