𝘄𝗵𝗮𝘁'𝘀 𝘆𝗼𝘂𝗿 𝗻𝘂𝗺𝗯𝗲𝗿?

❧ 003 | afrodite ❧

AFRODITE, Point of view
NYC, New York.

Acordo com a claridade sendo invadida pela janela e irritando meus olhos.

Olho para o lado da cama e vejo meu atual namorado ainda dormindo. Seu nome é Nick, e essa é uma das poucas coisas que sei sobre ele. Ele tem vinte e três anos, como eu, trabalha numa empresa pequena disposta a salvar o meio ambiente, só anda de bicicleta, é vegetariano e fode mais ou menos. E estamos juntos há mais ou menos três meses.

É um dos relacionamentos mais duradouros que eu já tive nos últimos anos.

Me levanto devagar, sem querer fazer barulho para ele não acordar. Ao me levantar, ando rápido até o banheiro, penteio meus cabelos, lavo meu rosto, ponho um pouco de pasta dental em minha boca, passo gloss em meus labios para deixá-los avermelhados e um pouco de rímel.

Faço esse procedimento todas as vezes que algum homem dorme comigo. Eles não são obrigados a dormir com uma mulher maravilhosa e acordar com uma mulher louca, descabelada e com um bafo tão potente, capaz de sentir o cheiro há um quilômetro de distância.

Volto para o quarto e me deito devagar ao seu lado, e finjo que estou dormindo calmamente até ele despertar.

Percebo a movimentação e logo ele se espreguiça, então eu abro os olhos e me espreguiço junto, fingindo que também havia acabado de acordar.

— Você é tão bonita de manhã — diz ele com um sorrisinho.

- Você acha? — me finjo de lisonjeada. — Obrigada, Nick.

Ele se levanta e vai até o banheiro. Aproveito e me levanto e arrumo a cama. Dobro as roupas que estavam jogadas pelo chão do quarto. Ponho um short de pijama por debaixo da camisola e vou até a cozinha fazer algo para tomar café.

É horrível namorar uma pessoa vegetariana, quando você é uma pessoa que ama carne. Além de ser muito difícil arranjar algo que os dois gostem de comer.

Como por exemplo, nesse exato momento eu não tenho nada vegetariano que não seja panquecas com queijo ou doce.

Ele sai do banheiro já arrumado e rapidamente deixa um beijo em meus lábios, me assustando com a sua correria.

— Onde vai? — perguntei confusa.

— Trabalhar?

— Mas eu fiz panquecas! — fiz biquinho, fazendo ele dobrar a cabeça para o lado e vir se sentar ao meu lado na mesa.

Com pressa, ele começou a comer, o que me deixou um pouco constrangida.

— Então... eu queria perguntar para você, se você poderia ir ao casamento da minha irmã como meu par? — questiono, com os olhos fechados.

Preferia que ele fosse comigo, do que ser a solteirona e encalhada de mais uma festa.

— Sua mãe e seu pai estarão lá?

— É o casamento da minha irmã, acho que com certeza eles estarão lá — respondo com um pouco de sarcasmo.

— Sei lá, acho isso muito sério para o que nós dois temos — disse ele, enfiando uma panqueca inteira em sua boca.

— É que me pareceu bem sério, "isso", que nós temos. Especialmente ontem a noite, quando você chegou aqui em casa sem nem me avisar, e sem nem perder tempo, me jogou na cama e transou comigo — falo tentando não me estressar.

— Mas eu pensei que era apenas isso o que nós tínhamos — se defendeu. — Apenas sexo. Sabe?

— Exatamente, o que nós tínhamos — digo, e me levanto da mesa. — Pode sair do meu apartamento?

Nick me olhou assustado, mas não relutou. Se levantou e foi pegar sua mochila e eu o acompanhei até a porta.

— Se estiver afim de um sexo casual...

— Não, obrigada — o cortei.

Ele deu um sorrisinho cabisbaixo e foi até os elevadores. Quando eu estava pronta para entrar e fechar a porta, meu vizinho da frente abre a porta. Ele estava cobrindo seu pênis com uma toalha de mesa, e discutia com alguma garota dentro do seu apartamento. Ele saiu para buscar o jornal do dia na porta de seu apê.

O que custa por uma cueca?, pensei.

— Bom dia, 6C — disse ele.

Era como Vinnie me chamava, pelo número do meu apartamento.

— Bom dia, 6A — respondi antes de entrar para o meu apartamento.