THE LAST OF US
PARTE III
FANFIC
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Está é uma obra de ficção. Os fatos aqui narrados são produtos da imaginação. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, locais, fatos e situações do cotidiano deve ser considerada mera coincidência
Agradeço a compreensão e respeito de todos e desejo uma excelente leitura.
Autor: Kevin de Almeida Barbosa — Instagram: @escritorkevindealmeida
Capa: Rafael Cardoso — Instagram: @r.c.dossantos
Revisão: Beatriz Castro — Instagram: @beatrizcastrobooks
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A escuridão era densa e claustrofóbica. As paredes de concreto impediam a entrada de qualquer luz externa. As únicas iluminações eram as lanternas presas nos coletes dos fugitivos, não que fossem muito úteis. O ar espesso era difícil de respirar, cheirava a bolor e ferrugem. Estava quieto, muito quieto; a escuridão os deixava ansiosos, pois era questão de tempo até que encontrassem infectados, mas não tinham ideia de onde ou quando seriam atacados.
Os fugitivos caminharam por alguns minutos. Nenhum sinal de inimigos até o momento. Nem infectados, nem Cascavéis.
— Acho que já nos afastamos bastante, vamos dar uma pausa. — Abby colocou Stiven no chão. — Esvaziem as mochilas. Vamos conferir nossos recursos.
Lev tomou a dianteira e assim todos o seguiram. Após alguns minutos, Susan começou a falar o resultado.
— Temos um kit médico, três flechas, quinze balas de MP5, três pistolas com doze balas pra dividir entre elas e treze balas de Uzi, o que é inútil.
— Merda, só isso... — Abby olhou para Stiven preocupada. — Quão longo é esse túnel, Lev?
— Não tenho ideia.
— Ótimo, deixa o plano de sobrevivência nas mãos de um garoto... — resmungou Rogers.
— Que eu saiba você não teve nenhum plano, nem se quer se pronunciou — retrucou Abby.
— A gente não tinha tempo.
— Exato, a gente não tinha tempo, e o garoto teve mais iniciativa que você — completou ela. — Seja mais agradecido ao garoto que salvou nossas vidas.
— Tá, mas e agora? — Susan contou novamente as balas para ter certeza. — Quem vai ficar com o kit médico? — Abby olhou para Stiven por um momento.
——— Pag 1 ———
— Você não pode tá considerando isso, né?! — Rogers se aproximou.
— Se abrir a boca de novo, você será um corpo a menos pra dividir suprimentos. — Ela o encarou seriamente. Stiven tossiu, abriu os olhos por um instante e vomitou sangue.
— Droga! O que você tem?! — Abby o virou para não engasgar no próprio vômito. Ele estava pálido, o corpo duro feito pedra e bolhas no braço.
— Ele tá envenenado — disparou Susan.
— O quê?!
— Os sintomas que a víbora falou. A respiração seca, o rosto derretendo, corpo paralisado. É o veneno de cascavel.
— Mas... Eu a vi guardando a seringa, não tem como.
— Talvez a faca estivesse banhada em veneno — completou Cintia com dificuldade. Estava sentada, segurando seu braço destroçado. Lev pôs a mão no corte em seu rosto, o olhar preocupado, mas se virou para disfarçar.
— Droga! Droga! — Abby encarou Stiven e socou o chão. — Por que tem que ser assim?! Toda vez! Todo mundo morre nessa merda de mundo! Caralho! Por que a gente ainda fica lutando?
Ela sente uma mão encostando na sua.
— Cu... ra... — Saiu a voz fraca e trêmula.
— Stiven? Tá me escutando? — Ela chegou mais perto.
— Cu... ra... — repetiu ele.
— Desculpa Stiven, não temos cura pro veneno... — Fechou os olhos e forçou os dentes enquanto apertava sua mão no peito. — Me desculpa.
— Não... Garota... imu... ne. — Ele se esforçava, a voz seca como se sua garganta estivesse se deteriorando. — Cura... esse mundo... de merda... — Tossiu um pouco de sangue. — Me prome... te! Um... futuro... me... lhor.
— Eu... Eu prometo. — Abby apertou a mão de Stiven, seus olhos inundados não seguraram mais o choro. Stiven puxou com dificuldades a mão de Abby e a colocou sobre sua faca. — Faça...
Stiven olhou nos olhos de Abby e acenou com a cabeça. Ela apertou as mãos com força, sentia um vazio consumindo seu peito, uma dor diferente dos machucados de batalha. Fechou os olhos por um instante e veio a imagem de Owen em sua mente. Num piscar de olhos, a imagem de Owen morto e ensanguentado no chão se tornou Stiven, exatamente da mesma forma. Abby largou a faca, relutante.
— Acaba... com essa... mer... da de mundo — se esforçou Stiven. Abby pegou a faca dele e apontou para a garganta. Respirou fundo, engoliu o choro e olhou nos olhos dele.
— Vou curar essa merda de mundo. Eu prometo. — Rasgou a garganta do rapaz. Seu olhar fixo na escuridão.
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——— Pag 2 ———
Minutos pareciam horas naquele enclausuramento. A cada passo, sentiam como se caminhassem em direção à morte. O ar cada vez mais denso, até que finalmente surgiram os primeiros esporos. Era difícil enxergar algo que não fosse vislumbres de carros capotados e enferrujados. Tudo estava coberto de lodo e fungos. Eles vestiram suas máscaras e ficaram ainda mais cautelosos. O breu era angustiante, o ambiente claustrofóbico os deixava agoniados e apreensivos. Abby e Lev lideravam o grupo na dianteira. Rogers e Susan protegiam a retaguarda. Cintia andava no meio deles, com uma tipoia improvisada e um pedaço de trapo com álcool em volta de seu braço.
— Ei! — Susan se aproximou de Abby. — Foi legal da sua parte deixar que Cintia usasse o único kit médico.
— Ah, tudo bem.
— Como está seu ombro? — Susan esticou o rosto para conferir.
— Ainda dói. O pouco de álcool que tínhamos ajudou a esterilizar, mas a ferida ainda tá aberta.
— Ainda bem que você pegou a jaqueta do Stiven. Pelo menos protege a ferida dos esporos desse lugar.
— É... — O rosto abatido de Abby lembrava do que teve de fazer.
— Eu não tô gostando nada, nada desse lugar — sussurrou Susan, olhando para todos os lados enquanto se coçava compulsivamente, como se fosse um tique nervoso.
— Precisamos achar alguma saída e rápido — respondeu Rogers.
— O que é aquela luz lá em cima? — Lev apontou para o teto. Bem distante, ofuscado pelos esporos, havia brilhos como flashs que pareciam se mover.
— Parece uma lanterna. — Abby cerrou os olhos encarando.
— Pode ser uma plataforma improvisada, tipo aquelas que os Serafitas faziam para escapar dos lobos — disse Lev com a voz meio rouca.
— Faz sentido. É perfeito para evitar qualquer coisa que esteja aqui embaixo. — Abby se aproximou de Lev. — Alguma ideia de como chegamos nela?
——— Pag 3 ———
— Mas e o brilho? E se forem Cascavéis? — perguntou Susan.
— Não é provável. Se fossem eles, seriam várias luzes — explicou Lev. — Além do mais, esse tipo de caminho geralmente é usado por pessoas que conhecem a região, o que não é o caso dos Cascavéis. — Lev tossiu algumas vezes enquanto falava.
— Você tá bem? — Abby pôs a mão em seu ombro.
— Tô sim, só não gosto de usar essas máscaras.
— Por que ainda não vimos infectados? — sussurrou Cintia com dificuldade.
— Esse lugar é muito fechado, não tem luz nem alimento para eles. Não tem porque ficarem zanzando por aí — continuou Abby. — Eles vão procurar pelo lugar mais escuro e úmido pra espalharem seus esporos e hibernarem até que alguma presa os acorde.
— Algo me diz que estamos próximos deste lugar — respondeu Rogers, apontando a arma para todos os cantos.
— Provavelmente não terá corredores aqui. Nesses lugares, o estágio de infecção é mais avançado. Não temos como sobreviver numa luta direta. Nossa única chance é passar sem sermos notados. Então não relem em nada e chega de conversa — advertiu Abby.
Eles andaram mais alguns minutos em silêncio absoluto. A escuridão total em meio a uma floresta de metal e fungos pregava terríveis peças. Não saber se uma estrutura era um carro ou um baiacu dava taquicardias a cada virada de cabeça. O ambiente ficou mais abafado, dezenas de esporos voavam no ar formando sombras estranhas ao refletirem na luz das lanternas. O calafrio na espinha era constante.
Por mais experiente que Abby fosse, suas mãos tremiam. Essa situação a lembrava da vez que ficou presa em um prédio com Lev. Porém, aquele momento era muito pior. No prédio, havia lugares um pouco iluminados, muitos recursos e áreas para fugir. No local em que estavam, os carros enferrujados estavam cobertos de fungos, abrir uma porta causaria um rangido que alertaria um enxame de infectados que jejuavam há décadas. A escuridão intensa tornava impossível achar rotas de fuga. Ela torcia para que a outra extremidade do túnel estivesse aberta, caso contrário, a jornada deles terminaria ali.
Abby cutucou Lev e apontou para cima. A luz, que estava próxima ao teto minutos antes, aparecera de novo, ainda distante, piscando algumas vezes.
——— Pag 4 ———
— Ahf! — Susan tapou a boca abafando um grito. Seu corpo estremeceu inteiro, os joelhos ficaram bambos e se escutou o bater do coldre em sua perna por conta dos tremeliques.
Abby olhou para o rosto da garota. Estava em estado de choque, claramente segurando seu choro. Abby se virou e viu o que a assustou tanto. Por um instante, suas pernas cambalearam, sentiu um calafrio intenso desde seu calcanhar até a nuca. Um enorme baiacu, um dos maiores que já viu na vida. Estava preso na parede junto a um extenso bloco de fungos. Rogers, mirou instintivamente na cabeça da criatura. Abby abaixou o cano da arma dele e apontou seu dedo para o lado do baiacu. A parede de fungos se estendia com pelo menos mais sete infectados também presos a ela. Lev puxou a blusa de Abby e apontou para o outro lado em direção aos carros. Todos olharam e, imediatamente, foram inundados pelo mesmo pensamento iminente:
A própria morte.
Uma enorme estrutura de fungos juntando diversos veículos, se prendendo ao chão, parede e parte do teto. Devia ter uns sete metros de comprimento. Nela, estavam dezenas e mais dezenas de infectados presos. A visibilidade era quase nula pela quantidade de esporos que aquela estrutura infernal emanava. Mesmo estando de máscara, a respiração era cada vez mais difícil. Ali perceberam que mesmo se estivessem lotados de munição, não conseguiriam matar um terço dos infectados do local. Rogers, trêmulo, baixou sua arma. Cintia caiu de joelhos, seu rosto sem expressão, apenas um olhar vago para o nada. Susan ainda tentava segurar os soluços de seu choro.
Lev sentia o chão girar, seu estômago o esmurrava de dentro para fora e sua respiração queimava a garganta, fazendo-a coçar de dentro para fora, mas tentava ao máximo não tossir, pois sabia que isso seria fatal para o grupo. Sua visão lhe mostrava apenas borrões e seus braços não respondiam mais seus comandos. Como se a visão horrenda em sua frente tivesse acelerado o infortúnio que consumia seu corpo. Abby estava do seu lado, paralisada. Seu coração batia na mesma intensidade de quando entrou no ninho do rei dos ratos. Suas pernas tremiam e sua máscara embaçava do suor frio que escorria em seu rosto. Um sentimento de morte a derrubava mentalmente. Era como se soubesse que não tinham escapatória, que todos seus amigos morreram e continuariam morrendo em vão. Não queria mais lutar, era muito cansativo, muito doloroso. Talvez morrer fosse a melhor alternativa. Uma dor intensa e depois paz. Parecia mais agradável do que sua vida, repleta de dores intensas seguidas de dores mais intensas. Físicas e emocionais.
——— Pag 5 ———
Ela virou-se para Lev e viu o garoto petrificado, como em um transe. Ela sentiu o medo do garoto só de olhá-lo. "Ele não merece isso" ela pensou. "Perder a mãe, a irmã, ser rejeitado por sua própria tribo. Ele tem um coração bom, merece um futuro melhor.". "Um futuro." A palavra pairou em sua mente. A imagem de seu pai veio à mente. Uma vez em que ele contava do mundo antigo, das máquinas, das pessoas, dos lugares divertidos. Dizia que queria achar a cura por ela, para que ela pudesse ter um futuro; e para que todos que amava pudessem ter um futuro de paz e felicidade. A imagem de seu pai se transformou no rosto de Owen, no momento, em que estavam no barco. Owen dizia querer lutar por uma causa que valesse a pena. Lutar por aquilo que achava certo para a humanidade. Em seguida, sua mente em devaneios trouxe os últimos momentos de Stiven, o rosto ensanguentado e as mãos dadas à Abby, os olhares conectados e suas últimas palavras.
"Cura... esse mundo... de merda... Me prome... te! Um... futuro... me... lhor"
"Um futuro..." Novamente a palavra ecoou em sua mente. Ela olhou para Lev e pensou: "Eu vou curar esse mundo, Lev! Eu vou te dar um futuro!"
Então, ela empurrou Rogers e Susan para que seguissem caminho. Eles andaram devagar, evitando qualquer som que pudesse iniciar um banquete sanguinário. Ela voltou para buscar Lev, mas, antes de chegar, avistou Cintia ajoelhada, apontando sua arma para seu queixo. Um tiro e estariam todos mortos. Lev catapultou seu arco em um movimento forçado e sem mira, acertando o braço de Cintia. O revólver caiu no chão e deslizou até bater em uma parede de fungos. Todos ficam tensos, pois o som do impacto do revólver ecoou no túnel. Todos pegaram suas armas e olharam ao redor, rezando para que a hibernação não se interrompesse. Um leve estalo de estalador ressoou. Todos ficaram imóveis, o mais silenciosos possível. Ninguém conseguiu distinguir de onde veio o barulho. Por sorte, o silêncio pairou novamente e nada aconteceu. Abby se aproximou de Lev e o puxou para seguir caminho. Ele andou de forma travada e cambaleante. Cintia continuava ajoelhada, olhando para o revólver no chão. Abby a puxou pelo braço saudável, tentando levantá-la, mas a garota continuou ajoelhada. Sem muita opção, Abby se afastou com Lev, deixando Cintia para trás.
——— Pag 6 ———
De repente, um som áspero de descascar, parecido com cimento apodrecido rachando e esfarelando. No local onde a arma de Cintia esbarrou, uma perna se desprendeu de uma crosta de fungos presa em uma caminhonete e, em seguida um braço. Rogers apontou a arma para a criatura, mas Abby se colocou na frente, pois sabia que um tiro acordaria todos os outros.
— Cintia! Vem pra cá! — sussurrou Abby.
O estalador se desprendeu totalmente da crosta, e caminhou em direção à Cintia, que continuava sentada encarando a criatura se aproximar.
— Cintia, caralho! Sai daí! Agora! — insistiu Abby.
O estalador se inclinou, a cabeça próxima de Cintia que prendia a respiração. O rosto da criatura a um palmo de distância do rosto da garota, que derramava lágrimas em silêncio. O estalador gritou, sua voz gorgolejando sangue. Cintia se assustou abafando um grito. Todos encararam a situação, torcendo para a criatura não ter notado.... Mas ela notou. O estalador abocanhou o pescoço de Cintia, que berrou com força.
O grito da garota junto a selvageria da criatura, acordou os outros infectados, que começaram a grunhir e se desprender das paredes de fungos. Em um efeito cadeia, cada infectado que se desprendia e grunhia acordava outro infectado. Em poucos segundos, dezenas de infectados despertaram de sua hibernação coletiva.
— Vai! Vai! Vai! — Abby empurrou seus companheiros. — Sem barulho! Vai!
Eles correram aos tropeços, sem enxergar muito bem por onde estavam indo. Por vezes, esbarravam em carros e fungos, libertando mais infectados. O silêncio não existia mais. Gritos, grunhidos e crostas rachando ecoavam em uma sinfonia mortal. Bem no fundo, ouviam o som de mastigação dos restos mortais de Cintia. Pelo menos o barulho excessivo atrapalhava a caça das criaturas.
Lev começou a tossir e diminuir a velocidade, mas Abby o puxou pelo braço, mantendo-o no ritmo. Se a visão já era praticamente nula enquanto andavam, correndo então ficou muito pior. Vislumbres de carros, mofos e vácuo negro infinito com uma nevasca mortal de esporos até que finalmente uma parede de rochas apareceu na frente deles.
——— Pag 7 ———
— Que isso?! — Rogers pôs as mãos na parede. — Por que tem uma parede aqui?
— Vai contornando! — Susan tateava a parede se dirigindo para a lateral, até que encontrara uma quina. — Não tem saída! Cadê a saída, caralho?!
— O quê?! Não, não, não! — Abby estava inconformada, Lev ainda tossindo ao seu lado.
— Deve ser outro deslizamento tapando a saída, a gente tem que tirar as pedras. — Rogers tentou escalar.
O barulho de infectados começou a ficar mais intenso. Passos inquietos e gargarejos monstruosos.
— Não dá tempo! O barulho das pedras vai atrair os infectados antes de terminarmos. — Abby virou a cabeça incessantemente procurando alguma outra opção. Lev agora tossia mais forte e alto.
— Faz esse moleque parar! Vai atrair os infectados! — disparou Rogers.
— Lev! Lev! Olha pra mim! Respira! A gente vai sair dessa! — Abby pôs as mãos nos ombros dele e o encarou. Seu rosto estava pálido e suado, seus olhos giravam e seu corpo estava duro, como se faltasse óleo nas juntas de um robô. — O que você tem, Lev? — Sua tosse piorava, agora vestígios de sangue saíam de sua garganta e manchavam o vidro de sua máscara.
— A faca! — A voz de Susan saiu fraca. — Víbora cortou o rosto dele com a mesma faca que cortou Stiven. Ele tá envenenado!
Abby viu o corte na maçã do rosto de Lev. Seu corpo congelou e seu mundo caiu. Por um instante, um grande vazio invadiu sua mente, como se nada mais importasse, como se ela não existisse mais. Apenas ficou ali, parada, olhando para o garoto tossindo sangue. Os gritos dos infectados se aproximavam e, agora, também era possível ouvir seus passos e esbarrões.
— Ele tá atraindo eles! — Rogers partiu para cima de Lev.
— Pera, o que você vai f... — Abby foi derrubada com um empurrão de Rogers, que pegou Lev pelo colarinho e sacou sua faca.
— Desculpa, garoto, não é nada pessoal.
"BLAM!"
——— Pag 8 ———
Um tiro ecoou tão alto que pareceu percorrer o túnel ida e volta. Os grunhidos dos infectados se tornaram berros horrendos e selvagens sedentos por carne. Os sons de passos tortos se transformaram em uma corrida avassaladora como um tsunami consumindo o caminho à frente. O barulho se tornou ensurdecedor e atordoante, aumentando o desespero e a sensação de que, em breve, seriam dilacerados vivos. Lev caiu no chão junto à faca de Rogers, que estava com o braço baleado.
— O QUE VOCÊ FEZ?! — disparou Susan, as mãos na cabeça e olhos arregalados.
Abby ainda estava parada, a fumaça saindo pelo cano da arma, seu corpo paralisado em um transe observando o braço de Rogers gotejando sangue e Lev caído no chão.
— VOCÊ MATOU TODOS NÓS! — Rogers tapou a ferida com a mão e olhou para Lev.
— Não rela nele! — Abby levantou e correu até Lev, sua arma ainda apontada para Rogers, que se afastou. — Vamo, garoto. Você disse que ia me fazer ler aquele livro da Profetiza, né? — Apoiou Lev no ombro bom e segurou sua arma com o braço machucado pela mordida do cachorro, penalizando sua mira. — Eu quero ler! Me conta dele. — Dirigiu-se até um ônibus próximo a eles. Lev ainda tossindo, o corpo fraco demais para ajudar em algo. Apenas corria aos tropeços segurando-se em Abby, tentando acompanhá-la miseravelmente.
Susan estava parada sem saber o que fazer, Rogers tentou ir para o lado oposto, mas, ao virar, sua lanterna o mostrou bocas, garras e corpos correndo aos montes. Os dois então seguiram Abby até o ônibus. Eles entraram pela parte de trás do veículo e tentaram atravessar para o outro lado, mas a catraca formava uma parede de fungos impedindo a saída.
— Ela dizia que tem luz até na mais profunda escuridão, não é?! — Abby insistia na conversa com Lev, que mal se movia e era praticamente carregado. Abby estava numa espécie de transe cuja a única função era tirar Lev de lá.
Alguns infectados começaram a entrar no ônibus, Rogers, que estava por último, começou a atirar para atrasá-los. Abby usou a trava de segurança, derrubou uma das janelas e passou por ela junto a Lev. As balas de Rogers acabaram e ele correu logo atrás de Susan, que estava pulando a janela. Um dos assentos coberto de fungos se quebrou, surgindo um infectado que segurou o braço de Rogers que deu algumas coronhadas na criatura tentando se soltar.
——— Pag 9 ———
— ROGERS! — Susan se virou ainda na janela, seu rosto vermelho cheio de lágrimas.
Uma janela do lado oposto da que Abby fugiu, se quebrou. Braços de infectados surgiram prendendo Rogers que gritou enquanto era devorado, ao mesmo tempo que dezenas de infectados inundavam o ônibus. Susan seguiu Abby, que saiu no meio dos carros olhando para todos os lados tentando ter alguma ideia pra sobreviver.
— Fica comigo, Lev! — As pernas do garoto já não corriam mais e Abby teve que colocá-lo de vez no ombro. O som dos infectados ecoava tão forte e alto, que parecia um zunido constante de terror e morte, violando seus ouvidos, atordoando qualquer linha de raciocínio. Um rugido horrendo e feroz se sobressaiu ao zunido mortal. Em seguida, bumbos rítmicos e estrondosos se aproximavam com rapidez. Abby avistou um caminhão e correu até ele.
Susan a seguia a poucos metros de distância até que um vulto negro surgiu do nada em alta velocidade. A grande massa prensou Susan em uma Kombi que se dobrou em "V". Abby olhou de relance para trás e enxergou um grotesco baiacu comendo os restos gosmentos do bolo de carne crua que se tornou Susan. Distraída pelo choque do que acabou de ver, topou de frente com o caminhão e caiu junto a Lev. O mutirão de infectados estava a poucos passos dos dois. Em um reflexo, Abby se jogou para baixo do caminhão e puxou Lev. Sua lanterna mal iluminava o caminho por conta dos movimentos bruscos que Abby fazia. Apenas cabeças, mãos e fungos se mostravam aos flashes revelados pela luz.
Abby estava sufocada, sua máscara embaçada pelos fluidos corporais de adrenalina. Ela arrastou Lev para o outro lado do caminhão, que estava a meio metro da parede, então levantou com dificuldades no espaço estreito e tentou puxar Lev, porém sentiu resistência. Havia um infectado segurando a perna do garoto, abocanhando ao vento a poucos centímetros de seu All-Star. Em prantos, Abby atirou várias vezes torcendo para que algum tiro acertasse a criatura e, por pura sorte, atingiu o ombro. Ela puxou Lev que se encontrava desmaiado.
——— Pag 10 ———
Ao lado dela, havia uma escada que levava ao topo do caminhão. Com o braço bom, Abby segurou a cintura de Lev, com o outro, guardou a arma e começou a subir. Sua ferida no ombro latejava a cada degrau que puxava seu corpo junto ao do garoto. Não sentia sua pegada na escada, seu braço formigava e fraquejava. Por debaixo do caminhão, via os infectados rastejando para fora e tentando ficar em pé.
Mais uma vez os estrondos rítmicos surgiram e um solavanco intenso pelo outro lado jogou a traseira do caminhão contra a parede. A pancada a desequilibrou, fazendo seu braço se soltar da escada. Abby sentiu-se cair por um instante e perdeu a pegada de Lev. Suas costas encontram a parede dando apoio com suas pernas na escada do caminhão, impedindo sua queda. Seu braço se lançou no colarinho de Lev, segurando-o, fazendo-o balançar como um pêndulo. Os infectados de baixo tentavam alcançar Lev a todo custo. Por vezes, suas mãos batiam nos pés dele, o fazendo balançar ainda mais. Um grito de esforço com os olhos fechados e Abby usou suas últimas forças para jogar Lev no teto da caçamba do caminhão, então subiu em seguida.
Olhou ao redor, a escuridão e esporos, o caminhão cercado por um mar de infectados que ondulava com sua correria. Olhou para o garoto, seu corpo duro e inerte, sua máscara com respingos de sangue por dentro. O zunido de gritos e grunhidos se silenciara em sua mente. O abraçou e encarou seu rosto. Suas lágrimas jorraram em uma deprimente desistência e aceitação.
— Me perdoa, Lev. — Soluçava. — Me perdoa...!
Seu corpo inteiro formigava, sua visão estava turva e confusa e sua mente ainda silenciava tudo ao redor. Os braços dos infectados começavam a aparecer na borda do caminhão chacoalhando cada vez mais, porém uma luz vinha em sua direção. Ela apertou mais Lev em seu abraço enquanto a luz se aproximava mais e mais até que nela apareceu uma silhueta. Era seu pai. Ele estendia sua mão para Abby e dizia. "Aqui. Vem pra cá." Abby estendeu sua mão.
Era isso. O fim. Ela sentiu a mão quente tocando a sua. Física, Palpável. Sentiu-se sendo puxada com força. Abraçou Lev ainda mais forte e ambos foram erguidos. Seu corpo pairava em outra superfície agora, uma gelada e úmida. Abby se via como uma criança de cinco anos, joelhos na lama, abraçada com Tompson, seu ursinho de pelúcia. Seu pai segurava sua mão e a continuava puxando. Eles corriam pela lama no campo com as flores em volta do caminho.
——— Pag 11 ———
— Papai! Onde estamos indo? — perguntava a pequena Abby.
— Vem comigo. Vou tirar vocês daqui — dizia seu pai.
Eles correram até uma porta no meio do campo, sem nada em volta. Seu pai a abriu e eles entraram. Uma linda floresta banhada pela noite estrelada. Ela se virou e viu seu pai prendendo a porta com pedaços de troncos cortados milimetricamente. Seu ursinho pesava em seu braço que começava a doer. Seu pai virou-se para ela, pôs as mãos em seus braços e, sorrindo, perguntou: "Você está bem?"
Abby queria responder, mas, por algum motivo, sua voz não saía. Seu corpo começava a formigar e sentia um forte enjoo. Novamente seu pai repetiu a pergunta, porém seu rosto mudou, parecia agora com o rosto de uma mulher. Assustada, Abby se jogou para trás. Seu ursinho pesava tanto que não conseguia mais segurá-lo. Ela olhou para Tompson e viu que sua pelúcia se transformou em um garoto e, imediatamente, o largou no chão. Seu ouvido começou a zunir forte enquanto seu corpo inteiro doía de forma agoniante. O formigamento muscular tomou conta de todo seu tato. Sentia como se espremessem seu estômago até que sua garganta queimou e o vômito se pôs para fora. Mas tinha algo errado, seus fluídos não caíam no chão, mas inundavam seu rosto como um submarino naufragando. Abby tentou levar as mãos ao rosto, mas suas mãos bobas se debatiam inutilmente em sua cabeça. A mulher, que antes era seu pai, se aproximou e retirou a máscara que lhe impedia de respirar.
O vômito caiu e finalmente uma puxada intensa de ar levou oxigênio para seus pulmões, rasgando sua garganta dolorida como giletes. Seus ouvidos voltaram a zunir enjoando-a ainda mais. Outro vômito e, então, seu corpo caiu estremecendo no chão. Sua visão embaçada viu a silhueta da mulher se aproximar. A luz que emanava dela era a mesma que se lembrava do túnel. Seus olhos piscaram pesadamente... Uma... Duas vezes. Então se fecharam.
——— FIM ———
E você, sobreviveu até o fim deste volume? O que aconteceu com Abby? Lev ainda está vivo? O que foi esse encontro com o Jerry (Pai de Abby). Deixa nos comentários o que achou e as teorias para o próximo volume. Curta e compartilhe para aquele(a) amigo(a) que ama The Last of Us.
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@escritorkevindealmeida
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The Last of Us Part 3 Fanfic
FanficApós a conclusão de The Last of Us Part 2, Abby e Ellie sobem em barcos distintos e seguem por direções opostas. Ellie retorna à Jackson e descobre que Dina partiu em busca de alguém. Já Abby e Lev encontram os Vagalumes que ainda buscavam a cura. D...