CAPÍTULO II

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Na tortura de um criminoso que tentara invadir a minha cobertura, el "Tetto Nicolo", para tentar contra mim e até roubar alguns pertences, deixei de lado a carta que ia mandar para Srta. Hong que tinha começado a escrever. Era Sra. Rossi que enviava para Coreia por mim. Ela também era responsável em cuidar da limpeza da cobertura quando precisava.

Coreana residente na Itália desde criança e mais velha do que eu uns 25 anos, tinha uma história um pouco parecida com a minha, mas com um final feliz, pois a sua mãe a encontrou depois de desaparecida e faleceu de velhice aos 105 anos, vivendo ao seu lado.

A conheci em um momento conturbado antes de tomar pose da Ilha em Malta, vivendo em condições não muito boas com o filho que a maltratava. Tentou se vingar de mim, após eu tirar a mãe de suas serventias e a lição a ele foi dada após tentar invadir a minha cobertura. Era um hacker de merda que rastreou a localização da mãe em uma das vindas para minha casa. Sei por que encontrei um dispositivo em sua bolsa que fiz questão de deixar uma mensagem e quebrar em mil pedaços. Um cretino que não se importava com ninguém mais além dele mesmo. Não precisei eliminar. A resposta de um vilão após a tortura é a morte, ele havia entendido bem o recado e aqui não viria mais e nem maltrataria mais a sua mãe.

Sra. Rossi não me conhecia de fato como Chefe da Máfia, decidi não contar, pois nem todos entendiam essa minha posição além da Família Geumga, incluindo o pai da senhorita Hong e claro, ela própria. Desta forma quando algo de diferente acontecia, como a pequena "poça de sangue" próximo a porta, que na realidade se tratava de um corte que fiz no pescoço do seu filho delinquente como forma de aviso, para ela, os meus dois dedos enfaixados representavam a poça de sangue enquanto praticava algumas artes maciais. Não deixava de ser uma inverdade, eu tinha realmente me machucado mas enquanto cortava alguns legumes para uma sopa. 

- Senhora Rossi, onde está a carta que eu estava escrevendo? - Era sexta-feira à noite e eu estava partindo para Malta. Aos finais de semana ela normalmente ficava em minha cobertura, mas depois do ocorrido e por não saber se voltaria logo a convenci que permanecesse no décimo andar que aluguei para sua proteção momentânea. 

- Senhor Cassano, já coloquei para envio. Não era para ter colocado? - a verdade é que com o ocorrido, eu não me lembrava se tinha terminado de escrever ou não. Algo me dizia que sim, mas não tinha certeza.

- Não, sem problemas. Já estou indo. Se cuide! - sem delongas me despeço rapidamente, puxo a mala de rodinhas apertando a maçaneta da porta para sair.

- Senhor Cassano!! O Senhor não está esquecendo de nada? - viro e a olho com um ponto de interrogação imenso sobre a minha cabeça. Ela abre os braços e de fato esperava um abraço de despedida. Minha vida de mafioso não me dava tempo para sentimentalismos bobos que não levavam a lugar algum, mas, sentia que Sra. Rossi me via como seu filho e eu tenho que confessar que gostava dessa ideia. 
Rapidamente e de forma receptiva esboço um meio sorriso sem mostrar os dentes abrindo os meus braços. Ela vem rapidamente em minha direção, selando o abraço. 

- Grazie!! -  única palavra que consegui dizer, antes do até logo. 

- Cuide-se. - Após soltar-me alisa meu antebraço. Imediatamente me viro e saio fechando a porta atrás de mim. Ativo o dispositivo de segurança que tinha conexão comigo e com Luca. Agora ficaria de certa forma mais tranquilo.



•••



Me levanto rapidamente, correndo para destrancar a porta do escritório. Felizmente senhor Nam chega no mesmo instante que abri a fechadura.

- Senhorita Cha Young, está tudo bem? Parece que viu fantasma. - Sr. Nam percebe logo que não estava nada bem.

- Pior que isso! Me ajuda Senhor Nam. - Ele solta rapidamente os objetos de limpeza no chão e segura em meu braço para que eu não caia. Minha visão estava meio turva, escurecendo, mas eu sabia que era porque a carta tinha me impactado e me levantei rápido demais para abrir a porta. Senhor Nam me direciona até a cadeira. No instante que me sento, respiro fundo e entrego a carta em suas mãos para que ele mesmo leia. 

- Que mancha estranha é essa? - antes mesmo de começar a ler percebe a mancha de sangue na carta. - Pelo o que me parece Cha Young é uma digital. - Afirma Sr. Nam enquanto olhava bem de perto.
Fico em silêncio por alguns minutos, tentando me recuperar enquanto ele lia em voz alta. - Mas, eu não entendi... - me entrega a carta.

- Preciso me comunicar com ele! - Levanto determinada em direção a minha mesa para pegar o celular. Apressadamente desbloqueio a tela, busco nos contatos o seu número e disco. Não chamou nem uma vez e deu fora de área. Quando eu bem quisesse, seria realmente impossível falar com ele. Tento de novo, de novo e de novo. Pelo menos umas cinco vezes a cada dois minutos. Sem sucesso. Fora de área. Fico extremamente desolada e coloco de maneira brusca o celular em cima da mesa.

- Calma Cha Young!!! 

- Não, não vou ficar calma!!! Cansei de me preocupar com quem não se interessa pelo que eu sinto. Como pode uma pessoa não ter sentimentos? Ser tão frio! - Bufo, sentando-me na cadeira mais próxima com os cotovelos sobre a mesa passando às mãos pelos meus cabelos. - Há um ano exatamente, só nos comunicamos por cartas desde sua aparição na Celebração das Relações Diplomáticas Coreia e Itália.  - Por um instante lembrar daquele momento me faz ficar nostálgica e de uma certa forma até me acalmar um pouco, porque passei a lembrar de tudo que ele era e passou a ser depois daqueles dias. Do fato de nem poder pisar aqui na Coreia e não querer me comprometer com ligações. Eu estava sendo um pouco ingrata. - Tá, eu entendo, ele só quer um pouco de paz... - Olho para o Senhor Nam que me observa com estranheza após a minha fala, pois a dois minutos estava bufando, batendo até no vento se passasse.

- Cha Young é impressionante!!! 

- Lá vem... O que dessa vez? - pergunto em tom sério com um meio riso nos lábios.

- Como você é parecida com ele. 

- Com meu pai, mas isso você já me disse...

- Não, não, não! Ele também, mas me refiro... - o olho com estranheza. - Digo com o Senhor Cassano. - Me surpreendo, arregalando os olhos. Não aguento e começo a gargalhar alto, batendo a palma da mão na mesa.

- Como uma mafiosa? Bipolar? Séria ou cômica? - ironizo. Continuo gargalhando e não consigo parar. - Eu sou Cha Young Cassano!! - Engrosso a voz para tentar imitar o Vincenzo, mas ficou péssimo. Sr. Nam não se aguenta e também cai na gargalhada.

- Bem, a conversa está boa, mas deixe-me limpar a sujeita do café que a Senhorita fez. - Dou um meio sorriso, fingindo estar sem graça. 

- Obrigada Senhor Nam. Mas, escuta... - ele se vira imediatamente. - Por que disse que me pareço com o Senhor Cassano? - agora mais séria, pergunto só por curiosidade.

- Ah, eu considero vocês muito atentos e preocupados com as situações do cotidiano um do outro e de todo mundo a sua volta. Perderam pessoas importantes da família e mesmo assim, continuam firmes. Um querendo cuidar do outro, não pensando em si próprios mas olhando para todo mundo a sua volta. Digamos que até na braveza. - Sorrio de canto de maneira terna com essa definição perfeita que o Sr. Nam fez. - Vocês formam um cas... - engasga-se ao quase soltar a palavra "casal". - Quero dizer uma dupla infalível. - Sr. Nam sorri sem graça.

- Senhor Cassano não pensa assim... 

- Eu sei que pensa, só não é capaz de demonstrar... - Fico extremamente pensativa com a fala do Sr. Nam, por pelo menos dez segundos, mas logo resolvo desfocar minha mente disso e ajudá-lo a limpar tudo. Eu? Parecida com ao Sr. Cassano? Não mesmo.

Vincenzo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora