O Baile - Parte 1

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Poseidon o olhava dos pés à cabeça, apoiando o queixo em uma das mãos, enquanto um sorriso orgulhoso começava a se formar nos lábios parcialmente escondidos pelo bigode espesso e bem cuidado.

- Este lhe agradou senhor Poseidon?

Um homem vestindo uma camisa social verde musgo por baixo de um colete preto perguntou ao lado do mais velho, também sorrindo para o reflexo de Percy no espelho.

- Com certeza, por favor embale esse e o vintage vinho do mesmo tamanho, e o mais novo da sua coleção para mim, coloque na minha conta.

O funcionário sorriu, fez uma rápida reverencia e saiu animado.

- Vou lhe devolver assim que a festa acabar — Percy cuspiu, enquanto dobrava cuidadosamente o terno azul e começava a desabotoar a camisa social.

- Ele é seu, não precisa me devolver.

- Eu não quero nada de você, vou pra essa festa idiota pra você sair do meu pé, só isso.

Poseidon riu.

- Eu ainda sou seu pai Percy, devia ter mais cuidado ao falar comigo.

- Ou o quê? Vai me colocar de castigo?

O mais velho não respondeu, o sorriso vacilou por um instante, mas voltou rapidamente a marcar a face bem tratada do homem.

- Não, mas você sabe que eu tenho tentado, mas você não Percy, estou tentando retomar sua confiança, mas você tornar tudo isso mais desgastante do que deveria ser — Poseidon falou, não escondendo o cansaço em sua fala.

Percy sentiu o corpo ficar rígido e um peso tomar seus ombros. Ele estava mesmo o culpando por algo que Poseidon causou? Uma risada sem graça escapou do mais novo, que se virou para o pai com uma postura tão séria quanto.

- Você está me culpando por algo que causou?

- Percy, eu não estou lhe culpando por nada, mas qualquer pessoa ficaria desgastada na minha posição.

- Na posição que você se colocou — Corrigiu.

Poseidon massageou os olhos fechados e cansados, enquanto suspirava contido.

- Eu sei o que eu fiz, mas eu não me arrependo de ter tido Tyson ou Tritão, e nem controlo meu amor por Anfitrite, eu só sinto muito pela forma como eu fiz, como eu machuquei você e sua mãe, jamais foi minha intenção.

Percy escutava tudo aquilo e parecia que alguém havia lhe enfiado uma faca. Estava começando a sentir novamente os pulmões falharem consigo e a falta de ar se instaurar, escondeu as mãos suadas embaixo do terno dobrado e pendurado em suas mãos, e tentava se convencer que ninguém mais no lugar podia escutar o seu coração bater acelerado.

Era duro escutar Poseidon admitir que não se arrependia de ter tido outros filhos ou se apaixonado por outra mulher, era ainda mais difícil notar como ele se esforçava para ser a vítima daquela situação, quando quem realmente sofreu foi um Percy que na primeira vez ainda não havia nem mesmo nascido e posteriormente quando era novo demais para entender os erros do homem que apareceu repentinamente dizendo ser seu pai. E claro sua mãe, Sally, que teve que passar por uma gravidez inesperada praticamente que sozinha, se sustentar com as migalhas que recebia de pensão e cria-lo tendo que abdicar de seus sonhos e do seu próprio bem estar para trazer algo para casa e proporcionar uma boa educação e vida.

Claro, Percy era grato por Tyson que havia sido a única coisa boa que saiu de tudo aquilo, e sabia que não havia como ordenar ao coração do mais velho que continuasse amando sua mãe, mas ele falava de uma forma quase como se orgulhasse da traição, sendo sua única desculpa sua própria fraqueza.

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