A Rainha do Baile

Capítulo 10

       Eu sempre gostei do clima de espectativa e empolgação que pairava sobre a escola antes de um grande jogo, ver todos os cartazes, as caras pintadas e as bandeirinhas pelos corredores me motivavam a ter ainda mais energia quando chegasse a hora de fazer as acrobacias junto com toda a equipe de torcida. Mas agora as coisas seriam diferentes. Eu não estaria lá torcendo com todos, na verdade eu nem mesmo iria assistir ao jogo.

— Nosso time vai acabar com aqueles gatos medrosos! — um garoto passou por mim conversando enpolgado com o amigo.

— Vai Águias! — um trio de atletas gritou em couro.

— Todos são simplesmente perfeitos! E o Tony é o mais gato de todos! — um grupo de garotas passou suspirando e quase cai na gargalhada.

Era engraçado perceber como a maioria delas idealizava os jogadores do time de uma maneira totalmente diferente da realidade. E isso não tinha nada haver com os conflitos existente entre mim e o capitão deles.

Ver a felicidade de todos me fazia repensar sobre a decisão de ficar de fora. No fundo eu queria ver aquela partida; Os Tigres do oeste sempre foram um adversário digno de preocupação, e haviam melhorado ainda mais pelo que pude escutar. Queria saber como andava a tática de todos e qual seria a jogada surpresa que o técnica iria explorar. Mas quando lembrava que minha presença poderia causar um certo desconforto me convencia de que aquilo era o melhor a se fazer. E também não queria ver a Cyerra agarrada ao Tony quando o jogo terminasse.

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Faltava meia hora para o início do jogo quando o Mike apareceu carregando dois violões para minha surpresa.

— O que você tá fazendo aqui? — perguntei rindo da cara de cansaço dele.

— Bem, como você disse que não ia assistir o jogo de hoje eu vim te fazer companhia e para não ficarmos uma hora, só olhando um pra cara do outro, peguei esses violões na sala de música pra que pudessemos praticar um pouco. Mas você vai ter que esperar até que eu me recupere, porque subir as escadas com eles não foi moleza. — fiquei imprecionada, era a primeira vez que ele falava tantas palavras em um curto espaço de tempo. E sobre a atenciosidade dele... Não havia o que dizer.

— Obrigada por me fazer companhia.

— De nada. Agora separe as partituras.

— Sim senhor professor.

Tínhamos acabado de começar quando escutamos uma movimentação no corredor e fomos investigar.

Eram dois torcedores que conversavam.

— Tem certeza de que ele não vai fugir? E se alguém o encontrar? — um garoto moreno perguntou nervoso.

— Impossível. Nunca preocuraraiam no depósito do zelador.  — o outro retrucou.

— Mal posso esperar para ver a cara deles quando descobrirem que seu precisoso tigre desapareceu!

— Com certeza cara! E quando todos souberem que fomos nós dois que raptamos seremos tratados como heróis.

A dupla sumiu e quando olhei para o Mike ele estava tão surpreso quanto eu.

— Acha que estavam falando sério? — ele quebrou o silêncio.

— Não sei, mas se for verdade significa que tem uma pessoa trancada no depósito do zelador.

— Temos que fazer alguma coisa.

— Sim, mas precisamos de ajuda. Vai até o ginásio e tenta encontar o mascote do outro time se ele não tiver lá fala com a Ally.

— Tudo bem, mas e você?