Capítulo 2

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      Quando acordei novamente as únicas pessoas que estavam no quarto eram meus pais e o doutor Bradley, então a realidade de que eu não poderia andar me atingiu como um soco.

— Está tudo bem querida, nós estamos aqui com você. — minha mãe acariciava meus cabelos enquanto minhas lágrimas escorriam silenciosas.

Uma explosão de sentimos se agitava em meu peito naquele momento, raiva, tristeza,  descrença, medo, frustração. Tudo ao mesmo tempo. Era como se eu estivesse presa em um pesadelo, mas diferente dos pesadelos convencionais esse não tinha um fim.

Quando finalmente consegui me acalmar um pouco o doutor Bradley perguntou se eu queria saber como tudo tinha acontecido e quando concordei com um aceno de cabeça ele me explicou.

— Bom Tessa, aparentemente quando seu carro capotou ribanceira abaixo você estava sem o cinto de segurança. — Franzi a testa quando ele disse isso, eu nunca andava sem o sinto de segurança. — Isso fez com que o seu corpo sofresse diversas fraturas enquanto era lançado de um lado pro outro. Seu fígado teve uma grave perfuração, que fez com que perdesse muito sangue. Além disso, em um determinado momento o vidro da frente se quebrou fazendo com que fosse arremessada para fora do carro e com a queda acabou sofrendo uma luxação no lado direito do quadril.

O doutor me explicou que isso acontecia quando o osso que forma uma articulação saí do lugar devido a uma forte pancada.

— As vezes o passiente fica com um deficiência na área afetada ou até mesmo pode perde os movimentos da mesma se não for tratado logo. — explicou para os meus pais e eu.

Mas ele havia dito que essa luxação era no lado direito, e isso não explicava porque eu não sentia as duas pernas.

Então ele contou que o real problema eram as fraturas e a perfuração no fígado. Para me recuperar delas sem correr o risco de morrer com uma hemorragia interna eu teria de ficar sem me mover por um longo tempo. Então a equipe médica me colocou em coma induzido, mais isso acabou agravando a luxação que não foi tratada. E eu também havia sofrido uma pancada na coluna que provavelmente iria comprometer os movimentos da minha perna esquerda por algum tempo.

Enquanto ele dizia isso, tudo o que eu pensava era que não iria voltar a andar.

A partir daquele momento eu  teria de usar uma cadeira de rodas.

Meus pais tentaram ao máximo se manter firme perto de mim, mais eu podia ver a dor e pena nos olhos deles. Ninguém sonha que sua filha se torne uma invalida.  E mesmo que eu soubesse que a maioria dos cadeirantes têm uma vida tão normal quanto qualquer pessoas, era assim que eu me sentia, uma invalida.

— Não podemos fazer nada doutor? Deve haver um outro jeito. — minha mãe se manifestou.

— Vamos utilizar a fisioterapia  senhora Kennedy, faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para que sua filha tenha o mínimo de sequelas possível. E se ela responder bem ao tratamento pode até voltar a andar com a ajuda de muletas, mas ainda assim, precisam estar ciente de que as chances de uma recuperação assim são poucas levando em conta a situação atual. Ainda assim devemos ter esperanças.

Ele estava tentando mostrar o lado bom da coisa, mais não havia um lado bom, não pra mim. Eu não podia andar, não podia fazer as mesmas coisas de antes, a minha vida estava acabada. As lágrimas continuavam caindo livremente e quantos elas se transformaram em soluços pedi para que eles me deixassem sozinha.

Lembro de ter ouvido meu pai dizer que ia ficar tudo bem, que ele e a mamãe estavam ali comigo e que eu não precisava me desesperar. Mais eu sabia que era mentira.

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