A Rainha do Baile

Capítulo 9

    Dizem que o orgulho é um dos grandes males do homem, isso com certeza é verdade, pois é muito difícil uma pessoa orulhosa dar o braço a torcer. Felizmente existem algumas poucas pessoas que conseguem, com um pouco de esforço, transpor o muro que o orgulho constrói em volta de si.

— É serio Tessa, eu já estou com pena do Mike, ele te olha como um cachorro sem dono. — Ally falou durante o almoço no refeitório. Estavamos sentadas numa das mesas mais afastadas, e algumas das minhas antigas amigas nos observavam da mesa dos populares se perguntando por que a Alissa não almoçava mais com elas.

— Você está exagerando. Falei sem dar muita importância.

— Exagero nada, eu nunca vi ele tão pra baixo. — Isabella me olhou sério.

— Já disse que não vou pedir desculpa.

Falei contrariada e saí do refeitório.

Eu não era uma pessoa ruim, na verdade sempre pedi desculpa com facilidade mas dessa vez algo me impedia de colocar a mão na consciência e admitir que  estava errada. Talvez no fundo eu só estivesse testando ele para ver se a amizade que estavamos construindo seria sólida o suficiente pra superar esse obstaculo ou se ela era falsa como a que havia entre a Cyerra e eu.

Não queria cometer o erro de confiar segamente em uma pessoa e depois ser traída pela mesma novamente.

Ainda estava pensando nisso quando cheguei em frente ao meu armário e antes que pudesse abri-lo ele apareceu na minha frente e me entregou uma caixa com uma laço vermelho.

— É pra mim? — perguntei sem entender aquela atitude e ele confirmou com a cabeça. — Mas não é meu aniversário.

— Eu sei disso. — Ele deu um sorriso amarelo — Abre por favor.

Dentro da caixa havia um bombom de chocolate e dois pedaços de papel dobrados. No primeiro estava escrito: Vale um pedido de ajuda.

E no segundo: Você me perdoa?

Fiquei olhando para aquele papel por quase dois minutos em completo silêncio. Sabia que ele esperava uma resposta para a pergunta e me senti uma verdadeira megera por minha atitude grosseira, aquele era o pedido de desculpas mais fofo que eu já havia recebido e como poderia continuar com raiva dele?

— Sim.

Mike abriu um largo sorriso. E me senti feliz por isso.

— Obrigado. Eu tenho um convite pra você.

— De aniversário?

— Não, é pra conhecer um amigo meu. Pode ser depois das aulas.

— Tudo bem.

Eu não fazia idéia de quem era esse amigo, mas se ele tivesse a mesma bondade no olhar como o garoto a minha frente, com certeza iria gostar .

[...]

Convencer minha mãe de que o Mike era uma pessoa totalmente confiável e inofensiva não foi fácil, ultimamente ela estava na defensiva e só concordou com a idéia depois dele enviar a localização do lugar pra ela enquanto tia Bia nos dava carona.

O bairro em que estávamos era parecido com os que meus pais costumavam visitar em busca de casas confortáveis para os clientes que procuravam um lugar espaçoso para os filhos com vizinhos atenciosos de brinde. O que me cativou logo de cara.

— Então, qual é o nome do seu amigo?

— Petter, mas ele prefere ser chamado de Pit.

Paramos em frente a uma linda casa com jardim e notei que também havia uma rampa na porta.