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Verão, a estação do ano favorita de Misato Katsuragi. Major do exército, título que havia recentemente conquistado depois de dolorosos anos em seu posto, tinha o calor grudento do verão como seu favorito por ser o único momento no qual a mulher podia mostrar suas curvas com vestidos apertados e shorts curtíssimos.

Ritsuko Akagi. Médica na sessão de saúde do exercito, gostava do oposto; adorava o inverno, mesmo que não fosse a pessoa mais modesta em questão de vestimenta - e, ah, Misato conhecia muito bem as meias sete oitavos que se perdiam por baixo de sua saia azul marinho em uma renda nada discreta. Gostava de usar suéteres grossos e macios, ficar debaixo de uma coberta pesada com uma caneca de café amargo na mão e um gato em seu colo.

A estação do momento era a primavera, o meio termo perfeito para as preferências do casal. A brisa era morna, apenas o suficiente para conseguir usar uma roupa fresca sem passar frio ou um casaco fino sem necessariamente suar, o ar carregando o frescor das flores frescas e deixando uma sensação gostosa pela cidade.

Naquele exato momento de uma sexta feira à noite, Ritsuko estava no conforto do sofá da sala, o notebook preto apoiado em cima de suas pernas descobertas. Sua única vestimenta era uma camisola branca e justa de cetim, que abraçava a média curva de seus seios e acabava pouco antes da metade das coxas, uma fina fita de renda ornando o fim da peça.

O cigarro mentol recentemente aceso descansava entre os finos e longos dedos de Ritsuko, que tragava profundamente em meio as pausas de sua fervorosa digitação no artigo científico à frente de seus exaustos e pesados olhos verdes.

Volta e meia, Ritsuko se deixava distrair com o constante tique do relógio da cozinha, contando os minutos com ansiedade antes de voltar ao trabalho.

Claro, era normal que Misato se atrasasse um pouco para chegar em casa - era uma mulher ocupada, era compreensível; mas Akagi não se impedia de sentir uma leve dor no peito quando sua amada ficava presa em seu turno três horas a mais do que o horário planejado.

Saudade, a palavra ia e voltava em sua cabeça.

Ritsuko Akagi não era uma mulher que normalmente sentia saudade.

A voz de sua mãe que lhe atazanava no fundo de sua cabeça tirava sarro daquele sentimento, substituindo a agradável sensação de carinho com uma amarga frustração e raiva por si mesma.

Estalando a língua no céu da boca, Ritsuko deixou o cigarro no cinzeiro e tirou os óculos ovais do rosto, esfregando as pálpebras levemente inchadas com a ponta dos dedos. Seu corpo esguio e comprido se recostou no sofá, a tensão se dissipando dos ombros cansados e ossudos ao entrar em contato com a camurça cinza escuro e macia do acolchoado.

Depois de algum tempo - quanto tempo havia se passado? Minutos, horas? Ritsuko não sabia, e não se deu o beneficio de olhar em algum relógio naquele momento -, o barulho de alguma coisa caindo no chão tirou a mulher de seu devaneio, o susto tirando rapidamente o sono de seu sistema, suas mãos apertando uma almofada contra o peito.

"Meow? Foi você?" mas Meow, o gato mesclado em tons de marrom e branco, estava preguiçosamente deitado com a barrigua gordinha pra cima e as patas esticadas em uma almofada grande e peluda em cima do canto vazio do sofá, claramente despreocupado. "Misato?"

"Ah!" a exclamação saiu de dentro do quarto no fundo do corredor, junto com o barulho de mais alguma coisa caindo e possivelmente quebrando no chão.

Logo, uma bagunça de fios roxos apareceu na porta, o rosto contorcido em uma expressão compungida; em seu corpo, uma enorme camiseta preta descolorida do tempo e meias felpudas, e Ritsuko apostava que, por baixo daquilo, Misato estivesse apenas com alguma das cuecas que gostava de usar em casa por questão de conforto e praticidade.

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