Entre Todo Caos [Professora e aluna]

V

Acordo com o barulho incessante que vinha do meu celular. Quem liga pra outra pessoa a esse horário da manhã? Crio forças para levantar e vou até ele, me impressiono com o fato de já ser 11:36, podia jurar que era umas 7:00. Estava lotado de notificações, deis de o grupo a mensagens de meus colegas e amigos.
Quem tanto me ligava era um número desconhecido, e também tinha mensagens do mesmo número em meu whatsapp.
Whats on
(11) 98543-****: Oii,peguei seu número no grupo, espero que não se importe.
(11) 98543-****: Aliás, é a Lívia.
(11) 98543-****: Eeiiii, acorda logo, quero te convidar pra uma coisa mas não podemos ir tão tarde.
(Chamada de áudio perdida as 10:34)
(Chamada de áudio perdida as 10:40)
(Chamada de áudio perdida as 11:00)
(Chamada de áudio perdida as 11:30)
Clara: Oi Lívia, bom dia pra vc também kkk.
Clara: O que seria esse convite que parece ser tão importante?
Lívia: Finalmente!! Tem uma amostra de arte que acabou de chegar na cidade. Eu, Elisa e Lucas vamos, e queria que vc fosse com a gente, não quero ficar de vela e vc é uma ótima companhia. Diz que simmm?? 🥺🥺
Eu nem estava com muita vontade de sair de casa, mas como dizer não com ela pedindo desse jeito ?
Clara: Vou sim, qual horário e aonde ?
Lívia: Aeeeeeee, te pegamos aí daqui 20 minutos, vamos estar de Uber.
Whats off

Espero no portão até que o Uber chega, ouço Lívia mandando Lucas passar para frente,liberando uma vaga nos bancos traseiros do carro.
Sento ao lado de Lívia e ela logo me abraça, seu cheiro é ligeiramente doce com um toque de lavanda. O que é um pouco engraçado, pois lavanda me lembra a produtos de limpeza.

Chegamos ao tal lugar, e é simplesmente lindo, todas essas obras de arte, as atividades interativas, barracas de comida, esse lugar em si já é de se admirar. Lucas e Elisa se afastam da gente, menos mal, não estava muito confortável com tanta melação e amassos a minha vista, provavelmente queriam passar mais tempo a sós.

Lívia: Olha só Ana, eles tem algodão doce aqui !!!
Ela falava isso tão empolgada, que até parecia que tínhamos 7 anos novamente.
Lívia: Qual é, só vai ficar aí rindo da minha cara? Vamos logo !!

Obedeci aquele ser mandão e compramos o algodão doce, ficamos ali observando as artes, brincamos em algumas atividades e paramos para admirar um lago com alguns patos que havia no local. Lívia insistiu para comprarmos pipoca para dar aos patos, insistia enquanto fazia um bico junto com uma carinha de pidona, isso é muito jogo sujo.

Lívia: Vc já pensou como seria se do nada virassemos algum bicho?
Me surpreendo com essa pergunta totalmente aleatória.
Clara: An, acho que não, vc já ?
Lívia: Mas é claro, eu adoraria ser uma borboleta, acho muito lindo todo o processo de ovinho, lagarta, casulo até por fim ser tornar uma linda borboleta.
Clara: Ia escolher o borboleta só por achar o processo bonito?
Lívia: É, acho que sim. Mas e vc Ana, qual seria ?
Clara: Borboleta provavelmente eu não seria - Digo para ela rindo.
Lívia: Não tem criatividade nem pra saber qual bicho seria a fica zoando minha borboleta - Ela fala enquanto faz cara feia. Pra alguém tão linda, ela era muito mau humorada.
Clara: Acho melhor procurarmos Elisa e o Lucas, faz tempo que não vejo eles.
Lívia: Ok Ana Clara - Ela sai parecendo estar chateada.
Clara: Está chateada comigo por conta de uma pergunta boba?
Clara: Vai me ignorar mesmo Lívia? Tem certeza?
Corro até ela e lhe encho de cócegas à fazendo passar um pouco de vergonha.
Lívia: P-ara p-ara, não estou mais te ignorando, eu juro. - ela diz enquanto tenta recuperar o fôlego.
Clara: Acho bom mesmo. - Digo olhando para ela com cara de convencida e rindo.

Andamos por 15 minutos até acharmos Elisa.

Lívia: Por onde vc andou esse tempo todo? E cadê o Lucas ?
Elisa: Só estávamos olhando outras coisas. Ele foi comprar água pra mim e fiquei aqui esperando, já não estava mais com paciência pra ficar andando.
Lívia: Aham sei.
Elisa: Mas e vcs ?
Clara: Estávamos perto do lago vendo os patos, pelo visto Lívia nunca tinha visto um antes - Digo olhando em direção a Lívia e rindo, e claro que ela ficou mais uma vez brava.
Elisa: Vocês ficam tão fofas juntas, preciso tirar uma foto de vcs.
'Não entendi muito bem esse juntas, afinal eu e Lívia nos conhecemos a pouco tempo, acho ela linda e super legal, mas não ao ponto de estarmos juntas, pelo menos não ainda'
Elisa: Vamos gente, façam uma pose....Pronto, tirei.

Tenho que confessar que realmente faríamos um casal bonito.

Lucas: Perdi alguma coisa ?
Clara: Não Luquinhas. Bom gente, já estou indo, nem avisei minha mãe que eu iria sair.
Lívia: Eu também preciso ir, podemos ir juntas.
Clara: Por mim tudo bem.

Me despeço dos outros dois e pedimos um Uber. Lívia se despede de mim com um abraço bem apertado, por um momento sentia como se ela relutasse em me deixar ir.

Arrumo algumas coisas, tomo um banho e resolvo ir até o mercado, me deu uma mega vontade de tomar sorvete e não tem em casa.

Estou andando pelo corredor do mercado já com o sorvete na cesta, acabo pegando outros doces também e alguns salgadinhos. Me distraio lendo algumas mensagens no celular e esbarro forte em alguém.

Clara: Nossa me desculpa, que desastrada que eu sou, eu te ajudo a pegar suas coisas, me desculpa mesmo!
Assim que levanto percebo em quem havia esbarrado, nada mais nada menos que Helena, tanta gente pra se encontrar em um mercado e tinha que ser justo ela. Me recordo do dia anterior e sinto mais vergonha ainda. Só podia ser com vc né Ana Clara.

Helena: Estou começando a achar que o destino está querendo dizer alguma coisa - Ela diz enquanto me fitava com aqueles olhos verdes.
Não consegui dizer nada,apenas dei um sorriso sem graça. Ficamos alguns minutos em meio a um silêncio até que crio coragem, peço licença e me dirijo até o caixa. A fila estava mediana, tinha mais ou menos umas 5 pessoas em minha frente, e claro que de todos os caixas Helena tinha que vir bem no que eu estava.

Chegou minha hora de pagar e .... Não acredito que peguei a bolsa errada, nessa havia no máximo 10 reais, nunca daria pra pagar as coisas que eu tinha pego. Já estava me preparando pra desistir de toda a compra até que sinto alguém atrás de mim se aproximar.

Helena: Pode passar as coisas dela junto com as minhas.
Sinto suas mãos tocando em minha cintura, me direcionando para sair de sua frente no caixa, e faço exatamente isso. Eu não sabia aonde enfiar minha cara, minha cota de vergonhas passadas já estava bem alta, estava tão envergonhada que não conseguia nem reagir ao fato de sentir aquelas mãos tocando o meu corpo.

Helena: Vamos ? - Helena diz me desvencilhando de meu tumulto de pensamentos.
Clara: Como assim vamos ?
Helena: Vou te levar até sua casa, e nem se dê ao trabalho de dizer que não precisa ou coisas assim, vou te levar.

Acompanho ela até seu carro e vamos uma boa parte do caminho em silêncio.

Helena: Estou te sentindo meio estranha, aconteceu alguma coisa ?
Clara: É... N-nada não.
Helena: Certeza ?
Clara: Uhum - Digo sem ao menos levantar a cabeça.
Helena: Ana Clara olha pra mim. - Ela diz em um tom de voz doce.
Helena: Se está assim por conta do que aconteceu ontem, fique tranquila, sei que foi um acidente.

Me sinto mais tranquila ao ouvir isso, mas não diminui a vergonha que eu estava sentindo, mas pq ela me deixa assim ? Será que é normal se sentir tão "estranha" perto de alguém desse jeito ?

Helena: Chegamos.
Clara: Muito obrigada por tudo, espera um pouco aqui, vou pegar o dinheiro pra te pagar.
Helena: Não precisa Ana, essa fica por minha conta.
Clara: Ok, então, tchau, até segunda.
Helena: Até segunda Ana Clara - Helena diz ajeitando meu cabelo colocando-o atrás de minha orelha.