Capítulo 2

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Cassandra

Mas é claro que eu não iria para uma corte agora.

Estava na terra dos Imortais? Sim, mas eu desejava dar uma passada na terra dos mortos.

Eu soquei o chão, ninguém em volta, ninguém por perto, o chão se abriu para mim e eu adentrei pela grande abertura a vendo se fechar.

Eu caí, dentro de magia e vapor quente, meus cabelos voando enquanto eu caía em algo como se fosse eterno.

Eu atingi o chão, com força e precisão, limpando minhas mãos e minha roupa enquanto caminhava naquela ponte de ossos e crânios.

— Não mudou nada. -assobiei olhando em volta.

Caos, gritos, morte.

É, não mudou.

Eu cheguei diante de uma porta e quando a abri, um rugido bestial sacudiu meus cabelos para trás, junto com o enorme cão de três cabeças que se ergueu.

— Cerberus. -sorri.

O enrome cão me encarou.

— Coisinha linda e fofinha da mamãe. -bati palminhas.

Ele soltou um latido manhoso, abanando sua cauda, ele lambeu minha bochecha me fazendo ficar cheia de baba.

— É garotão. —estalei os dedos me fazendo ficar limpinha— visitinha de última hora.

Ele me deu espaço para que eu passasse, eu fechei a grande porta.

— Cadê o meu pai? -perguntei a ele.

Ele apontou com o fucinho para o enorme castelo.

— Incompetente! -ouvi um rugido que eu conhecia bem, distante, vindo lá de dentro.

— Ah, ele está com o demônio nos olhos hoje? -questionei.

O enorme cão assentiu várias vezes com suas três cabeças.

— Vai passar quando ele vir a princesa dele. -falei.

Eu cocei as orelhas de cada cabeça vendo o rabo de Cerberus balançar freneticamente.

Eu caminhei adiante , ele voltou ao seu posto, guardando os portões.

Eu atravessei, surgindo na sala do trono.

— Diga a Perséfone que eu não estou com paciência para ver ninguém! -ele grunhiu para um criado.

— S-sim, senhor. -ele gaguejou.

— Nossa... Nem para ver a sua princesinha? -minha voz ecoou.

Eles ergueram os olhares e vi a raiva se dissipar dos olhos do deus do submundo ao me encarar.

— Filha. -ele sorriu.

— Olá, papai. —sorri com deboche— posso voltar outra hora, já que está sem paciência.

— Para você, eu viro o ser mais calmo, meu doce. -ele disse suavemente.

Ele encarou o criado.

— Suma. -ele disse.

E ele sumiu.

— I aí?

Surgi sentada em seu colo.

— Sentiu saudades? Coroa. -sorri.

— Olhe como fala, estou perfeitamente jovem. -ele se gabou.

— Oh, sim.

Eu o abracei, sentindo o deus me abraçar fortemente e beijar os meus cabelos.

— E o que minha linda princesinha das trevas faz aqui? -ele questionou.

Corte de Crepúsculo e AmanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora