capítulo 12

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-Pensei que voltaria pela manhã, não no meio da madrugada – ele comenta com um sorrisinho no rosto
-É ia... – Eu fecho a porta e me aproximo, nada muito perto, pois querendo ou não ele é um soldado, deve ser muito mais preparado do que eu, segurei a arma com firmeza e fiquei de guarda em pé, aponto a arma para ele – Mas eu mudei de ideia
-Então vai me matar agora? – Ele não parece ter preocupação
-Se você colaborar comigo não... – Ele se levanta – Eles levaram minha amiga, eu preciso ajudar ela...
-Mocinha, se sua amiga foi levada, já eras – Eu fico sem reação ao ouvir
-Não! – Eu aponto a arma novamente – Nós vamos busca-la!
-Vocês só vão aumentar a horta deles e arrumar mais mortes desnecessárias, pois é isso que eles fazem quando não precisam mais de alguém lá, eles vão matar os mais velhos simplesmente porque estão ocupando espaço de pessoas com mais “força”
-Como assim? ... – Pergunto preocupada
-Vem cá garota, você por acaso conhece o mundo real? – Ele se aproxima e eu começo a me sentir apreensiva
-É claro que conheço!
-Tem certeza? Porque me parece que você sempre esteve aqui dentro! – Ele vem se aproximando cada vez mais, até encostar seu peito na arma, eu senti um calafrio – Eu até tinha me sentindo levemente intimidado da primeira vez em que você atirou, seu erro foi voltar aqui nessa cela sozinha e me mostrar que tudo aquilo era apenas imagem!
-Eu não estou fazendo imagem!
-Você não tem coragem de atirar – Ele pegou minha mão e levou a arma até sua cabeça, o que esse cara está fazendo? Ele é louco, complemente louco, porque me sinto tão apreensiva? Não era para ser assim – Você já atirou em uma pessoa viva Ashiley?
-Não importa se eu já atirei sim ou não em uma pessoa viva – Falo um pouco alterada – Mas você não deveria me testar para descobrir
-Balela – Quando eu menos esperei, ele me aplicou um golpe tirando a arma da minha mão e me deixando complemente imobilizada

Eu fiquei em choque, não sabia o que fazer, não conseguia nem se quer me mexer, eu estava de barriga para baixo com os braços presos, conseguia sentir seu joelho nas minhas costas, ele é muito forte... ouvi o barulho de arma e então senti o cano encostar minha cabeça, é assim? Vou morrer aqui? Assim? ... Eu fiz tudo errado... não consegui ajudar minha mãe, não consegui ajudar a Judith, não consegui me concertar com o Matheus... Não consegui fazer nada, o professor de sobrevivência tinha razão sobre mim, eu deveria ter me concentrado de verdade

-Me ajuda a sair daqui sem ser visto – Ele fala um pouco mais baixo que o normal e eu me sinto tonta, como se tivesse perdido os sentidos
-Me larga... – falo baixo, sem minha intenção claro, eu só não conseguia falar direito
-Tem um cara... um de cabelos grandes e barbudo – Ele solta meus braços e se levanta devagar – Só não quero ser visto por ele
-Ah... – Eu recupero meu folego e me levanto devagar, me viro para ele e o vejo guardando a arma consigo – Eu não... não sei de quem exatamente está falando
-Um cara que está de coque e tem uma barba – ele levanta a blusa e me mostra sua barriga, está toda machucada e roxa, na verdade desde que eu o vi já havia percebido que ele estava muito machucado, mas depois que ele levou a blusa, me perguntei como ele conseguia me atacar sem expressar se quer uma dor pelos machucados – Ele é muito forte, o pai da bebezinha morena
-Lia?... – Eu pergunto por impulso, não que ele vá saber quem é,
-Não importa o nome da garota, o que importa é que o pai quer muito me machucar, e se ver que estou tentando fugir, com certeza vai me matar
-Eu acho que sei de quem você está falando...
-Ótimo – Ele pega meu braço e me puxa em rumo a porta – Vamos
-Não dá para sair pela porta, está cheio de insalubres lá fora e única saída está vigiada
- É por isso que você vai me ajudar lindinha, não importa qual saída você vai me fazer, se vira
-Eu te ajudo... se me levar com você
-O que? – Ele tem uma reação rápida e depois começa a rir – Sem essa
-Então se vira para sair sozinho, aposto que o John vai adorar te matar

Ele fica por um tempo calado pensando, caminha para longe segura a arma, suspira e por fim volta até mim

-Você sabe que vai morrer neh?
-Não vou!
-Você vai...  – Ele repete com firmeza e eu dou um pequeno sorriso amarelo

Ele me puxou até a porta e saímos sem fazer barulho, a igreja estava muito cheia e mesmo estando de madrugada ainda havia algumas pessoas acordadas, não podíamos sair pela porta da frente nem pela porta dos fundos, além de haver muitos insalubre, tinha gente de guarda a toda hora, estávamos perto do corredor que dava para as escadas do sino, quando de repente vejo Cicília, na mesma hora empurro Noah com força escondendo ele atrás da pilastra do corredor
-Ei! – Ele reclama
-Cala boca – eu faço um sinal para ele e Cicília se aproxima
-Ashe... podemos conversar?
-Claro tia...
-Você pode me falar mais do Peter? – Ele pergunta com um tom meio baixo, parecia meio triste
-Ah... – Eu olho em direção a Noah e ele faz um sinal de “não”, ele não queria que eu conversasse com ela... mas para ser sincera eu queria essa conversa, então ignorei Noah – Claro... mas eu também não sei tanto
-Primeiramente, quem ele é? E porque tinha pessoas atrás dele?
-Bom... Ele é um soldado de uma espécie de laboratório, e porque estão atrás dele eu não sei exatamente, ele fugiu de lá
-Eu não acreditava em você e nem nele... Até ver aquele cara na igreja
-Que cara?
-Seu pai... – Cicília segura minha mãos, as mãos dela estão geladas – Sabe Ashe... Eu não fui uma boa amiga
-Não fala isso tia
-Não, é verdade... Eu sempre soube que tinha certa culpa por Meredith ter fugido... Mas agora eu entendo que eu tive muita culpa – os olhos dela se enchem de água – Eu e o John não estamos mais juntos... E eu imagino que você já saiba o porque
-Sim... – A cada segundo que passa eu ficava cada vez mais ansiosa, de vez enquanto olhava de rabo de olho para Noah e podia perceber sua impaciência
-Ashe, Rose está recrutando pessoas para irem até esse lugar do qual você falou, conseguimos capturar um dos soldados deles que vão nos levar direto para esse lugar – depois disso eu comecei a ficar mais ansiosa e nervosa, eu já sabia desse cara inclusive estava ajudando ele a fugir – eu ouvi a conversa por alto e ouvi dizerem que iriam colocar você no grupo...
-Ah... Sério? - Expressei certa felicidade pois todo mundo sempre soube que eu queria fazer parte do grupo de caça - mas ainda estava muito nervosa – Que felicidade
-Você poderia conversar com eles para que também fosse com vocês?
-Oque? – eu me assustei com pedido dela, como assim ela quer sair da vila – Mas porque?
-Eu preciso ir junto
-Porque tia?
-Eu também quero ajudar a Meredith... – Quando ouvi fiquei sem entender

Além das grades da vilaOnde histórias criam vida. Descubra agora