Batendo de Frente

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Rodrigo

Como se meu dia já não estivesse péssimo, minha semana para falar a verdade, tomei um banho de milkshake de morango de uma garçonete estabanada!

— Ai meu Deus! — ela exclamou com o rosto corado — Moço, me desculpe, ai Jesus, eu não vi o senhor aí... — pegou o pano que estava em sua mão e começou a espalhar ainda mais a sujeira em minha camisa.

— Você não presta atenção no seu trabalho, não, sua desastrada, essa é minha camisa favorita — me afastei, não era A favorita, mas eu gostava bastante dessa. E pensar que só queria usar o banheiro do lugar.

— Sim, claro que olho, acontece que o senhor parou atrás de mim e bem, como não tenho espelho retrovisor no lugar das orelhas, não o vi — respondeu ironicamente, como se fosse minha culpa tudo isso.

— Quero falar com o gerente, você é muito atrevida para alguém que precisa trabalhar — sua sobrancelha levantou, ela era uma mulher atraente e ficava bonita com a expressão aborrecida, no entanto, é tão desastrada que isso passa despercebido.

— Ótimo, um minuto, por favor! — ela foi para o interior da confeitaria pisando duro, me aproximei do balcão.

— Aqui senhor, — uma ruiva que estava no caixa me entregou um lenço branco — sinto muito por isso, como podemos compensar o transtorno? — disse com gentileza e acabou me quebrando, pois estava irado com a desastrada que me tirou do sério em poucos segundos com seu atrevimento.

— Não foi nada, apenas quero falar com o gerent... — a frase morreu quando uma morena de longos cabelos negros surgiu no balcão, sem a touca e o avental eu nem diria que foi a mesma mulher que esbarrou em mim. Ela tinha olhos pequenos, com curvas suaves como de uma índia e a sua boca era linda.

— Pois não! — cruzou os braços e levantou a sobrancelha novamente, seus olhos escuros me fuzilaram, rapidamente o encanto de sua beleza se quebrou.

— Só me faltava essa, você também é a gerente?

— Isso aí, sou uma delas, Adriana Monteiro — disse com petulância.

— Começo a questionar a qualidade do lugar... — murmurei baixo.

— Escute aqui, — começou, mas a ruiva lhe deu uma olhada brava, ambas se encararam por um momento, até que a tal Adriana respirou fundo — olha, foi um acidente. Me desculpe, arcaremos com o prejuízo causado e lhe serviremos o melhor croissant de maçã da cidade — deu um belo sorriso forçado e pegou um croissant me servindo — gostaria de beber alguma coisa? É por conta da casa — falou irritada, ela estava visivelmente contrariada com a situação e a amiga parecia satisfeita.

— Obrigado, eu vou aceitar suas desculpas, apenas pela gentileza da sua amiga — encarei a ruiva que corou — e seu melhor croissant da cidade também, porém para viagem, tenho uma reunião em breve e não posso chegar assim — apontei para minha camisa detonada.

— Quanto a isso, sinto muito, de verdade, — suspirou e encheu um saquinho de papel com croissants e biscoitos — Jane, pode pegar um cappuccino para viagem, por favor? — Adriana pediu a ruiva que foi rapidamente. — Quanto lhe devo pela camisa?

— Não se preocupe com isso, é só uma camisa, considere pago pelos biscoitos — peguei a sacola, — quanto devo?

— É por conta da casa, aceite, por favor, assim me sinto menos envergonhada — sua pele morena estava corada agora, mas sua maneira de falar ainda era inconformada.

— Certo, obrigado — sacudi a embalagem bem-feita.

— Por nada e me desculpe mais uma vez, espero que na próxima, seja menos desastroso — sorriu.

Se não é amor, é paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora