Capítulo 3

8.1K 850 46
                                    

Hadley

Cheguei em casa e vejo meu pai adotivo mexendo em uma papelada.

- Oi pai!

Nem sempre chamei ele assim, seu nome é Samuel, demorei uns três anos para chamá-lo de pai e hoje em dia já consigo tratá-lo como tal. Claro que nunca vai substituir Theo, meu pai biológico.

- Oi filha! Como foi a aula?
- Legal... - ele nem sabe que não tenho amigos - onde está a mãe?
- Ainda não chegou do desfile. Mas tem pizza na cozinha.
- Ok. Vou me trocar. - dou um beijo em sua testa e ando em direção ao meu quarto.

Como eu queria ter um lugar na casa para ser meu cantinho de inspiração onde eu pudesse pintar e colocar meus sentimentos no papel... Tenho vergonha de pedir essas coisas aos meus pais, mas ele nunca deixam que nada falte.

Me jogo na cama e fico encarando o teto. Acho que o que tia Carmem me disse é verdade, não posso me congelar no tempo, acho que estou vivendo como se ainda estivesse há cinco anos atrás, por mais que o amor a meus pais seja o mesmo e que eu queira muito eles aqui comigo, não posso ficar pensando que vou vê-los de novo... É difícil mas tenho que seguir em frente. Tenho que lembrar dos bons momentos que passei com eles.
Minha mãe Gabriela sempre me deu muito carinho e atenção, me ensinava a fazer biscoitos para o lanche da tarde mesmo que estivesse cansada de tanto trabalhar. E meu pai, foi um exemplo, tratava minha mãe com muito amor e a mim também. Acho que nunca vou achar um garoto como ele para ser meu namorado.

O que eu estou pensando? Namorado? Acorda Hadley! Você é apenas a esquisitinha do colégio, ninguém te olha.

Me levanto da cama e vou tomar um banho. Enquanto a água cai sobre meus cabelos continuo pensando no que tia Carmem disse... Tentar... Eu tenho que tentar!

Saio do banheiro e pego uma roupa confortável, uma blusa de frio branca com um óculos estampado nela e uma calça preta de moletom.

Pego minha mochila e tiro meu caderno de desenho, pego meu estojo de pintura e lá está ele... O bilhete!
Quem escreveu isso? Será que foi algum menino só para me iludir? Ou para brincar comigo? Não sei.
Vou até minha escrivaninha, pego minha agenda, abro no dia de hoje e colo o bilhete lá. Em baixo escrevo: Eu tenho que tentar. Que é a frase que marcou meu dia hoje.

Volto para a cama e começo a desenhar...

Bryan

- Então cara... A partir de amanhã a gente troca de lugar? -pergunto a meu irmão.
- Sim Bryan! Essa é a décima vez que me pergunta isso! Vê se disfarça, se não a Andrea vai notar.
- O que você conversou com ela?
- Bom... Eu a desenhei e ela perguntou o que acho dela, só falei que ela é bonita, depois ela me convidou para um festa no fim de semana na casa dela.
- Você só disse que ela é bonita? Ela é linda demais! E festa? Poxa ela nem me convidou...
- Ah Bryan relaxa! Ela não é tão bonita assim... E nem vou nessa festa.
- Vai sim! Ou melhor... Eu vou!
- Vê se não mancha minha reputação!
- Que reputação James? A de garoto mais gato da escola? Nós somos gêmeos cara! Somos iguaizinhos.
- Não, você tem essa pinta estranha na perto da orelha e eu não.
- James a pinta é minúscula! Ninguém nunca notou isso, para de bobeira cara.
- Está bem... Parei! Mas o que falou com a esquisitinha?
- Bom... Ela me agradeceu por eu ter falado algo com um menino da sala, mas nem me lembro disso.
- Claro que não lembra né Zé Mané! Fui eu que falei... Ela confundiu. E o que mais conversaram?
- Só elogiei a pintura que ela fez e pronto.
- Entendi. Você é bobo hein Bryan! Nem puxou assunto.
- Claro que não! Ela não me atrai. Só fica com aquele cabelo curto do mesmo jeito e aquelas roupas largas, nem parece menina.
- Nada a ver Bryan. Como ela se chama?
- Ah... Acho que é Hadley.

Do All Star Ao batom vermelho (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora