Capítulo 1

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Hadley

- Os hardwares são o que podemos chamar de parte física do computador, ou seja, tudo o que podemos tocar. Já os softwares são a parte lógica, como programas ou aplicativos. - diz Evelyn minha professora de informática.

Não aguento mais essa escola!

Meus pais morreram já faz cinco anos, há dois anos fui adotada por uma família americana. E agora moro aqui em Washington com eles, a questão é que eles são ótimas pessoas mas me colocaram numa escola em que estudamos o dia todo!
Claro que aprendo de tudo aqui, além do ensino normal também temos informática, moda, culinária, e pintura que é o que mais gosto.

Tenho dificuldades para ter amigos e na pintura posso expressar o que sinto com os meus traços na tela. Não que eu seja expetacular, mas amo o que faço, pelo menos essa matéria vale a pena.

- Olha lá a esquisitinha! - escuto um menino falar e apontar para mim.

Eles me acham estranhas só porque não sou uma garota mimada e nem me visto como uma. Sempre venho com o meu All Star de cano alto vou com ele para todos os lugares!

Uso calças mais largas, não gosto de marcar meu corpo e minha blusas? Uso moletons... Principalmente de personagens, e de estampas como o famoso mustache.
Tenho o cabelo na altura do queixo, e é preto... Muito preto, todos acham que é pintado, mas é natural. Minha pele dá um contraste grande com ele já que sou bem branca. Não é que eu não goste de me arrumar como as garotas em geral, apenas tenho estilo próprio. E não uso maquiagem... De jeito nenhum!

- Hadley? - Evelyn me chama.
- Oi.
- Pode vir explicar para a turma sobre o que acabamos de aprender? Que tal nos dar exemplos de Hardwares e Softwares?

Era o que me faltava! sou um a excluída e ainda tenho que responder a professora na frente de todos.

- Okay.

Vou até a frente da sala de aula e começo a explicar. Vejo alguns garotos rindo de mim e começo a ficar vermelha.

- Agora está igual a um tomate! - grita Jones. O mais bagunceiros da turma.
- Dá um tempo cara! Deixa ela explicar! - diz um garoto que nunca reparei... Mas olhando bem até que é bonito.

Continuei a explicação e voltei ao meu lugar. Tinha um bilhete em cima do meu caderno de desenho.

Não te acho nem um pouco esquisita, pelo contrário, você é fantástica! É autêntica, não segue um padrão de menina mimada.

Que estranho! Nunca troquei uma palavra com ninguém da classe, tenho dificuldade de interagir com pessoas desconhecidas. As meninas também não fazem questão de nem sequer olhar para o meu rosto, para os meninos não sou digna nem de um "oi". Quem será que escreveu isso? A letra é bem desenhada.

Pego o bilhete e guardo no meu estojo de pintura. O sinal toca e vamos para a próxima aula: pintura.

Me levanto e vou andando até a sala de artes, aqui não são os professores que vêm até nós, nós é que vamos até eles.

- Bom dia tia Carmem! - digo a minha professora.

Ela é a única pessoa com quem tenho uma forte amizade aqui, tanto que a chamo de tia, não como crianças no maternal e sim como uma tia de sangue mesmo. Ela tem 50 anos e é uma mulher muito meiga, sempre com seu chale cinza por cima dos ombros e seu coque perfeito. Suas obras são maravilhosas, amo a arte de Carmem.

- Bom dia minha menina! Como vai a família?
- Vai bem. Minha mãe foi a um desfile e meu pai está trabalhando numa campanha publicitária.
- E como andam as ideias? Posso ver seu caderno?
- Claro! Fiz um desenho novo essa semana!

Pego meu caderno e abro mostrando a ela meu novo desenho. Uma sombra do rosto de uma menina soprando um dente de leão.

- Ficou maravilhoso! Hadley você soube usar muito bem o efeito preto e branco! Parabéns!
- Obrigada tia.

Logo chega na sala um grupo de patricinhas, rapidamente pego meu caderno e escondo na mochila. Vou até meu cantinho e fico encarando a tela branca.

O que vou expressar hoje?

Do All Star Ao batom vermelho (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora