- Eu não fiz aquilo e é uma longa história da qual eu não gostaria de falar sobre...
Jungkook falou a última frase quase em um sussurro, mas fui capaz de ouvir claramente. Abro um sorriso de orelha a orelha e falo:
- Quer matar aula para tomar sorvete? Só que eu tenho que voltar para a aula no último horário para escolher meus clubes.
- Por mim tudo bem. - ele sorri de volta deixando à mostra seus dentinhos de coelho.
Do lado de fora da escola, entramos no meu carro e eu dirijo até uma sorveteria que eu amo.
- Te trouxe aqui porque tem uma infinidade de sabores e as outras sorveterias não tem nem a metade!
Ele sorri assentindo.
- De alguma forma, aqui é minha sorveteria preferida. Sempre venho quando estou triste. - ele sorri sem mostrar os dentes.
- Você não parece muito bem agora, ótimo para tomar sorvete. - o atendente pergunta o que vou querer. - Quero duas bolas na casquinha, uva e morango, cobertura de chocolate. E você, Jungkook?
- Vou querer um pote de 3 bolas, sabores de baunilha, chocolate e morango, quero cookies e calda de chocolate. - ele sorri como uma criança que acabara de ganhar doces.
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Sentamos em uma mesa para esperar nossos pedido.
- Você mora em que área? - pergunto para Jungkook.
- Moro algumas quadras da rua de trás da escola. Na rua da papelaria.
- Uau, eu moro na rua debaixo. Você tem irmãos? - desvio o olhar por alguns segundos, mas logo volto a encará-lo.
- Tenho. - ele responde apenas isso, olhando friamente para mim.
- Também. - falo no mesmo tom.
- Você namora aquela garota estranha? Parece bem próximo dela... - vejo ele pressionar a língua contra a bochecha após dizer isso, mas acredito que seja alguma mania, então ignoro.
- Não. - dou risada - Você não ouviu os boatos sobre mim?
Ele dá de ombros e encara as minhas mãos sobre a mesa.
- Eu sou gay, Jungkook. Assumido desde meus 12 anos. - agora eu gargalho loucamente cobrindo a boca com as mãos enquanto ele me encara sem ao menos entender.
- Por que você tá rindo?
Dou de ombros e enxugo as pequenas lágrimas que escorreram por conta da risada.
- O que mais falam sobre mim naquela escola é sobre o mico que passei para me assumir publicamente. Eu literalmente entrei no meu armário, sou pequeno então não tive problemas, e saí dele segurando um papel escrito "eu sou gay". Todo mundo achou que eu tava zoando e ficaram rindo de mim. Uns babacas do terceirão me pegaram e me jogaram no lixo da cantina e umas garotas jogaram o leite do lanche em mim. - reviro os olhos com a expressão de dó que surgiu em seu rosto.
