Dois tipos de pessoas. A que adora festas, a que odeia. A que estuda, a que cabula. A que é antissocial, a que demonstra ser social. A que lê livros, a que bebe e para na cama de pessoas diferentes. A que faz questão de ajudar os outros, a que só li...
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Taehyung
-Omma! – grito andando pela casa sem encontrar a mais velha.
Olho para o relógio pendurado na parede.
23:00.
Sinto meu corpo murchar e caminho com os ombros baixo até meu quarto. Fecho a porta e a tranco. Omma me ensinou a fazer isso toda noite, diz ela que não queria eu a vesse e nem que no final, sobrasse para mim. Meu corpo treme assim que ouço um barulho.
-Hoje é a cinta...- digo baixo sentindo meus olhos murcharem.
Pensava que depois que minha mãe tivesse largado meu pai, tudo iria melhorar. Esclarecendo um pouco: meu pai abusava de tudo em minha mãe, do psicológico ao físico. Como eu apenas era uma criança, não entendia o que acontecia, até que completei 12 anos e entendi o que se passava ali. Ela se divorciou quando o encontrou chutando minha barriga, disse que ela até poderia aguentar, mas eu, nunca.
Fomos morar em outro país, dois anos depois minha mãe encontrou outro cara. No começo ele foi gentil, mas nunca consegui me aproximar muito dele. Ele sempre tentou se aproximar, mas eu ficava com um pé atrás, mesmo assim, fingia estar bem pois... minha mãe o ama... ou amava.
No fim, minha falta de confiança estava certa, agora ele a bate toda vez que chega em casa no mesmo horário. 23:30.
Vou em direção a cama, pego meu mp3 e fones colocando no máximo que conseguia. Afundo meu rosto no travesseiro e pego no sono, enquanto sentia as lágrimas descerem.
{...}
-Porra, Jungkook! – brigo com o mesmo quando perco.
- 4 a 4. Partida final. – ele diz e empurro o ombro dele.
-Ladrão.
-Você que não sabe perder. – mando o dedo do meio para ele que ri. Sinto meu celular vibrar e checo a mensagem.
-Aish, que merda. – falo e ele me olha.
-Ainda tá nessa merda de aposta? – ele pergunta. – Taehyung, isso é idiotice.
-Eu só estou me divertindo um pouco, não fique tão esquentadinho. – reclamo. – Além disso, deixei claro que não queria me envolver em algo mais sério e eu vou acabar com isso hoje mesmo, acho que ela não sabe o significado de não se apegar.
-Ou você não sabe como funciona os sentimentos. – ele dá um risada nasal. – Tenho que ir.
-O que? E a partida final?
-Lembrei que preciso encontrar minha amiga, ela precisa de uma ajuda no trabalho de química e promete que ia ajudá-la. – ele coloca o casaco e me levanto.
-Ok, vai lá. Ajuda sua... amiguinha. – o levo até a porta.
-Não fala assim da Scar. – reviro os olhos.
-Tanto faz. – ele balança a cabeça.
-Resolva isso. – diz antes que saísse e eu fechasse a porta suspirando.
{...}
Hoje seria meu último dia aqui, amanhã eu voltaria para a Coreia. Faz anos que não vejo minha mãe e precisava saber com ela estava, se seus tratamentos estavam a fazendo bem. Falar com a mesma por telefone não era a mesma coisa.
Mas tinha que fazer algo antes...
Bato na porta e espero alguém abri-la. Quando isso acontece, a garota em minha frente me olha. Seus olhos estavam cansados e ao me olhar, era como se sua esperança fosse embora. Ela ia fechar a porta quando a impeço.
-Por favor, me escuta. – suspira e pede para que eu prossiga. – Beleza, eu sou um idiota, um imbecil que a pior coisa que alguém pudesse fazer, eu sei disso. Eu revi meus atos, vi o quão inacreditável eu fui e eu não mereço seu perdão, e nunca irei merecer. – a olho em seus olhos. – Eu só peço que não sofra por minha causa, você não merece isso tanto quanto eu não mereço você. Eu sou um merda, eu tenho a porra de uma fama idiota e ainda machuquei você, a única garota que se aproximou de mim de verdade. Eu só... – fecho os olhos com força e os abro. – Me desculpa e... fique bem. Eu me odiaria saber que você sofreu por minha causa, esmaguei seus sentimentos e fui infantil, eu me arrependo de tudo.
-O importante é isso, você se arrependeu. – ela fala antes que eu falasse mais. – Melhor eu te cortar agora, sinto que ficaria a noite toda falando o quão idiota foi. – ela solta um riso e isso faz com que eu me sentisse melhor. – Taehyung, eu aprendi que guardar rancor ou mágoa é a pior coisa que se pode fazer. Está tudo bem, está arrependido e isso já é um avanço. Fico feliz em ouvir isso. – sorrio aliviado. – Eu te perdoo, apenas não voltaria ter algo a mais com você. -assinto. – Só me prometa algo.
-Claro.
-Nunca mais magoe uma garota, principalmente se gosta dela.
Ela sorri e fecha a porta em seguida. Mesmo confuso, fiquei com aquela frase na cabeça durante dias.
{...}
23:30.
Suspiro olhando para a pulseira em meu pulso. “A use quando me quiser por perto novamente, bear” Foi o que a minha mãe disse, antes de tomar pote todo de remédios de uma vez. Mesmo depois de anos, tenho medo quando esse horário chega, mas hoje...
Hoje ele pode mudar de significado.
Respiro fundo antes de entrar e seguro a alça do meu estojo com a guitarra dentro com força.
