Sol e Lua, essa sou eu?

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Incomodei com que disseram sobre mim

Pensei dia e noite

Ponderei.

A pulga atrás da orelha roça

A coceira infiltra

Empertigo

Será isso mesmo?

Ah, por que teria de não ser?

Se bradou então é verdade

Meus pensamentos são errôneos,

Disso não tenho dúvidas,

Tenho?

Errada estou!

Errada estou não, senhor!

Pode haver disso acontecer?

Bato a cabeça na parede delicadamente

Cutuco os meus pensamentos

Vago pelas memórias anteriores

Assim poderei me conhecer melhor,

Avaliar o que me disseste.

A manhã chega e Sol acaricia os meus cabelos alvoroçados,

"Bom dia! O que anda a vagar?"

"Há a possibilidade de alguém me conhecer melhor que eu mesma?"

"Como haveria dessa loucura acontecer?"

"Não sei, Sol, porém eles me fazem acreditar em tal estranheza."

Finjo que esqueço o assunto,

Mas me pego andando em voltas,

Quase furando o chão abaixo dos meus pés descalços.

A Lua cai despejando a sua luz incandescente:

"Escutei a sua conversa com Sol"

"Tens alguma ideia de meu incômodo?"

"Tenho, querida, mas não posso falar."

"Por que? Não é de piada que isso se trata."

"Pois disso sei muito bem. A conclusão e o entendimento tem de partir de você para você. Só assim poderá avaliar e reavaliar."

"Por que os pensamentos dos outros dirigidos a mim perturbam o sono?"

"Por que, querida?"

A Lua sabia

Lua maldosa

Poderia me tirar desse conflito

E causou outro.

Por que?

Não sou capaz de desvendar,

Tampouco parar de me perguntar.

O Sol veio e então partiu para o ascender do luar

A esperta decidiu ficar calada

Onde já se vira Lua não falar mais?

Insisti que abrisse a boca, e nada dela burlar a sua quietude cansativa.

Durante o dia, o Sol também fez votos de silêncio

"O que há com vocês dois? Odeiam-me? Pois qual mau fiz para tal lástima?"

A Lua, o Sol, Eles...

Sou chata o bastante pra causar tanta revolta contra minha pessoa

É a minha aparência,

Minhas falas,

Meu jeito,

Terei de mudar!

Ao invés de fazer algo a respeito, preferi ir para a cadeira de balanço.

De um lado para o outro

O balançar embrulha o estômago,

Cada olho pesa como tijolo

E os sonhos tocam na campainha de minha cabeça

Lá, a Lua papeou como se nada tivesse acontecido

Ao acordar, percebi que a resposta estava bem à minha frente,

"Quem diria que um dia eu desvendaria um mistério tão complicado quanto esse! A lua e o sol não falam, muito menos Eles. Só os dei ouvido, pois imergi nas águas profundas e enganadoras de seus seres. "

Chuva de palavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora