- CAPÍTULO 2 -

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Entendendo que o tempo

Sempre leva

As nossas coisas preferidas no mundo

E nos esquece aqui

Olhando pra vida

Sem elas. 

-O peso do pássaro morto- Aline Bei.


-AURORA-

  O aeroporto de Laven está tão cheio que parece véspera de natal, e eu estou procurando minha mala no setor de bagagem. O voo tinha sido um pouco turbulento, mas quase não percebi, porque dormi praticamente o tempo todo.

-Ali! - digo, apontando para uma mala grande e azul com um chaveiro escrito 'AURORA'.

-Achei a minha também - diz meu pai, pegando minha mala e colocando no carrinho, junto a dele.

-O que vamos fazer agora? - pergunto.

-Vamos pegar um táxi e ir para a casa que eu te falei.

-É longe?

-Não muito, na verdade.

Seguimos as placas até encontrarmos a entrada principal do aeroporto. Quando achamos, Clay -meu pai- vai procurar um segurança para perguntar onde conseguiríamos um táxi. Fico com os carrinhos de malas. O resto das nossas coisas estão na casa porque meu pai já acompanhou o caminhão com os moveis e caixas. Ele também visitou o bairro e a escola onde eu estudaria.

    Não consigo parar de me perguntar como será. Tudo novo, pessoas novas, lugares novos. Sempre estudei na West Clare High, desde pequena. Conhecia aquelas pessoas como a mim mesma, histórias de cada um deles. Apesar da cidade grande, todos nós morávamos no mesmo bairro, frequentávamos os mesmos ambientes.

    Mas aquelas pessoas também me conheciam, minhas histórias, erros e escolhas. Quando minha mãe morreu, todos eles, quando me encontravam, diziam que sentiam muito e perguntavam como eu estava. Eu sempre dizia 'Obrigada, estou bem', mesmo que nenhuma daquelas palavras fosse verdade.

    Mentiras, assim como a preocupação deles. Não conseguiam nem esconder, mas eu entendia. Ninguém se importava realmente porque não era a vida deles que tinha virado de cabeça para baixo, não era o quebra-cabeça deles que estava faltando uma peça. Perguntavam apenas por cortesia, por educação.  

Eu estava tão perdida em meus pensamentos que nem percebo que meu pai está falando comigo.

-Aurora! Estou falando com você, não está me ouvindo?

-Não pai, estava distraída.

-Aurora, querida. Eu sei que é difícil, mas você vai se adaptar, eu sei. Eu visitei a escola e vi que é um lugar bacana, e aposto que você vai fazer vários amigos bem rápido.

-Eu sei pai. Mas eu não me importo em fazer amigos – respondo.

-Bom, vamos pegar o táxi, o moço me disse que é por ali- meu pai diz pegando um dos carrinhos.                          

***

A viagem de táxi foi longa. Eu estou contando aproximadamente uma hora dentro desse carro e estou ficando extremamente impaciente.

-Vai demorar para chegar? – pergunto.

-Não, já estamos quase lá.

   Olho pela janela e vejo casas, casas e mais casas. Nenhum prédio, mesmo que baixo, nada com mais de quatro andares, percebo. O céu está azul, apenas com algumas nuvens espalhadas. Lembro do teto do meu quarto, ou melhor, antigo quarto.

my happy ending: amor nunca foi garantia de final felizOnde histórias criam vida. Descubra agora