- CAPÍTULO 5 -

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'Um brinde, meus amigos, aos começos.'

  

  - CAMERON -

Não sei ao certo como ela sabe pular muros com tanta facilidade. Quer dizer, eu não sou nenhum sedentário. Sou o capitão do time de basquete e corro e vou à academia quase todos os dias com Chad, mas ela pula com tanta praticidade esses muros relativamente altos.

-Me diga, por favor, que você é uma agente secreta do governo, super treinada que passa seu tempo livre treinando como pular muros.

-Você só esta com inveja porque sou melhor nisso do que você. Qual é, Cam Cam, não é tão difícil assim – ela debocha.

Sorrio para ela, apoiando as mãos no topo do muro e pulando. Em seguida ela pula e vimos a rua.

-Até que em fim! – quase grito.

-Cam- escuto me chamarem. Olho em volta, percebendo que já chegamos na escola. Chad aparece do meu lado e Aurora só nos ignora e continua andando para a sala. Ela entra no prédio e a perdemos de vista.

-Vai explicar ou eu vou ter que perguntar? - Chad diz.

-Não sei do que você está falando – respondo e ele levanta uma sobrancelha.

-Ah não? Então deixa eu clarear sua mente. Por onde eu começo? Talvez por onde você foi ontem à noite, talvez por onde você dormiu, porque sua namorada me ligou, muito irritada, dizendo que você não atendia o celular nem o telefone de casa. Ou já sei, o que você estava fazendo com a menina nova, antes de conversar com sua namorada. Você perdeu a noção do perigo, cara?

-Calma, mãe. Ontem eu fui atrás dela, e ofereci acompanhar ela até em casa, porque ela resolveu que não ia entrar na festa. Aí acabamos indo no Nando's tomar milk-shake e depois ela me convidou pra ir no telhado dela, ficamos conversando até tarde e eu só acordei hoje de manhã. Aí foi a pior parte porque o pai dela apareceu quando estávamos saindo do sótão e eu tive que me esconder no armário. E se não bastasse isso, quando fomos sair da casa a Bethany estava passando na frente da casa e tivemos que sair pelos fundos, que na verdade não eram fundos, então pulamos o muro das casas do quarteirão todo até chegar em uma rua para poder chegar na escola a tempo, porque aparentemente ela não pode faltar a escola devido à um passado meio perturbado, não me pergunte o que isso significa porque eu não faço a menor ideia, e tudo isso antes das nove da manhã. Então não me julgue se minha mente está meio confusa.

-Cara. E eu achava que a minha vida era meio perturbada.

-Você nem imagina.

-E do que vocês conversaram? – Chad pergunta, mas não tenho a chance de responder. Para o meu desespero e a inconveniência de Chad, Bethany tinha chego.

-Vocês quem Cam? - ela pergunta.

Ninguém fala nada. Bethany me encara, eu olho dela para Chad, que encara o chão e tenta ao máximo não rir. Depois de um tempo, Bethany desiste.

-Anyway. Onde você foi ontem Cam?

-Eu... – Tento formular uma história. Sei que não posso falar que estava com Chad. Bethany ligou para ele e ele provavelmente disse que eu não estava lá – Eu estava andando de noite e fui para o Nando's tomar milk-shake, não estava me sentindo bem, queria tomar um pouco de ar. Quando voltei para casa não tinha ninguém mais lá.

-Então porque não atendeu o celular? Eu liguei várias vezes.

-Acabou a bateria e não achei o carregador.

-Hum. Bom, tenho que encontrar a Kiara antes da aula começar então eu já vou indo. Até depois, meninos – Bethany faz menção de me beijar, mas viro o rosto e ela me da um beijo na bochecha, o que a deixa com uma cara irritada. Ela me olha estranho, mas continua andando.

-Cara, essa foi por pouco- observa Chad.

-Nem me fale.

-Desde quando ficou tão bom em mentir?

-Desde que a Bethany começou a fazer perguntas que eu não posso, nem quero responder e isso me deixa levemente desesperado – respondo – Além disso, não foi completamente mentira, só omiti alguns detalhes que ela não pode saber.

-Claro, porque se ela soubesse desses detalhes, tais como com quem você estava, seria sua sentença final.

-Exatamente – digo, colocado o braço ao redor do obro do meu melhor amigo e rimos.  

-AURORA- 

    Entro na escola e vou direto para meu armário. Pego meus livros, incluindo o de leitura, meu fone e fecho o armário. Não consigo parar de pensar no que aconteceu. 

No que eu fui me meter?

Estou perdida em meus pensamentos enquanto ando pelos corredores. Viro em um corredor e bato em alguém, acordando de meus devaneios. Eu e a outra garota caímos no chão, derrubando os nossos livros. A garota tem cabelos castanhos escuros lisos que vão até uns dois palmos abaixo dos ombros. Seus olhos azuis são tão lindos que me dá vontade de pintá-los. Ela veste um vestido grafite escuro, meia-calça preta e all-star preto.

-Ai, desculpa – a garota diz.

-Desculpa eu – digo – estava distraída com meus pensamentos e nem vi você quando cruzei o corredor.

-Aqui - ela diz me entregando meus livros.

-Obrigada – digo, e continuamos nossos caminhos.

-Ei – escuto, após um segundo.

-Oi?

-Por acaso você sabe onde é a sala de história? Eu to meio perdida.  

-Eu tenho desenho agora, que é do lado da sala de história, então te acompanho até lá.

-Meu nome é Blake, aliás - ela se apresenta.

-Aurora – digo, sorrindo.

Conversamos até chegar na sala e explico que também sou nova.

-Chegamos - digo na porta da sala de história.

-Obrigada. Você me salvou de várias voltas na escola.

-Imagina. Eu tenho que ir para aula agora, mas conversamos depois?

-Claro.

***

    Vou para a sala e sento em uma mesa perto da janela. O tempo está bom, e o sol brilhava no céu. A janela dá para as mesas perto do refeitório e mais adiante a quadra de basquete. Eu os reconheço imediatamente.

Me pergunto se ele se meteu em encrenca com tudo que aconteceu. Eu não devia me preocupar com ninguém mais além de mim mesma, a vida me ensinou, mas essas pessoas mexem comigo. Acho incrível como a amizade de Cam e Chad parece inquebrável, como todos parecem uma família. Eu, no final das contas, sempre tive a mim mesma.

-Senhorita Jones!

   Sou acordada de meu devaneio pela professora de desenho que me encara, assim como o resto da sala.

-Aurora, preste mais atenção no que está dentro da sala e menos no que está fora.

-Desculpe – respondo.

-Primeiro, – continua a professora, olhando para a sala toda - vou passar uma lista com pesquisas que deverão ser feitas para próxima aula, depois vou passar o exercício de hoje, que também deverá ser entregue aula que vem...

   Eu não conseguia me segurar, quero, preciso olhar pela janela.

my happy ending: amor nunca foi garantia de final felizOnde histórias criam vida. Descubra agora