- CAPÍTULO 3 -

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"as melhores coisas acontecem

por acaso."

-Procurando Dori.


-AURORA-


    Sonhos com jardins, casas assustadoras e luzes misteriosas assombraram os meus sonhos. Quando levanto, visto minhas pantufas, um roupão e desço para a cozinha. Chá de hortelã é meu favorito, e quando chego na cozinha meu pai já estava fazendo. Na mesa tem torrada, creme de avelã e mel.

Ugh, mel.

-Então? O que pretende fazer hoje?

-Comprar material e arrumar minhas coisas, ainda tenho algumas caixas pra desfazer. E você?

-Bom, vou ter que passar no lugar onde a clínica vai ficar e arrumar mais algumas coisas do trabalho.

-Achei que já era para estar tudo arrumado quando mudássemos para cá.

-Eu também, mas parece que tem algumas coisas faltando.

-Hum – respondo. Eu não consigo tirar os eventos da outra noite da cabeça, aquela luz tão, tão... familiar de um certo modo. Aquilo tudo foi real mesmo? Será que alguém me viu? Bom, se alguém me viu essa é a última das minhas preocupações.  E se eu estiver ficando louca? E se aquilo foi real, o que era aquela luz? Ela parecia me chamar.

-Aurora?!

-Oi?

-Presta atenção – meu pai diz, apontando para o prato na minha frente, que está com a torrada dentro do chá.

-Opa.

-Você anda muito distraída. Olha, eu sei que tem sido difícil e as aulas estão chegando e tudo mais, mas você tem que prestar mais atenção nas coisas. Vai ficar tudo bem, querida.

-Ta. Eu vou pra o meu quarto.

***

    A semana passou tão rápido que eu quase não percebi. Foram caixas e mais caixas esvaziadas, muitas horas no telhado e no quintal e nenhuma aparição da luz misteriosa. Todos os dias eu vou ao jardim -na mesma hora da primeira noite- ver se encontro a luz, mas a cada noite que passa sem nada acontecer me pergunto mais e mais se aquilo realmente aconteceu. 

não, eu não sou louca, eu vi. Eu vi. E eu vou ver outra vez.

-AURORAA!!!

-JA VOU- eu não estou nem perto de estar atrasada, mas meu pai não sai do meu pé, insistindo que eu chegue antes.

    Desço as escadas e vou para a cozinha onde ele está, com uma caneca de chá sobre o balcão.

-Nossa.

-O que?

-Você vai assim?

-Vou, algum problema? - vesti uma calca jeans preta uma blusa cinza, um moletom preto e tênis branco e preto.

-Não, nenhum, só estranhei. Nada de saltos, saias e vestidos. E cores.

    Não posso nem culpá-lo, esse estilo não é nada 'eu'. Na verdade, acho que nunca usei uma roupa assim. Algo que não fosse de marca, caro e não chamasse atenção. Comprei quase um guarda-roupa inteiro antes de sair de Clare, tudo para me afastar o máximo possível do meu passado.

-Pai...

-Ta bom, tudo bem, eu entendi – ele espera uma resposta ou comentário, que acaba não ganhando, então acrescenta – Bom, vamos?

my happy ending: amor nunca foi garantia de final felizOnde histórias criam vida. Descubra agora