O calor estava envolvendo meu corpo.
Me virei nos lençóis.
Ou melhor, tentei me virar, pois parecia que meu corpo pesava uma tonelada.
Abri os olhos devagar.
E senti algo apertar minha mão.
- Libby? - A voz de Annabelle soou em cima de mim. - Naveen, ela acordou!
Minha cabeça também parecia pesar uma tonelada.
- Estou bem. - Sussurrei para uma irmã quase desesperada.
Naveen entrou em meu campo de visão.
E... Ele estava chorando?
Meu marido substituiu minha irmã ao lado da cama, seus olhos estavam vermelhos, e eu senti minha pele ficar molhada quando ele beijou meus dedos.
- Meu amor, meu amor, meu amor.... - Ele murmurava, como em uma oração. - Você me assustou tanto...
Engoli, minha garganta estava seca.
- Me....Desculpe.
Sua testa se franziu.
- Como pode fazer uma coisa tão imprudente? - Sua mão apertou meu braço. - Como acha que eu me senti quando olhei para trás e vi você caindo, desacordada?
Acho que ele tentou soar bravo, mas sua voz parecia desesperada.
- Achei que tinha perdido você também... eu...
- Não grite com ela. - Minha irmã interveio. - Agora não é a hora.
- Eu não estou gritando! - Sua voz continuava alta. - Eu estou assustado.
Seus olhos de chocolate estavam fixados nos meus, pareciam tristes.
- Você me assustou tanto, meu amor...
Me forcei a levantar a mão e tocar seu rosto.
- Eu sinto...muito.
Ele balançou a cabeça em silêncio, como se dissesse que não me perdoava.
Naveen se inclinou para mim, para meu braço, e beijou delicadamente onde os furos haviam deixado marcas em muitos tons de roxo e verde, onde os vasos haviam estourado.
- Não faça isso de novo. - Murmurou baixinho.
- Não vou. - Prometi. Mesmo sabendo que faria, se fosse necessário.
Por um instante me deixei permanecer naquele casulo confortável, sem me importar com a quantidade de pessoas que pareciam nos observar.
- Como...Como ela está? - Perguntei, depois de alguns minutos.
Isso pareceu desperta-lo.
- Ainda não acordou, mas está respirando.
Me afastei devagar dele.
- A bebê...
Annabelle me ajudou a sentar.
- Está mamando, vê?
Uma ama de leite, estava com a pequena filha de Dabilla, e eu senti vontade de chorar... se a mãe daquela linda menininha morresse, a culpa seria minha.
Sarina me trouxe um copo de água, e eu bebi, sentindo como se minha garganta estivesse rasgando.
- Preciso ver Dabilla. - Pedi baixinho
Levantei devagar, ainda estava me sentindo um pouco fraca, mas eu ficaria bem, mesmo tirando aquela quantidade de sangue.
Mas Dabilla...mesmo com a transfusão, ela poderia não sobreviver, ela poderia...nunca acordar, o corpo começar a morrer aos poucos.

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Acima de tudo
RomanceQuando Libby Thompson perde a irmã mais velha, a mãe e a reputação da família, ela se vê obrigada a trabalhar como enfermeira para conseguir colocar comida na mesa, mas o destino tem um senso de humor amargo,e faz com que a mais nova da família Thom...